Depois de mais de uma semana de violentos protestos, manifestantes gregos invadiram estúdios de rádio e TV, na terça-feira (16/12), forçando a transmissão de mensagens contra o governo. Cerca de 10 jovens entraram no estúdio da emissora estatal NET e tiraram do ar um discurso do primeiro-ministro, Costas Karamanlis. No lugar, colocaram cartazes que diziam ‘Parem de assistir, vão para as ruas’ e ‘Libertem todos os que foram presos’. ‘Isto passou dos limites’, queixou-se o presidente da emissora, Christos Panagopoulos, lembrando que os manifestantes pareciam saber como operar as câmeras e controles do estúdio.
Na cidade de Thessaloniki, os manifestantes invadiram três estações de rádio e só concordaram em deixar os prédios quando uma mensagem de protesto foi lida no ar. A mudança de tática ocorreu depois de dois dias de calmaria, e trouxe junto mais ataques violentos. Em Atenas, uma delegacia foi atacada por cerca de 30 jovens, que arremessaram bombas e pedras, danificando sete carros e um ônibus da polícia. Em outras cidades, centenas de jovens voltaram a entrar em confronto com policiais.
Adolescente morto
Os distúrbios tiveram início depois que um policial matou a tiros o estudante Alexandros Grigoropoulos, de 15 anos, em 6/12. Os protestos contra a brutalidade policial e contra o governo já levaram à prisão de 300 pessoas e deixaram centenas de lojas destruídas e saqueadas. Os comerciantes estimam que o prejuízo chegue a US$ 2 bilhões. Centenas de escolas e universidades foram invadidas pelos jovens e tiveram as aulas interrompidas, segundo o Ministério da Educação.
Para piorar a situação, a oposição socialista aproveita o momento para acusar o governo de Karamanlis de não saber lidar com a crise. ‘Os gregos estão perdendo a paciência. Seus salários estão acabando antes do fim do mês, ao mesmo tempo em que vêem o Estado entrar em colapso’, afirmou o porta-voz do partido socialista, Giorgos Papaconstantinou. O premiê, por sua vez, insiste que o governo agiu de maneira ‘calma e responsável’ ao lidar com os protestos, mas admite que a população está frustrada. ‘É claro que há questões maiores. As pessoas experimentam a perda dos valores, enfrentam a corrupção em seu cotidiano, e têm uma sensação de injustiça social’, afirma. Informações de Derek Gatopoulos [AP, 16/12/08].