Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Microsoft abre ação contra o Google por concorrência desleal


O Estado de S. Paulo, 1/04


Microsoft entra com ação contra o Google por concorrência desleal


A gigante Microsoft intensificou ainda mais sua rivalidade com o Google ao apresentar uma queixa às autoridades antitruste da União Europeia alegando que o grupo de buscas prejudica sistematicamente os mecanismos de concorrentes na internet. É a primeira vez que a Microsoft – também objeto de processos antitruste na Europa e nos Estados Unidos – faz uma queixa às autoridades regulatórias por motivos de competição.


No documento apresentado ontem, a Microsoft alega que o Google mostra um ‘padrão de operações’ que bloqueia deslealmente a concorrência.


Para o chefe da área de antitruste da empresa Clifford Chance, Thomas Vinje, a abertura do processo consiste em uma das ‘grandes ironias’ na história desse tipo de disputa. Vinje foi o responsável pelo grupo que conseguiu que a União Europeia cobrasse multas da Microsoft por práticas que feriam a livre concorrência.


Para fontes do mercado de tecnologia, por trás da ação da Microsoft está, além da supremacia do Google na área de buscas na internet, a perda de uma fatia significativa do mercado de computadores pessoais para a concorrente Apple.


Mercado em disputa. O Google tem mais de 90% do mercado de publicidade vinculada a buscas na Europa, enquanto o Bing, da Microsoft, enfrenta dificuldades para crescer. O Google já vinha sendo investigado pela Comissão Europeia por causa de queixas de três pequenas empresas, uma delas controlada pela Microsoft.


O Google não rebateu publicamente as alegações da Microsoft, mas demonstrou não estar excessivamente preocupado com a queixa. ‘Não nos surpreende que a Microsoft tenha agido assim, já que uma de suas subsidiárias era um dos queixosos originais,’ disse Al Verney, porta-voz do Google. ‘De nossa parte, continuamos a discutir o caso com a Comissão Europeia e é uma satisfação explicar a qualquer interessado como funciona o nosso negócio’, acrescentou.


A Comissão Europeia afirmou que estudará as alegações da Microsoft. ‘A Comissão recebeu a queixa e, de acordo com seus procedimentos, informará o Google e solicitará a posição da companhia quanto às alegações. Não prestaremos outras informações no momento’, afirmou Amelia Torres, porta-voz da Comissão, em comunicado enviado por e-mail.


A queixa da Microsoft tornará mais importante a atual investigação da Comissão sobre o Google, segundo Christopher Thomas, advogado do escritório Hogan Lovells.


‘A presença da Microsoft como queixosa formal faz diferença. As três outras empresas são menores e não possuem os recursos e determinação da Microsoft’, disse. / REUTERS


PARA LEMBRAR


Embora esteja hoje do outro lado, a Microsoft já foi punida repetidas vezes pela Comissão Europeia por práticas que feriam a livre concorrência. Em 2008, a comissão determinou multa de quase 900 milhões por ações prejudiciais no setor de tecnologia. A punição só veio porque a companhia, mesmo após ter sido multada em 497 milhões em 2004, não abandonou práticas que prejudicavam a atuação de outras empresas, como dificultar a compatibilidade de programas como o Office e incluir ilegalmente o navegador Explorer no sistema Windows.