Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Memória do primeiro biênio

Criado em fins de 1993, como órgão integrante da estrutura do Nudecri – Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade, o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) resultou do diálogo promovido pelo então reitor da Unicamp, Carlos Vogt, entre a comunidade universitária e a corporação profissional dos jornalistas. O Laboratório foi apresentado publicamente à sociedade em abril de 1994, através do seminário-fundador ‘A Imprensa em Questão’, quando se fez um amplo diagnóstico dos desafios enfrentados pela mídia jornalística no panorama contemporâneo das transformações sócio-culturais, político-econômicas e científico-tecnológicas. Esse evento, patrocinado pela IBM, forneceu a pauta das iniciativas pioneiras.

Explorando fronteiras

Durante o ano de 1994 foram realizados seminários-pilotos,com a intenção de explorar áreas-fronteira entre o jornalismo e a universidade, propiciando a interação crítica de jornalistas e cientistas/artistas. Três campos mereceram atenção prioritária: Saúde, Esportes e Cultura. Tais eventos, coordenados respectivamente pelos professores Renato Sabatini, João Tojal e Lúcia Nagib, cumpriram a função de estocar informações e experiências para os primeiros projetos de formação profissional de jornalistas, em nível pós-graduado.

Abriu-se ainda uma frente de trabalho destinada a contribuir para a melhoria da qualidade do ensino de jornalismo. O seminário nacional de atualização pedagógica para professores dos cursos de jornalismo, realizado em Campinas, reuniu duas dezenas de jovens docentes de universidades de todo o país, capacitando-os para a adoção de novas estratégias no treinamento dos futuros jornalistas brasileiros.

Lusofonia

No final do ano, consolidou-se a primeira parceria internacional: o Labjor e o Observatório da Imprensa de Lisboa, uniram-se, com o apoio da revista Imprensa, dos Ministérios da Cultura e das relações Exteriores, bem como de um pool de entidades empresariais e sindicais, capitaneadas pela ANJ – Associação Nacional de Jornais e pela Fenaj – Federação Nacional dos Jornalistas para promover no Rio de Janeiro o II Congresso Internacional de Jornalismo de Língua Portuguesa. O encontro aglutinou cerca de 200 jornalistas dos sete países de língua oficial portuguesa, além de representante do governo de Timor Leste e membros da corporação jornalística nas comunidades de imigração luso-afro-barsileira residentes no Japão, Canadá e EUA.

Diálogo interdisciplinar

No transcorrer de 1995, prosseguiram as experiências interdisciplinares. Os campos de aproximação escolhidos foram: Sindicalismo, Informática, Cinema, Literatura e História. Em convênio com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, realizou-se o primeiro seminário de atualização profissional para jornalistas sindicais. Durante um semestre, o auditório Wladimir Herzog do Sindicato dos Jornalistas, na cidade de S. Paulo, transformou-se em campus avançado da Unicamp, no qual atuou uma equipe mista do Nudecri/Labjor e do Instituto de Economia/Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho. Em parceria com a University of Columbia, IBM, Folha de S.Paulo, Editora Abril e Sindicato dos Jornalistas promoveu-se um ciclo de conferências e workshps do professor norte-americano Steven Ross, que também interagiu com os estudantes de jornalismo da Puccamp e da Oboré (Projeto Repórter 2000).

Através de um consórcio interinstitucional – Fundação Cinemateca Brasileira, Cinemateca do Museu de Arte do Rio de Janeiro, British Film Institute, Instituto Goethe, Folha de S.Paulo e Editora da Unicamp – o Labjor associou-se às comemorações do centenário da indústria cinematográfica, realizando em São Paulo e no Rio de Janeiro a Mostra ‘Jornalismo no Cinema’. Nessa ocasião, foram exibidas 28 películas que tomam a imprensa e os seus repórteres como tema de ficção cinematográfica ou o cinema como fato jornalístico. Para marcar o acontecimento, realizou-se um debate público sobre as relações entre jornalismo e cinema, no auditório da Folha de S.Paulo. Em cooperação com a Faculdade de Educação Física, e recebendo patrocínio do Ministério da Educação e do Desporto, foi realizado um curso de extensão sobre Jornalismo Esportivo, com a finalidade de experimentar formas de interação de profissionais do jornalismo com os das ciências dos esportes.

Em busca do Outro

Culminando as atividades dentro do campus, o Labjor associou-se ao IEL – Instituto de Estudos da Linguagem para desenvolver em Campinas um projeto sui generis de pós-graduação. Esse curso semestral, sob o título ‘Em busca do Outro’, foi ministrado pelos professores Carlos Vogt, Eni Orlandi, Marisa Lajolo, Ítalo Tronca, Alberto Dines, José Marques de Melo e Mauro Malin. Destinou-se a sistematizar o diálogo entre o jornalismo e três disciplinas acadêmicas, Lingüística, literatura e História, tecendo conexões entre gêneros transdisciplinares: Biografia, Memória e Diálogo. A inovação desta experiência residiu num ensaio dentro do ciberespaço: os atores do processo navegaram nas ondas da internet, fincando os marcos da sua tentativa de interlocução interdisciplinar.

 Consultorias e divulgação

Destacam-se ainda no biênio 94/95 os trabalhos de consultoria prestados às seguintes instituições: Banco do Brasil – organização de workshops de atualização profissional para jornalistas, a primeira realizada em Brasília (1994), a segunda no Rio de Janeiro (1995); Universidade de Mogi das Cruzes – participação no ‘Projeto Qualidade’, destinado a modernizar as estratégias pedagógicas do curso de graduação em jornalismo; Centro de Memória da Unicamp – diagnóstico e reformulação editorial da revista Resgate.

O Labjor esteve representado em vários fóruns nacionais das comunidades acadêmica e profissional do jornalismo; seminário ‘O Papel do Jornal’ – ANJ / Fenaj (Brasília, 1994); Congressos Brasileiros de Ciências da Comunicação – Intercom (Piracicaba, 1994; Aracaju, 1995); Seminário Internacional de Telejornalismo – Revista Imprensa (Porto Alegre, 1995); Seminário para Assessores de Imprensa das Instituições de Ensino superior – MEC (São Paulo, 1995).

Finalmente, cabe registrar a produção do programa semanal de televisão Brasil Pensa, veiculado integralmente pela Rede Cultura e sumarizado semanalmente pelo jornal O Estado de S.Paulo. O programa, ancorado pelo professor Luciano Coutinho, é resultado de uma parceria entre as três universidades estaduais paulistas – Unicamp, USP e Unesp –, fomentada pelo Uniemp – Fórum Universidade-Empresa, com financiamento das agências Fapesp, Finep, CNPq e das empresas Rhodia e Microsoft, entre outras.