Mais um profissional de imprensa morto no México. Foi encontrado na terça-feira, 26, na cidade de Veracruz, o corpo de Yolanda Ordaz de la Cruz, repórter policial e colunista do jornal Notiver. Desde 2000, pelo menos 77 jornalistas foram mortos no país e, desde 2003, 23 estão desaparecidos. Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras [27/7/11], nos sete primeiros meses de 2011 sete jornalistas foram assassinados e o paradeiro de um oitavo é desconhecido. Em dois dos casos, havia relação comprovada do crime com o trabalho da vítima.
Yolanda foi a terceira jornalista morta este ano em Veracruz, tornando o local o mais letal para profissionais de imprensa. Os outros dois eram Miguel Ángel López Velasco, editor do Notiver, assassinado junto com sua mulher e seu filho – que era fotógrafo do jornal – em casa; e o colunista do jornal La Verdad de Jáltipan Noel López Olguín, que cobria temas como corrupção e segurança pública, desaparecido em março. O corpo de Noel foi encontrado em junho.
“No caso de Yolanda, assim como na maior parte dos anteriores que continuam sem punição, estamos ultrajados com o modo como autoridades locais descartaram qualquer relação com o trabalho da vítima como jornalista e encorajaram rumores desagradáveis sobre ela, mesmo antes de começarem a investigar o caso”, declarou a RSF. “Uma ligação com o crime organizado obviamente não pode ser excluída em um estado atormentado por três gangues – Zetas, Cartel do Golfo e La Família de Michoacán”.
Segundo a organização, os crimes geram um clima constante de autocensura e medo, e há uma necessidade urgente de mecanismos para proteger jornalistas. Um acordo de segurança federal assinado em novembro ainda não foi implementado. Yolanda é a quarta jornalista mulher morta no México na última década. Uma quinta, Maria Esther Aguilar Cansimbe, está desaparecida desde 2009.
Retaliação e impunidade
Yolanda foi encontrada com a garganta cortada perto dos escritórios de outra publicação, Imagen del Golfo, 48 horas após seu sequestro, no dia 24/7. Uma mensagem escrita, que dizia “Amigos também traem. Sinceramente, Carranza”, estava ao lado do corpo. Juan Carranza Saavedra foi identificado pela promotoria do Estado como a pessoa que assassinou Miguel Ángel López Velasco e sua família em junho. Dias antes de seu assassinato, o jornalista teria tido uma discussão calorosa com o sobrinho do governador Javier Duarte sobre uma informação publicada no Notiver. Na manhã do crime, foi publicada uma coluna de López Velasco na qual ele questionava a reputação de dois candidatos ao cargo de chefe policial do trânsito na cidade de Veracruz.