Domingo, 30 de março de 2025 ISSN 1519-7670 - Ano 2025 - nº 1331

Mesmo para islâmicos, terror passou dos limites

Um incomum sentido de autocrítica surgiu em diversos veículos de comunicação árabes após o desfecho desastroso do seqüestro de uma escola no sul da Rússia, na qual terroristas árabes também teriam colaborado. As imagens de crianças mortas e feridas tiveram muito destaque na televisão e nos jornais da região.

‘Nossos filhos terroristas são um produto final de nossa cultura corrompida’, escreveu em sua coluna no jornal pan-arábico Asharq Al-Awsat o gerente-geral da rede de notícias Al Arabiya, Abdulrahman al-Rashed. O texto era intitulado: ‘A dolorosa verdade: todos os terroristas do mundo são muçulmanos!’. ‘A maioria dos perpetradores de operações suicidas em ônibus, escolas e prédios residenciais ao redor do mundo nos últimos 10 anos é muçulmana’ escreve. ‘É um quadro humilhante, doloroso e cruel para todos nós’.

Em coluna no jornal oficial egípcio Al Ahram, Ahmed Bahgat afirmou que ações como a que aconteceu na Rússia ou que têm ocorrido no Iraque só servem para causar dano ao Islã. ‘Se todos os inimigos do Islã se juntassem para prejudicá-lo, não teriam arruinado e danificado mais sua imagem que o fizeram os filhos do Islã, com sua estupidez, erros de cálculo e falta de compreensão da natureza desta era’.

Editorial no jornal saudita em língua inglesa Arab News colocou parte da culpa pelo grande número de mortos no seqüestro da escola russa na necessidade do presidente Valdimir Putin de mostrar que é um ‘homem duro’. No entanto, acrescentou que os chechenos, ‘com a escolha de seus alvos, se colocaram numa posição em que ninguém deixaria rolar lágrimas quando fossem punidos’.

Alguns grupos radicais que costumam louvar em sítios de internet os atos terroristas praticados por muçulmanos apoiaram o ataque dos rebeldes chechenos. Mas não foram todos: as Brigadas Istambouli, por exemplo, mesmo sem criticar a ação, declararam não ter qualquer relação com o grupo que invadiu a escola em Beslan. As informações são da AP [4/9/04].