Ciudad Juarez é a cidade que abriga o maior cartel de narcotráfico do México. Situada na fronteira com os EUA, atrai mexicanos de todas as partes que aspiram emigrar ilegalmente ao país vizinho ou trabalhar numa das diversas maquiladoras – ‘montadoras’ de produtos para o mercado americano que se beneficiam dos baixos salários locais – existentes ali.
Como mostra John Hecht, da Reuters [4/8/04], graças à mídia, outro problema grave da cidade chegou aos olhos do mundo. Na última década, cerca de 340 mulheres foram brutalmente assassinadas na região e somente há pouco a polícia começou a fazer algumas prisões. Alguns dos crimes são atribuídos a traficantes, outros a assassinos seriais ou simplesmente à violência doméstica. Alguns casos incluem seqüestro e violência sexual. A maioria permanece sem solução.
Ativistas alarmados com a situação fizeram barulho para que a imprensa desse atenção ao drama das mulheres de Ciudad Juarez. O assunto ganhou espaço na TV dentro e fora do México. A britânica BBC, a canadense CBC e as americanas CNN e CBS fizeram reportagens. Na PBS, a televisão pública dos EUA, foi exibido o documentário Señorita Extraviada, de Lourdes Portillo. Distribuído pela companhia nova-iorquina Women Make Movies (mulheres fazem filmes), passou também no canal pago espanhol Documania.
Na televisão mexicana, a história, além de documentário, virou ficção e música do grupo Los Tigres del Norte. A TV Azteca, segunda maior do país, produziu uma série dramática a respeito, Tan Infinito como el Desierto, que alguns críticos consideraram sensacionalista.
Em agosto, a emissora pública Canal 11 deve exibir um documentário que reproduz o que tem acontecido em Ciudad Juarez. Te Digo un Secreto é dirigido por Cristina Michaus, que há cinco anos participa de projetos que denunciam a violência na cidade fronteiriça. Ela já recebeu ameaças de morte e teve seu equipamento roubado quando dirigia outro documentário – Juarez, un desierto de esperanza.
Nos EUA, o diretor Kevin James Dobson está rodando um filme ficcional sobre Juarez, estrelando Minnie Driver. Os assassinatos ali estão tão em evidência que em fevereiro houve uma passeata contra eles que contou com a presença de celebridades americanas como Jane Fonda e Sally Field. ‘Sou rica, sou famosa, sou branca, tenho uma filha e tenho uma neta. E sei que se elas morressem ou desaparecessem, as autoridades dariam muito duro para descobrir quem as matou ou seqüestrou’, discursou Jane.