Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Mais um jornalista desaparecido

O jornalista mexicano Evaristo Ortega Zárate tornou-se o 11º profissional de imprensa a desaparecer no país desde 2004. Editor do semanário Espacio in Colipa, no estado de Veracruz, Zárate enviou mensagens de celular para sua irmã, Irene, em 20/4, afirmando que acabara de ser preso pela polícia quando viajava para a cidade de Xalapa, capital do estado. ‘Alerte todos. Eles nos prenderam. Nos fizeram entrar num carro da polícia’, escreveu o jornalista na última mensagem recebida por Irene. Desde então, não se sabe o paradeiro de Zárate. A polícia local nega qualquer envolvimento no caso.

O editor havia anunciado seu desejo de concorrer ao cargo de prefeito de Colipa pelo partido do presidente Felipe Calderón, o Partido da Ação Nacional (PAN), e foi visto em um escritório do partido minutos antes de enviar a primeira mensagem à irmã. Outro membro do PAN que também pretendia se candidatar na cidade, desapareceu no mesmo dia.

Ambiente de risco

Zárate é o segundo jornalista a desaparecer no México em menos de um mês. Cinco profissionais de imprensa foram assassinados desde o início do ano, de um total de 62 mortos desde 2000. Junto com Honduras, o México é considerado o mais perigoso país do continente americano para a prática jornalística. Segundo dados de organizações em defesa dos direitos humanos e da liberdade de expressão, autoridades do país seriam responsáveis por pelo menos 65% dos assassinatos e ataques a jornalistas mexicanos e veículos de imprensa.

A organização Repórteres Sem Fronteiras [23/4/10] criticou a presidente da Comissão Estatal de Direitos Humanos, Nohemí Quirasco, por minimizar o caso de Zárate. Ressaltando que desconhecia o fato de ele ser jornalista, ela descartou qualquer possibilidade de que o desaparecimento tenha ligação com seu trabalho como editor. Nohemí também descreveu Zárate como um ‘total desconhecido’. Para a organização, ela ‘deve explicar seus comentários infelizes’. ‘Uma pessoa pouco conhecida não tem importância¿’, questionou a RSF.