A BBC usa um ‘padrão rude e dúbio com o Estado judeu’ que beira o anti-semitismo, na opinião do ministro israelense (atualmente sem pasta) Natan Sharansky, emitida em uma carta enviada ao editor da BBC Mundo, Jonathan Baker, no dia 30/3/04. Sua crítica foi motivada pela cobertura feita pela BBC à prisão de um menino-bomba de 16 anos pela Força de Defesa de Israel, na semana retrasada. Sharansky alega que, comparada a outras organizações noticiosas internacionais, que ressaltaram o fato de os palestinos terem usado uma criança para a prática do terrorismo, a BBC deu o evento como ‘manipulação cínica feita por Israel com um jovem palestino para fins propagandísticos’. ‘Apenas uma total identificação com objetivos e métodos de grupos terroristas palestinos poderia levar um repórter a desenhar Israel sob luz tão sombria em vez de enfocar no menino-bomba e na organização que o recrutou’.
Segundo Hilary Leila Krieger [The Jerusalem Post, 31/3/04], que teve acesso à carta, Sharansky afirma que a BBC ‘não apenas deu nova cara ao jornalismo tendencioso, como também levantou preocupações quanto a uma tendência ao anti-semitismo’.
Na semana retrasada, soldados do posto de controle de Hawara, na Cisjordânia, descobriram que o garoto palestino, Hassam Mohammed Hufni Abdo, aparentemente deficiente mental, vestia um cinto com explosivos. Apurações indicam que ele recebera dinheiro de um grupo terrorista para correr em direção aos soldados e se explodir. Ao notar a presença de explosivos, os soldados desativaram-nos com um robô.
A carta de Sharansky é apenas a última manifestação de tensão entre a BBC e o governo israelense. No ano passado, funcionários do governo se recusaram a cooperar com a corporação ou a conceder entrevistas devido à cobertura supostamente injusta.