Saturday, 21 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Mídia egípcia critica derrota de ministro à direção do órgão

A imprensa egípcia criticou a derrota do ministro da Cultura Farouq Hosni ao cargo de diretor-geral da UNESCO, agência da ONU para Educação, Ciência e Cultura, alegando que se tratou de um ‘choque de civilizações’. Hosni recebeu 27 votos e perdeu a disputa para a diplomata búlgara Irina Bokova, que teve 31 votos. A candidatura do ministro egípcio era considerada polêmica, já que muitos críticos o acusam de ser um dos maiores responsáveis por ações de censura no Egito; ele está no cargo há 22 anos. ‘Um choque de civilizações determina a luta da UNESCO. O lobby americano, europeu e judeu derrotou Hosni’, declarou a manchete do diário independente al-Masry al-Youm.


A disputa pelo posto culminou com uma derrota vergonhosa não apenas para Hosni, mas para o Egito, que usou a campanha do ministro para fazer propaganda da riqueza cultural da maior nação árabe. O governo egípcio esperava que a eleição de Hosni como o primeiro árabe a liderar o órgão servisse como um sinal positivo do Ocidente ao mundo muçulmano. No entanto, a campanha encontrou forte oposição nos EUA e na França, assim como de Elie Wiesel, vencedor do Nobel e sobrevivente de Auschwitz, que alegou que a vitória de Hosni seria uma vergonha para a comunidade global. ‘O candidato egípcio e árabe para o cargo foi sujeito a uma feroz campanha liderada pela administração americana, sob pressão dos judeus’, escreveu o semanário de oposição al-Ahrar. Outros jornais alegaram que a derrota refletiu sentimentos judeus. ‘A eleição mostrou que o Ocidente fica contra outros, com base na religião, em momentos críticos’, disse o diário Rose al-Youssef.


Em diversos momentos de sua extensa carreira política, Hosni recebeu acusações de promoção do anti-semitismo. Em 2008, por exemplo, declarou no parlamento que ‘queimaria livros de Israel se encontrasse algum nas bibliotecas do país’. Posteriormente, insistiu que seu comentário foi reproduzido fora de contexto. O Brasil foi um dos poucos países que apoiaram a candidatura de Hosni. Informações de Jailan Zayan [AFP, 23/9/09].