Monday, 04 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Mídia independente sofre com repressão no Sudão

O governo do Sudão deu início a mais uma onda de repressão à imprensa independente do país, atacando jornalistas e jornais com métodos legais, mas questionáveis, para impedir a publicação de notícias não controladas ou aprovadas por ele.

De acordo com informações do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova York, repórteres e publicações independentes viraram alvos de acusações criminais, processos legais e confiscação de cópias.

A organização dá como exemplo o caso do editor Abu Zir al-Amin, do diário de oposição suspenso Rai al-Shaab, preso desde maio de 2010 e que deveria ser libertado esta semana. As autoridades informaram, no entanto, que ele não será libertado na data marcada, e terá que passar por mais investigações.

Al-Amin foi preso com outros dois jornalistas por noticiar que membros da guarda revolucionária do Irã haviam montado uma fábrica de armas em Cartum, no Sudão, para fornecer armas aos militantes do Hamas e aos insurgentes islâmicos da Somália. O editor foi acusado de “minar a constituição”, “terrorismo e espionagem”, “publicar notícias falsas”, “minar o prestígio do Estado” e “incitar revolta contra as autoridades”. Ele foi condenado a cinco anos de prisão, mas a pena foi diminuída para um ano por um tribunal de apelações.

No início de junho, o CPJ divulgou o caso de 10 jornalistas que enfrentam acusações criminais com motivação política no país, por terem reportado as alegações de uma jovem ativista, que diz ter sido estuprada e torturada sob custódia policial após uma manifestação no início do ano. “Em vez de abordar as falhas sistemáticas que permitem casos de tortura e estupro, o governo sudanês optou por abrir processos legais com motivação política contra os jornalistas que cobrem estes casos”, afirmou na ocasião Mohamed Abdel Dayem, coordenador do programa do CPJ para o Oriente Médio e Norte da África. “O problema”, ressaltou ele, não é a cobertura jornalítica, e sim “o estupro e a tortura sob custódia do governo e uma cultura política que tolera atos como estes”.

Mais informações do site do CPJ.