Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Morales celebra três anos no poder com jornal estatal

Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 23 de janeiro de 2009


 


BOLÍVIA
Fabiano Maisonnave


Morales celebra três anos no poder lançando jornal estatal


‘No último dia de campanha para aprovar uma nova Constituição, que vai a referendo neste domingo, o presidente boliviano, Evo Morales, lançou um jornal estatal, fez no Congresso um balanço sobre seus três anos de governo, voltou a se indispor com a representação diplomática dos EUA e admitiu que dificilmente alcançará a meta de ‘cocaína zero’.


No primeiro compromisso, às 7h30 da manhã, Morales apresentou no Palácio Quemado, em La Paz, o jornal ‘Cambio’ (mudança), sua resposta ao difícil relacionamento com os meios privados -no mês passado, o presidente boliviano disse que apenas ‘10% dos jornalistas devem ter dignidade’.


O novo jornal tem uma circulação nacional diária de apenas 5.000 exemplares, num país com cerca 9 milhões de habitantes, a um preço equivalente a R$ 0,66, menos da metade de seus concorrentes.


Na capa, uma foto de Morales acompanhado de crianças e a manchete ‘Bolívia caminha para a sua refundação’. Dentro, o destaque era uma entrevista com o próprio presidente – a pergunta mais crítica era ‘Na avaliação dos três anos de sua gestão, o que o senhor poderia mencionar de ruim?’.


‘Agressões, humilhações e mentiras após mentiras de alguns meios de comunicação nos obrigaram a criar este diário’, disse Morales ontem.


O lançamento ocorre em meio à venda de uma das principais redes de TV do país. Por US$ 4,1 milhões, a holding espanhola Prisa, que controla o jornal ‘El Pais’, vendeu a emissora ao desconhecido Akaishi Investments. Relatos na imprensa boliviana baseadas em fontes anônimas afirmam que a PDVSA estaria por trás da operação. Até ontem, a estatal petroleira venezuelana não havia comentado a informação.


Atrito com os EUA


Dois dias depois da posse de Barack Obama, Morales se envolveu em novo atrito com a representação americana. Durante discurso no Congresso, o líder boliviano voltou a justificar a expulsão do embaixador Philip Goldberg, em setembro, alegando que ele participava de uma ‘conspiração’ contra o governo. Disse ainda que só não há golpe de Estado nos EUA porque não existe embaixada americana no país.


As declarações fizeram com que o representante máximo da embaixada americana na Bolívia, Kris Urs, abandonasse a sessão do Congresso, onde Morales fazia uma avaliação de seus três anos de governo, completados ontem. À rádio boliviana Erbol Urs disse que o presidente boliviano ‘continua usando o meu país como ficha no seu jogo político interno’.


No mesmo discurso, Morales admitiu, pela primeira vez, que ‘é difícil chegar à cocaína zero’. Alçado à política pelo movimento cocaleiro, o presidente boliviano costuma repetir que ‘coca não é cocaína’ e tem optado por uma política mais tolerante com os produtores da folha, enfatizando o combate policial ao narcotráfico.


No final da tarde, Morales viajou a Cochabamba (380 km a leste de La Paz), onde discursou diante de alguns milhares de simpatizantes em favor do novo projeto de Constituição que, se aprovado no próximo domingo, ampliará os direitos indígenas, aumentará a presença do Estado na economia e introduzirá a reeleição presidencial, entre outras mudanças.


À noite, o presidente ainda participaria em La Paz de comício em comemoração ao terceiro aniversário no cargo.


Pesquisas recentes de opinião mostram o ‘sim’ impulsado por Morales à frente, mas que o projeto sofre resistência nos departamentos mais ricos.’


 


 


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TV exibe entrevista com dois homens que Unasul declarou mortos


‘Dois canais de TVs bolivianos exibiram entrevistas com dois homens que dizem ser Luis Eduardo Zabala e Vicente Rocha Rojas, ambos listados como mortos em relatório de uma comissão da Unasul (União de Nações Sul-americanas) que investigou o massacre no departamento de Pando, em setembro. Zabala deu entrevista de Brasiléia, no Acre. Eles chamaram o informe de ‘mentira’. Segundo a Unasul, foram 22 os mortos no massacre, 20 pró-governo. Segundo a Defensoria Pública da Bolívia, foram 19 os mortos.’


 


 


PUNIÇÃO
Ana Flor


Exército prende capitão por dar entrevista


‘O capitão Luis Fernando Ribeiro de Sousa, que em entrevista à Folha em dezembro denunciou manobra do Exército de transferir militares que concorreram nas eleições municipais, foi detido pelo comando da unidade em que trabalha, em General Câmara (RS).


Segundo o advogado de Sousa, Vilmar Quizzeppi, a defesa não teve acesso às razões da detenção, publicadas em um boletim reservado. Desde a entrevista, em 28 de dezembro, o capitão havia sido vítima de quatro procedimentos de punição disciplinar.


Sousa participa de um movimento que pretende eleger representantes que ajudem a tornar as Forças Armadas ‘mais democráticas’. Entre as demandas, estão mudanças no regimento disciplinar, para que sejam compatíveis com a Constituição de 1988.


Quizzeppi disse ontem que vai entrar com pedido de habeas corpus, dificultado, segundo ele, pela falta da nota de punição e do boletim em que ela foi publicada -não informados pelo Exército à defesa, segundo o advogado. Ele afirmou que seu cliente foi informado verbalmente que a punição tem a duração de 15 dias.


Transferências


O advogado, que atua em defesa de diversos militares, afirmou que é comum o Exército não cumprir a norma de entregar a nota de punição. ‘É uma ação intencional, que dificulta muito a defesa’, disse.


Quizzeppi representa parte dos militares transferidos depois de terem concorrido a cargos eletivos em outubro. Ele diz que já conseguiu reverter uma das transferências depois de entrar com ação na Justiça.


Transferido para Lages (SC) depois de concorrer a vereador em União da Vitória (PR), o sargento Haroldo Alves de Lima espera há 40 dias por um recurso para permanecer na cidade. Mais do que se manter perto dos votos, ele alega estar no último ano do curso de direito.


O procurador militar aposentado João Rodrigues Arruda, autor do livro ‘O Uso Político das Forças Armadas’ e coordenador do Centro de Estudos de Direito Militar, afirma que é um direito dos militares questionar detenções e transferências. Ele confirma que há uma ausência do direito de defesa na disciplina militar. ‘As autoridades [militares] têm inabilidade em tratar do assunto’.


Arruda acha que entrevistas com ataques à corporação não são uma boa forma de mudar as Forças Armadas. ‘Causam uma reação contrária muito forte’.


Mesmo assim, o procurador não concorda com o argumento de que militares optam pela carreira sabendo das restrições disciplinares. ‘O fato de a pessoa saber que vai levar chibatada não legitima a chibata’, diz.


Segundo o Centro de Comunicação Social do Exército, o Estatuto dos Militares (lei de 1980) estabelece o que é considerado transgressão disciplinar por parte de integrantes da ativa. Entre elas estão se manifestar, sem autorização, sobre assuntos político-partidários, provocar discussão na imprensa sobre temas políticos ou militares e publicação de fatos militares que causem desprestígio às Forças Armadas.


‘Ao ingressar nas Forças Armadas, o militar tem de obedecer a normas disciplinares e a estritos princípios hierárquicos, que condicionam toda a sua vida pessoal e profissional’, diz nota do Exército, afirmando ainda que age com ‘impessoalidade’ e segue ‘rigorosamente os instrumentos legais’.’


 


 


ATAQUE
Folha de S. Paulo


ANJ condena atentado a jornal de Campinas


‘A ANJ (Associação Nacional de Jornais) condenou ontem, em nota, o atentado a bomba ocorrido anteontem em Campinas à sede da empresa RAC (Rede Anhanguera de Comunicação), que edita os jornais ‘Correio Popular’, ‘Diário do Povo’ e ‘Notícias Já’. Até ontem ninguém havia sido preso.


Além da ANJ, o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo e a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) divulgaram uma nota na qual repudiam a ação. ‘Não resta dúvida de que se trata de tentativa de censurar ou intimidar os jornalistas’, diz o comunicado.’


 


 


CINEMA
Fábio Guibu


Embarque de Lula para SP é repetido 12 vezes no início da gravação de filme em PE


‘Nesta semana, no agreste de Pernambuco, começou a ser rodado ‘Lula, o Filho do Brasil’, filme de Fábio Barreto com estreia prevista para janeiro de 2010, ano de sucessão presidencial.


As primeiras gravações foram feitas em Caetés (a 250 km de Recife), ex-distrito de Garanhuns, terra natal do presidente.


O tempo instável na quarta-feira, primeiro dia de gravação, atrasou o cronograma de trabalho. Por causa da chuva forte, a filmagem de algumas cenas externas foi transferida para ontem.


As cenas iniciais mostram dona Lindu, interpretada pela global Glória Pires, dando à luz o futuro presidente da República.


Gravada sob o sol forte do meio-dia de ontem, a cena em que Lula, 7, embarca com a mãe e seis irmãos em um pau-de-arara -com destino a São Paulo- foi repetida 12 vezes até ser aprovada.


Todos os cenários foram montados em estruturas já existentes, como pequenas casas, decoradas e pintadas em tons de bege. Cerca de 40 moradores da região foram contratados pela produção como figurantes.


A presença dos atores e equipamentos transformou os sets de filmagem em pontos turísticos. Motos e carros circulavam a todo instante pelos locais, obrigando a equipe a isolar as áreas durante as gravações.


Classificado pelo diretor como ‘um drama épico sobre uma certa família Silva’, o filme, orçado em R$ 12 milhões, retrata a vida do presidente e de seus familiares, do nascimento de Lula, em 1945, até a morte da mãe, Eurídice Ferreira de Melo, a dona Lindu, em 1980.


Baseado no livro homônimo da historiadora Denise Paraná, publicado em 1996, ‘Lula, o Filho do Brasil’ tem como protagonista o ator de teatro Rui Ricardo Diaz.


Diaz será um dos cinco ‘Lulas’ que aparecerão no filme. Além dele, interpretarão o mesmo papel um bebê de três meses, um menino de dois anos, outro de sete e um adolescente de 13.


O filme vai mostrar ainda a trajetória operária de Lula e seus dois casamentos, com Lurdes e Marisa Letícia. Para o papel da primeira mulher foi escolhida a filha de Glória Pires, Cléo Pires. Já a atual primeira-dama será interpretada pela atriz Juliana Baroni, ex-paquita.


A previsão é que as gravações terminem em 21 de março. De setembro a dezembro, a obra participará de festivais internacionais e, em janeiro, entrará no circuito comercial.


‘Quem espera um filme político pode esquecer, ele é completamente separado da efervescência eleitoral.’ Ainda segundo Barreto, a produção não utilizou incentivos ou recursos públicos.


Diaz, o Lula adulto, diz que nem pensou numa eventual influência do filme na eleição. ‘A gente fala de um Lula apartidário, quase apolítico. Ele não tem partido. Está num movimento e surge como liderança.’’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Recessão cá?


‘O site do ‘Wall Street Journal’ noticiou já anteontem o corte dos juros no Brasil, descrevendo no título como ‘arrojado’ e ‘especialmente inesperado, considerando a história do atual Banco Central’. Na reportagem de papel, ontem, sublinhou no título que ‘manifestantes querem mais’ e o país ainda tem ‘uma das mais altas taxas no mundo’. E ‘um número crescente de economistas estima que a maior economia da América Latina sofreu contração no último trimestre de 2008 e deve sofrer no primeiro de 2009, atingindo a definição técnica de recessão’.


Nas manchetes on-line daqui, ontem, ‘Contra a crise, mais R$ 100 bilhões ao BNDES’ , para crédito, ‘mas governo quer garantia de empregos’. Depois, na Agência Brasil, vem aí um programa para ‘estimular a troca de geladeiras velhas por novas’.


RECESSÃO LÁ?


O site do ‘China Daily’ deu a manchete ‘Crescimento desacelera para 6,8% no quarto trimestre de 2008’, mas logo abaixo acrescentou que ‘outros indicadores mostraram sinais de retomada’.


A nova ‘Economist’ já saiu ontem com os 6,8%, mais a avaliação de que o número ‘implica que o crescimento é virtualmente zero, em bases ajustadas’. Mas a revista recusa a visão de que a China já estaria ‘escorregando para aberta recessão’ e também prevê reação, para a metade do ano. Já o blog de Nouriel Roubini postou que o crescimento do ‘demônio chinês’ foi zero ou negativo. E, como o primeiro trimestre de 2009 ‘indica ser pior’, apostou o Senhor Apocalipse, ‘a China está em recessão’.


OBAMA VS. CHINA


Nas manchetes on-line de ‘WSJ’ e ‘Financial Times’, ontem no fim do dia, o ataque a Pequim lançado pelo novo secretário do Tesouro dos EUA, equivalente a ministro da Fazenda. Tim Geithner afirmou que o próprio Barack Obama ‘acredita que a China manipula sua moeda’.


E prometeu reação diplomática ‘agressiva’, o que, avalia o ‘FT’, ‘deve provocar tensão’ com Pequim.


FELIZ ANO NOVO


O londrino ‘Guardian’ postou longo artigo de Rodrigo Orihuela, editor do argentino ‘Perfil’, sobre ‘a ascensão da China na América Latina’, que ‘afirmou a sua independência avançando nas relações comerciais’ com Pequim, em ‘resposta à negligência americana’. Ontem também, a agência Xinhua noticiou a mensagem de Lula ao povo chinês, pelo Ano Novo Lunar.


VOZES ESTATAIS


O cubano ‘Granma’ publicou ontem a coluna de Fidel Castro e encerrou a especulação sobre sua morte. Ele escreveu acreditar nas ‘nobres intenções’ e na ‘honestidade’ das palavras de Obama, ‘mas restam muitas questões a responder’, citando só meio ambiente. E saiu o jornal estatal boliviano ‘Cambio’, ontem também. Evo Morales lançou a publicação ao celebrar seu terceiro ano como presidente, para uma cobertura de apoio ao governo, em contraste com a oposição de jornais como ‘El Deber’, de Santa Cruz de La Sierra.


A CIDADE DOS GÊMEOS


O londrino ‘Telegraph’ publicou ontem e foi a reportagem mais lida de seu site ao longo do dia. Ecoou pelos sites dos tabloides ‘Sun’ e ‘Daily Mail’ e foi parar no ‘Jerusalem Post’ e até na Rússia.


Era a teoria de um argentino, de que o ‘Anjo da Morte’ Josef Mengele teria ‘criado a cidade dos gêmeos no Brasil’, Cândido Godoy, no Rio Grande do Sul, onde um em cada cinco nascimentos seria de gêmeos. Ele teria prosseguido, em visitas à cidade a partir do início dos anos 60, com as experiências que já fazia antes no campo de concentração de Auschwitz.


SEU PRÓPRIO PASSADO


Com o título ‘A loucura do asilo’ e o subtítulo ‘Por que esta indulgência com um assassino condenado?’, a ‘Economist’ questiona a decisão brasileira sobre o italiano Cesare Battisti. Ironiza que o Rio ‘é um lugar atraente para se viver como fugitivo da Justiça’ e cita Ronald Biggs, mas também escreve, em tom sério, que ‘há pouca dúvida na Itália de que seu julgamento foi justo’.


A revista deduz o motivo real para a concessão de asilo: ‘A relutância do Brasil em examinar seu próprio passado. Sempre que surge a questão de um inquérito sobre o governo militar, ela é logo esmagada. Um segundo sentimento é a solidariedade de alguns membros do partido de Lula, de extrema esquerda nos anos 70’.’


 


 


VENEZUELA
Folha de S. Paulo


Chávez estreia coluna e marca reunião trimestral com Cristina


‘O presidente venezuelano, Hugo Chávez, acertou encontrar-se uma vez a cada três meses com a colega argentina, Cristina Kirchner, para aprofundar a parceria bilateral, repetindo o acordo de frequência de reuniões acordados com o Brasil.


Chávez e Cristina, que chegou ontem a Caracas, assinaram e/ou ratificaram acordos de cooperação em agricultura, energia e indústria e anunciaram um voo diário ligando os países.


Seguindo os passos de seu amigo e mentor Fidel Castro, Chávez estreou ontem sua série de colunas para jornais. Elas serão publicadas também às quintas e domingos.’


 


 


INTERNET
Julio Wiziack


Anatel não resolve impasse com teles na rede de banda larga


‘O plano de universalização da banda larga continuará congelado sem o consenso entre a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e as operadoras de telefonia fixa. Na terça, a agência pediu que as teles aceitassem a inclusão da cláusula de reversibilidade do ‘backhaul’ nos contratos de concessão, assinados em abril de 2008.


O ‘backhaul’ é a rede de comunicação de dados -em ampliação pelas operadoras- que permite o acesso à internet em banda larga. Em abril de 2008, o governo aceitou a proposta das teles de trocar no PGMU (Plano Geral de Metas de Universalização) a instalação dos PSTs (Postos de Serviços Telefônicos) pela implantação do ‘backhaul’ no país.


Na semana seguinte, a Pro Teste, instituição de defesa do consumidor, moveu uma ação, sob a alegação de que a troca de metas é ilegal. ‘O ‘backhaul’ é infraestrutura do SCM (Serviço de Comunicação Multimídia), de caráter privado’, afirma a advogada Flávia Lefrève, que também é integrante do Conselho Consultivo da Anatel. ‘As metas são definidas para o STFC (Serviço Telefônico Fixo Comutado), um regime público. Não dá para misturá-los.’


Segundo Lefrève, isso abriria espaço para que as teles usassem recursos do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) e da assinatura básica para custear a construção do ‘backhaul’. ‘Trata-se de subsídio cruzado’, afirma.


Na reunião de ontem, as teles colocaram mais dificuldade para a Anatel, que, por determinação da juíza Márcia Cecília de Marco Rocha, da 6ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, terá de inserir a cláusula de reversibilidade nos contratos.


A Telefônica afirmou que a decisão será tomada pelo Conselho de Administração da empresa, que se reúne em 20 de fevereiro. Sercomtel e CTBC aceitaram a cláusula.


A Oi condicionou a mudança do contrato ao cancelamento de um processo administrativo aberto pela Anatel por descumprimento de metas de universalização da banda larga até dezembro de 2008. Consultada, a Oi não se pronunciou.


Diante disso, não resta outra alternativa à agência senão continuar tentando derrubar a liminar na Justiça. Até lá, as metas de universalização ficam suspensas.’


 


 


CRISE
Folha de S. Paulo


Microsoft demite 5.000 no maior corte de sua história


‘A Microsoft anunciou que vai demitir, nos próximos 18 meses, 5.000 funcionários, dos quais 1.400 já foram dispensados ontem. É o maior corte de pessoal em toda a história da companhia. Em comunicado, o presidente-executivo Steve Ballmer disse que a empresa ‘não é imune aos efeitos da economia’, mas indicou que não haverá mudanças de estratégia. As demissões vão atingir todas as áreas da empresa, hoje com 96 mil funcionários.


A Microsoft disse ainda que sua receita cresceu apenas 2% no segundo trimestre fiscal, ante igual período no ano anterior, para US$ 16,6 bilhões. Analistas previam que o valor chegaria a US$ 17,1 bilhões. Os lucros da companhia também vieram abaixo do esperado no período: US$ 4,17 bilhões, ou 11% menos que os do mesmo trimestre no ano anterior.


O desempenho inferior às expectativas reflete uma queda na demanda mundial por computadores pessoais desde o fim do ano passado, com o corte dos gastos empresariais em tecnologia da informação e uma temporada de consumo natalino que não mostrou o vigor costumeiro.


Segundo a Microsoft, os resultados também refletem a demanda crescente por ‘netbooks’, muitos dos quais equipados com o sistema operacional mais antigo da empresa, o Windows XP, e não com o Windows Vista, o modelo atual -além de muitos outros que não usam software da empresa.


Como resultado, as vendas da divisão de sistemas operacionais da companhia caíram 8% no trimestre.


A empresa passou pela contração do setor de tecnologia em 2001 com poucos danos, graças ao crescimento continuado dos negócios de informática. No passado, teve de recorrer a demissões apenas como resultado de reorganizações limitadas de porções de suas operações ou para integrar empresas adquiridas.


Ontem, as ações da empresa chegaram a cair 12% no pregão de Nova York, o pior desempenho desde 1998. Ao fim do dia, fecharam com queda de 11,7% no pregão eletrônico Nasdaq. Em e-mail aos funcionários, Ballmer disse que a Microsoft estava tomando diversas medidas de redução de despesas, entre as quais a diminuição de seu orçamento de viagens em 20%, a suspensão dos aumentos salariais por mérito neste ano e uma redução na escala de seus planos para ampliar a sede corporativa em Redmond, no Estado de Washington.


Microsoft Brasil


A Microsoft afirma que não fará cortes no Brasil, onde ela tem 570 funcionários contratados em 13 escritórios. A companhia opera por um esquema de venda indireta. São as empresas-parceiras que fazem os negócios como representantes da Microsoft. Ao todo, são 18 mil empresas. Estimativas do IDC (International Data Corporation) mostram que 45% dos profissionais do setor de tecnologia da informação trabalham para a companhia de forma direta ou indireta, o equivalente a 495 mil pessoas. Ainda segundo o IDC, para cada dólar de receita gerada pela Microsoft no Brasil, outros US$ 12,57 são injetados diretamente na economia do país. Alguns especialistas estimam que o faturamento da companhia no país deva ficar próximo de R$ 1 bilhão. A Microsoft não divulga esse número.


Google


Apesar da crise, os negócios do Google continuam firmes, a julgar pelos resultados do quarto trimestre divulgados ontem. A receita operacional cresceu 18% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo US$ 5,7 bilhões. Em relação aos três meses anteriores, o ganho foi de 3%. O lucro chegou a US$ 382,4 milhões. Os resultados se situaram dentro do esperado pelos analistas. Um dos principais responsáveis pelos ganhos do Google foi o sistema de ‘clique pago’, pelo qual os anunciantes pagam para aparecer em sua página de busca. O crescimento foi de 18% em relação ao ano anterior. As buscas no portal aumentaram 21% ao longo de 2008. Um dia antes, a Apple também apresentou resultados positivos. As vendas cresceram 5,8% ao longo de 2008, graças, sobretudo, ao desempenho dos laptops MacBook.


Com o ‘New York Times’, o ‘Financial Times’ e a Bloomberg Tradução de PAULO MIGLIACCI’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Globo antecipa DVD de ‘Maysa’, hit pirata


‘O DVD de ‘Maysa’, encerrada na semana passada, deverá ser lançado pela Globo em fevereiro, ou no máximo até março, antes do filme derivado da microssérie, o que é incomum. Normalmente, DVDs só saem depois dos filmes e pelo menos seis meses após exibição na TV.


O DVD será lançado ‘às pressas’ porque já virou hit pirata. Versões clandestinas podem ser encontradas em bancas de camelôs ou encomendadas pela internet por R$ 40 a R$ 55.


‘Maysa’ também pode ser copiada de graça na internet, numa operação igualmente ilegal. Desde domingo, versão sem intervalos, com a marca d’água da Globo, está disponível em sites que promovem a troca de arquivos entre computadores (‘peer-to-peer’).


Ontem à tarde, um desses mecanismos informava que 239 internautas faziam download da série. Com bom micro e conexão, baixava-se os nove episódios em seis horas.


Com ‘Maysa’, os programas da Globo definitivamente obtêm tratamento, na internet, semelhante ao de série americana. Compartilham as ferramentas que permitem a fãs de ‘Lost’ do mundo todo verem a série poucas horas após a transmissão nos EUA. Pelo menos um site oferece legendas em inglês para ‘Maysa’.


Antes de ‘Maysa’, dois programas tiveram download grátis: ‘Queridos Amigos’ e ‘Capitu’ (que também terá DVD em março), mas sem tanto sucesso.


FAVORITAS


Diretores do SBT já iniciaram conversas com Marcia Goldschmidt e Magdalena Bonfiglioli para a vaga de Regina Volpato no ‘Casos de Família’. Regina anunciou em seu blog que não renovará seu contrato, que vence em 1º de março. O gesto irritou executivos do SBT, surpreendidos.


REJEITADAS


Ontem, Adriane Galisteu (que, assim como Regina Volpato, deixou o SBT descontente) postou uma mensagem no blog da demissionária: ‘Desejo felicidades e juízo em suas novas escolhas profissionais’.


FAVORITO


Se depender de Íris Abravanel, mulher de Silvio Santos, Daniel Alvim será protagonista de ‘Vende-se um Véu de Noiva’, próxima novela do SBT.


SUBFATURAMENTO


Informalmente, a Record divulgou que pagou R$ 20 milhões pelos direitos dos Jogos Pan-Americanos de 2015. Gente da Globo que acompanhou as negociações afirma que foi bem mais: US$ 50 mi (R$ 117,5 mi).


ABÓBORA


Ana Maria Braga soltou mais uma ‘pérola’ em seu programa. Disse que, para se manterem jovens, as pessoas devem ‘deixar pra lá’ ‘aquele amigo depressivo’. O comentário gerou protestos de parentes e portadores de depressão.


MOCINHO REALISTA


Luciano Szafir será o protagonista de ‘Promessas de Amor’, a terceira fase de ‘Os Mutantes’, na Record a partir de março. Será um campeão de hipismo que se envolve com Renata Dominguez.’


 


 


Mônica Bergamo


Estúdio Big Brother


‘Carlinhos Brown está prestes a virar apresentador de reality show. O músico já deu o o.k. para a produtora Medialand, que negocia a estreia do programa ‘O Compositor’. A ideia do projeto é explorar o processo de criação musical por meio de desafios e provas eliminatórias.’


 


 


Lucas Neves


Ditadura e esportes são temas de filme


‘A última ditadura militar argentina (1976-83) é tema caro ao cinema daquele país -de ‘A História Oficial’ (1985), sobre uma professora que, sem sabê-lo, adota a filha de uma mulher perseguida pelo regime, aos recentes ‘Kamchatka’ (2002) e ‘Crônica de uma Fuga’ (2006).


No caso do documentário ‘Atletas x Ditadura – A Geração Perdida’, que o Canal Brasil exibe hoje, é brasileiro o olhar sobre o período em que 30 mil pessoas foram assassinadas ou desapareceram. Os diretores gaúchos Marcelo Outeiral e Marco Villalobos mostram histórias de esportistas abreviadas pelos militares.


No La Plata Rugby Club, entre 75 e 78, o regime fez 17 desfalques -jogadores mortos ou desaparecidos depois de começar a militar no Partido Comunista Marxista Leninista. O primeiro foi Hernan Roca, alvejado 23 vezes (uma para cada integrante da equipe, teria dito seu algoz).


O tenista Daniel Schapira foi levado aos 23 anos e nunca conheceu o filho que sua companheira esperava. Um ano a menos tinha a jogadora de hóquei Adriana Acosta ao dar o último telefonema para casa, em 78.


‘Tenho de saber de tudo’, diz sua mãe, que ainda não parou de buscá-la.


O caso do corredor Miguel Sánchez, que sumiu dias depois de disputar a São Silvestre de 77, encerra o filme.


ATLETAS X DITADURA…


Quando: amanhã, às 19h15


Onde: no Canal Brasil


Classificação: livre’


 


 


OSCAR
Folha de S. Paulo


‘O Leitor’ derrota Batman


‘O Oscar trocou ‘Batman – O Cavaleiro das Trevas’, de Christopher Nolan, por ‘O Leitor’, de Stephen Daldry.


O primeiro arrecadou US$ 531 milhões (R$1,2 bilhão) em 2008 nos EUA. Sucesso comparável a ‘Titanic’, ele foi líder de público no Brasil (4 milhões).


O segundo é um filme de pouca bilheteria -US$ 7,8 milhões (R$ 18 milhões)-, recepção mediana da crítica e do qual não se esperava muito, além de uma indicação para Kate Winslet, quando a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciou os indicados à estatueta, a ser entregue no próximo dia 22.


‘Batman – O Cavaleiro das Trevas’ foi esquecido nas categorias principais, como melhor filme e diretor. Recebeu a indicação a ator-coadjuvante, para Heath Ledger, o Coringa, cuja vitória é dada como certa. Ledger morreu antes da estreia do filme. Considerando as categorias técnicas, o longa teve oito indicações.


Já ‘O Leitor’ teve cinco indicações, entre as mais prestigiadas, como melhor filme, diretor e atriz (Kate Winslet) -veja indicações no alto e na pág. E3.


Por trás de ‘Batman – O Cavaleiro das Trevas’ está o estúdio Warner, que faturou US$ 1,7 bilhão (R$ 4 bilhões) em 2008. Por trás de ‘O Leitor’, está a Weinstein Company, de Bob e Harvey Weinstein.


Os irmãos Weinstein se tornaram símbolo de sucesso em Hollywood quando lideravam o selo Miramax, voltado a produções mais baratas que as dos grandes estúdios.


À frente da Miramax, Bob & Harvey distribuíram internacionalmente ‘Cidade de Deus’ e trabalharam pelas quatro indicações ao Oscar que o filme de Fernando Meirelles recebeu em 2004. Na Harvey Co., eles compraram ‘Tropa de Elite’, de José Padilha, para distribuição fora do Brasil e levaram o filme ao Festival de Berlim, em 2008, de onde saiu vitorioso.


‘O Leitor’ aborda o conflito ético de um homem diante da iminência da condenação à prisão perpétua da mulher (Kate Winslet) com quem viveu um tórrido romance na adolescência. No pós-guerra, ela é julgada por envolvimento com o nazismo. Quando os dois se apaixonaram, ela tinha quase o dobro da idade dele, que desconhecia sua atuação no extermínio de judeus. No quarto, antes do sexo, ele lia para ela -analfabeta.


‘Brangelina’


O campeão de indicações (13) deste ano é ‘O Curioso Caso de Benjamin Button’, que estreou bem na semana passada no Brasil, perdendo apenas para o nacional ‘Se Eu Fosse Você 2’.


Brad Pitt foi indicado a melhor ator, pelo papel de Benjamin Button. Como Angelina Jolie, a mulher de Pitt, compete a melhor atriz, por ‘A Troca’, o Oscar 2009 pode ver o casal ‘Brangelina’ levar duas estatuetas para casa.


As animações se destacaram, com as seis indicações de ‘Wall-E’ e a inclusão de ‘Valsa com Bashir’ na disputa do Oscar de filme estrangeiro.’


 


 


Cristina Fibe


‘Táxi’ questiona ‘política de tortura’


‘Em 2002, o taxista afegão Dilawar, 22, transportava três passageiros quando foi capturado e levado à prisão americana de Bagram, no Afeganistão. Sem nunca ter sido acusado de crime nenhum, o rapaz foi torturado até a morte.


O caso de Dilawar é o fio condutor de ‘Um Táxi para a Escuridão’, Oscar de melhor documentário no ano passado e que estreia hoje no Brasil. O diretor, Alex Gibney, procura explicar como os métodos de tortura usados pelos EUA se espalharam entre Bagram, Abu Ghraib, no Iraque, e Guantánamo, em Cuba, sob orientação dos altos escalões do governo Bush.


Outra inspiração para que Gibney decidisse expor os abusos foi seu pai, Frank, morto em 2006. ‘Como um ex-interrogador da Marinha, ele ficou furioso com a ideia de que o nosso país poderia ter desenvolvido uma política oficial de tortura’, conta o diretor, por e-mail.


‘Sua irritação me motivou a perseguir a difícil tarefa de fazer o filme.’ Apesar de dizer não ter sofrido pressão do governo americano, Gibney afirma que o maior obstáculo foi conseguir que os entrevistados falassem. ‘Táxi’ traz depoimentos de envolvidos com o caso Dilawar, soldados condenados por tortura, membros do governo e ex-prisioneiros.


Para financiar o documentário, ele diz ter sido procurado ‘por pessoas conservadoras, que ficaram ofendidas pelo que a administração estava fazendo. Eles investiram uma boa quantia de dinheiro. Acho que a maioria dos americanos ficou ofendida pelo que o governo Bush andava fazendo, mas tinha medo de protestar’.


Os protestos tiveram algum efeito. Gibney diz achar que a postura dos EUA mudou. ‘Não acho que tortura seja uma regra agora. Antes, era’, afirma.


‘Lamentavelmente, a maioria do Congresso foi extremamente covarde e apoiou o ‘Military Commissions Act’ [de 2006], que pode tornar membros da administração imunes a processo. Ao mesmo tempo, a pressão pública e a coragem de alguns senadores resultaram em leis que proibiram muitos dos abusos e determinaram novas diretrizes.’


Sobre o que Barack Obama pode fazer em relação à tortura, Gibney afirma ‘ter esperanças de que ele feche Guantánamo e encontre uma maneira honrosa de determinar quais prisioneiros devem ser soltos e quais devem ser julgados’.


‘O fato é: os americanos e o mundo merecem equidade (soltando os inocentes) e justiça -um rígido, mas justo, julgamento das mentes que comandaram o 11 de Setembro e outros atos terroristas.’’


 


 


Cássio Starling Carlos


Documentários são alternativa ao jornalismo


‘A reunião, num mesmo programa, de ‘Um Táxi para a Escuridão’ e ‘Novo Século Americano’ confirma a posição de destaque do documentário como principal campo de representação da política no cinema contemporâneo.


Ambos são filmes de denúncia de abusos e, ao lançarem dúvidas sobre as versões oficiais, oferecem uma alternativa ao jornalismo na apresentação de fatos e na representação da história.


O trabalho do diretor Alex Gibney, no entanto, é muito mais consistente que o alcançado por Massimo Mazzucco em ‘Novo Século…’.


Construído a partir de entrevistas com envolvidos em um caso de tortura e morte na prisão de Bagram, ‘Um Táxi…’ tira vantagem das filmagens diretas nos locais, além de mostrar provas materiais, o que reforça a autenticidade de sua denúncia.


Já ‘Novo Século…’ é uma colagem de vídeos de segunda mão e transmite, desde a baixa qualidade das imagens, a impressão de precariedade que contamina seu discurso.


A pretensão de dizer uma ‘verdade’ nunca dita aproxima em demasia o longa de Mazzucco dos ‘documentários’ que infestaram a internet veiculando versões alternativas do 11 de Setembro, muitas marcadas por teorias da conspiração e um efeito recorrente de maluquice.


Nesta batalha de interpretações, melhor seria programar em salas o essencial ‘Guerra sem Cortes’, com que Brian de Palma demonstra que as imagens, sobretudo as das guerras, não devem ser vistas a olho nu.


UM TÁXI PARA A ESCURIDÃO


Produção: EUA, 2007


Direção: Alex Gibney


Onde: estreia hoje no cine Frei Caneca Unibanco Arteplex (16h e 20h) e, na quarta, no MIS (20h


) Classificação: não indicado a menores de 14 anos


Avaliação: bom


O NOVO SÉCULO AMERICANO


Produção: Itália/EUA, 2007


Direção: Massimo Mazzucco


Onde: estreia hoje nos cines Frei Caneca Unibanco Arteplex (14h, 18h e 22h) e MIS (20h)


Classificação: não indicado a menores de 12 anos


Avaliação: ruim’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 23 de janeiro de 2009


 


BOLÍVIA
AP e Reuters


Evo lança jornal estatal a três dias de referendo


‘A três dias do referendo que decidirá sobre a aprovação da nova Constituição boliviana, o presidente Evo Morales lançou um jornal estatal para se ‘defender’ dos opositores. No mesmo dia, o governo também divulgou uma pesquisa que indica a liderança do ‘Sim’ na eleição de domingo.


A publicação do governo recebeu o nome de Cambio e chegou às bancas no aniversário de três anos da posse do presidente. ‘As mentiras da oposição nos obrigaram a ter nosso próprio meio’, afirmou Evo. Em formato de tabloide, a primeira edição do jornal tem estampada em sua capa uma foto do presidente de mãos dadas com crianças sob a manchete: ‘Bolívia segue no caminho da renovação.’ Debaixo do nome da publicação, vai o slogan ‘A verdade nos libertará’.


A edição de 36 páginas custa 2 bolivianos (US$ 0,28) – cerca da metade do preço das outras publicações – e traz bastante publicidade de órgãos do governo. Uma das colunas de opinião traz o título ‘Bolívia: o primeiro Estado pós-capitalista?’.


Segundo Evo, a imprensa do país só ataca sua administração. O presidente disse que muitos dos jornais e das redes de TV trabalham para ‘manchar’ sua imagem. No mês passado, ele ameaçou parar de dar entrevistas para jornalistas locais, os quais acusa de representarem magnatas da imprensa que seriam aliados de seus opositores de direita. Alguns meios de comunicação do país publicam com frequência editoriais acusando o presidente se der um ‘anticatólico comunista’ e uma ‘marionete’ do presidente venezuelano, Hugo Chávez.


Além do jornal estatal, o governo da Bolívia tem uma agência de notícias, uma emissora de TV, uma revista semanal e uma rede de emissoras de rádio. Evo conseguiu fortalecer o aparato de comunicação do Estado com o apoio econômico do governo da Venezuela.


CAMPANHA PELO ?SIM?


O governo de Evo divulgou ontem uma pesquisa na qual o ‘Sim’ pela aprovação da Carta tem uma liderança de 66%. Já o ‘Não’ obteve 31% das intenções de voto. O vice-presidente Álvaro García Linera advertiu ontem que caso o ‘Sim’ ganhe no referendo constitucional de domingo, o texto aprovado será aplicado em todo o território nacional, sem exceção.


‘O resultado de circunscrição nacional vale para todo o restante do país’, afirmou García Linera. ‘O que a maioria manda deve ser cumprido pelos outros e não vamos permitir nem tolerar esses esforços de criar pseudo republiquetas em regiões que desconhecem a Constituição e se opõem à democracia.’


As declarações do vice-presidente foram feitas em resposta às advertências que alguns líderes regionais fizeram, afirmando que a nova Carta só deveria entrar em vigor nos Departamentos (Estados) em que foi aprovada. O presidente do comitê cívico de Beni, Alberto Melgar, afirmou que a aplicação no texto não seria aceita caso o projeto fosse rejeitado na região. O deputado do partido Unidade Nacional Arturo Murillo também disse que além das considerações legais, se a Carta for aprovada em apenas cinco dos nove Departamentos bolivianos não terá legitimidade suficiente para sua implementação.


Linera rebateu, afirmando que a lei é clara em sua definição de que o resultado do referendo deve ser aplicado em todo o país e não faz menção a outros tipos de delimitações territoriais.’


 


 


VENEZUELA
Reuters, Efe e AP


Chávez promete deixar política se perder votação


‘O presidente venezuelano, Hugo Chávez, garantiu ontem que deixará o poder assim que seu atual mandato terminar, em 2013, caso a proposta de reeleições ilimitadas saia derrotada no referendo convocado para o dia 15. O anúncio foi feito na coluna As Linhas de Chávez, publicada ontem, pela primeira vez, por jornais e websites venezuelanos.


‘Se a maioria disser não, então eu irei em outro fevereiro, o de 2013’, escreveu Chávez, que está no poder há dez anos e foi eleito três vezes, além de ter tentado um golpe de Estado em 1992. O referendo que levará 17 milhões de eleitores venezuelanos às urnas daqui a um mês é a segunda tentativa de Chávez de aprovar emendas à Constituição que permitam a reeleição ilimitada. A mesma proposta já havia sido derrotada em dezembro de 2007.


‘Por outro lado, se a maioria de vocês, venezuelanos e venezuelanas, apoiar a emenda dizendo sim, é possível que eu possa continuar à frente do timão além de 2013’, afirmou o presidente.


Com sua coluna nos jornais, Chávez segue o exemplo do líder cubano Fidel Castro, que publica regularmente suas ‘reflexões’ no jornal Granma, do Partido Comunista de Cuba. A diferença é que os artigos do presidente venezuelano serão publicados três vezes por semana. Chávez já tem um programa de rádio e TV semanal, o Alô Presidente, no qual recebe convidados, canta e lê cartas de fãs.


Chávez acusou os opositores de ser ‘colonialistas, sem juramento, sem projeto, sem bandeira’ e disse que, se vencerem, ‘condenarão o país à invalidez, à pequenez e à tumba histórica’.’


 


 


TRANSIÇÃO
Claire Cain Miller, The New York Times


Blogs se tornam jornal impresso nos EUA


‘Em meio ao alvoroço dos pessimistas, que insistem que os jornais estão à beira da morte, uma nova empresa pretende abrir dezenas de novos – com uma mudança. O Printed Blog, novo jornal de Chicago, será feito com postagens retiradas diretamente de blogs na internet, terá anúncios locais e será distribuído gratuitamente.


As primeiras edições deste jornal gratuito da era da internet devem aparecer em Chicago e San Francisco na terça-feira. De início, serão edições semanais, mas Joshua Karp, fundador e editor, espera, mais tarde, que o Printed Blog saia duas vezes por dia em muitas cidades dos Estados Unidos.


‘Vamos tentar ser o primeiro jornal diário feito inteiramente de blogs ou outro conteúdo gerado pelos usuários’, disse. ‘Há tantas técnicas que funcionam online que achei que, talvez, poderia aplicar no jornal impresso’. À medida que os jornais pagos perdem leitores para a internet, onde podem ler os mesmos artigos sem nenhum custo, muitos jornais gratuitos conseguiram se manter.


‘Trabalhar com o jornal gratuito ainda é bastante viável’, disse David Cohen, fundador do Silicon Valley Community Newspapers, grupo de jornais semanais distribuídos gratuitamente no sul de San Francisco, vendido para o grupo Knight Rider em 2005 e hoje propriedade da Media News. ‘Existe uma enorme faixa de leitores que quer saber das notícias locais, e as empresas locais tendem a aumentar sua publicidade nos períodos ruins porque precisam chamar a atenção das pessoas’.


Mas Karp não precisa olhar muito à frente para ver as dificuldades para ser ter sucesso na atividade jornalística nos dias atuais. A Tribune Co., que edita o Chicago Tribune e um diário grátis, o Red Eye, entrou com pedido de recuperação judicial em dezembro.


Karp está apostando que vai ter sucesso combinando o melhor que existe do modelo impresso e do modelo online. O Printed Blog vai publicar postagens de blogs ao lado de outros conteúdos típicos da internet, como comentários de leitores e fotos oferecidas pelos usuários. O jornal será impresso, a princípio, quatro páginas de 28cm X 43 cm, em papel branco, e desenhado como um blog, em vez de em colunas.’


 


 


 


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