O médico francês Jean-Michel Dubernard, que participou da equipe responsável pelo primeiro transplante parcial de rosto feito no mundo, classificou como ‘detestável’ a cobertura de parte da imprensa sobre o assunto e afirmou que ela pode trazer efeitos negativos para a paciente.
A cirurgia foi feita em 27/11, na França, em uma mulher de 38 anos que teve parte de seu rosto destruída por uma mordida de cachorro. Em declaração publicada pelo Le Monde, Dubernard disse que a paciente estava se recuperando bem depois de receber um novo nariz, lábios e queixo. Ele criticou, entretanto, a imprensa por tentar obter fotografias e detalhes da mulher, que não teve sua identidade oficialmente revelada, e por divulgar informações confidenciais.
‘Parte da mídia teve realmente uma atitude detestável’, afirmou. ‘Eu sinto muito por todos estes vazamentos e esta ‘midiatização’, que está acontecendo rápido demais. Eu estou preocupado com as possíveis conseqüências que isso venha a ter em nossa paciente’. Dubernard não especificou quais seriam estas conseqüências.
Ele disse que alguns jornais publicaram matérias com informações erradas sobre a mulher e sobre a doadora com morte cerebral e outros ainda revelaram suas identidades. No caso da doadora, afirmou o médico, estes jornais violaram a lei francesa.
Algumas publicações chegaram a sugerir que a paciente teria tomado uma overdose de remédios para dormir e que a doadora teria tentado cometer suicídio. Os médicos negaram estas suposições, dizendo que a mulher foi atacada por seu cachorro quando chegava em casa tarde da noite. Segundo eles, ela estava sonolenta por ter tomado um calmante depois de uma briga com a filha. Dubernard afirmou que a paciente, que recebeu tecido, músculos, artérias e veias, poderá deixar o hospital de quatro a seis semanas. Informações da Reuters [5/12/05].