O território é proibido, e a chance de hostilidade é grande. Ainda assim, o grupo Kif-Kif, única organização em defesa dos direitos dos homossexuais no Marrocos, decidiu lançar uma revista voltada a temas gays. A primeira edição da Mithly – que em árabe quer dizer ‘o mesmo que eu’ – foi lançada no mês passado com tiragem de apenas 200 exemplares. A distribuição foi feita de maneira ‘informal’, já que a publicação nunca conseguiria uma licença do governo.
A primeira revista tratou de temas como a controvérsia sobre a participação do cantor Elton John em um festival no país, uma pesquisa sobre suicídio entre gays marroquinos e um livro de um transexual argelino. Para Samir Bargachi, coordenador do Kif-Kif, a Mithly tem o potencial de reduzir o estigma de ser gay no país. ‘Existe um debate sobre homossexualidade no Marrocos, mas a mídia tradicional tende a sensacionalizar o tema. Com a Mithly, temos a oportunidade de expressar o ponto de vista dos gays e de interagir diretamente com a nossa sociedade’, diz.
No mundo árabe, a homossexualidade é tabu. A lei marroquina pune ‘atos não naturais ou lascivos com indivíduos do mesmo sexo’ com sentenças de prisão de até três anos e multa. Os proprietários da Mithly vêem seu lançamento como um sinal de progresso no país. Informações de David Smith [The Guardian, 20/5/10].