Uma missão com duração de uma semana na Itália, organizada pelo Instituto Internacional de Imprensa (IPI, sigla em inglês), revelou sérias preocupações sobre o estado da mídia no país, comenta, em seu blog, Roy Greenslade [The Guardian, 16/11/10]. Um dos maiores problemas, como era de se esperar, diz respeito à companhia midiática privada mais poderosa do país, de propriedade do primeiro-ministro, Silvio Berlusconi. ‘A Mediaset tem efeitos negativos na diversidade e na pluralidade do espectro noticioso de TV da Itália’, informou o relatório.
Pelos padrões democráticos, a propriedade constituiria um claro conflito de interesses, junto à influência política do governo na RAI, emissora pública do país. Segundo o relatório do gerente de liberdade de imprensa do IPI, Anthony Mills, que liderou a missão, ‘a politização da RAI é preocupante’.
Fonte primária
A concentração do setor de TV é significativa porque a grande maioria dos cidadãos italianos usa o veículo como fonte primária de informação. Por sua vez, o IPI descobriu que ‘a mídia impressa tem muito mais diversidade de opiniões e liberdade, embora alguns jornais nacionais sejam apoiados por grupos industriais poderosos e anunciantes cujas prioridades nem sempre coincidem com as dos editores’.
Além de tudo, uma proposta de lei polêmica ameaça limitar a liberdade de imprensa na Itália. ‘Partes da proposta, incluindo restrições a reportagens investigativas e multas potenciais de até 500 mil euros, despertaram temores sobre violações à liberdade de imprensa, em especial após diversos escândalos políticos e de corrupção no país’, avaliou Mills.