Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mídia pressiona autoridades árabes

Nos dias seguintes à tsunami que trouxe destruição sem precedentes a países com considerável população muçulmana, como a Indonésia, líderes de outras nações islâmicas não acenaram com muito apoio. No entanto, graças à mídia desses países, autoridades se sentiram constrangidas e resolveram aumentar a ajuda, segundo reportagem de Marc Lynch, do Christian Science Monitor [31/1/05].

A imprensa ocidental não falou muito a respeito, mas uma das publicações mais antiamericanas do Oriente Médio, o jornal palestino Al Quds al Arabi, sediado em Londres, deplorou a reação dos países árabes frente ao sofrimento dos irmãos muçulmanos, classificando-a de ‘humilhante’. A monarquia saudita, por suas doações inexpressivas, foi atacada em diversos artigos no Al Hayat, outro diário árabe editado na capital britânica. Os canais de TV al-Jazira e al-Arabiya também deram ênfase ao desastre, e o resultado na Arábia Saudita foi uma espécie de Teleton, que arrecadou mais de US$ 82 milhões, em que os membros da família real fizeram questão de ostentar suas polpudas contribuições.

Lynch nota que o papel da imprensa na mudança de postura da liderança árabe foi revolucionário. Geralmente, as autoridades dos países da região não estão acostumadas a reagir a pressões da mídia, porque, quando ela desagrada, basta silenciá-la. No entanto, não é possível fazer isso com emissoras transmitidas por satélite ou com jornais editados na Europa. A existência de meios de comunicação que podem reorientar o comportamento de políticos cria um cenário novo no Oriente Médio. E não foram apenas as autoridades dos países islâmicos que se tornaram alvo de críticas dos colunistas: questionou-se também que ajuda ofereceu Osama bin Laden às vítimas da tsunami, já que ele se declara defensor dos muçulmanos.