Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Morre colunista conservador do NYT

Morreu aos 79 anos, no domingo [27/9], o colunista conservador William Safire, vítima de câncer pancreático. Por mais de 30 anos, Safire escreveu na página de opinião do New York Times. Ele tinha também uma coluna na revista de domingo do jornalão, intitulada ‘On Language’, onde traçava as origens de palavras e expressões coloquiais. Safire trabalhou ainda como autor de discursos para a Casa Branca de Richard Nixon e escreveu diversos romances. Em 2004, ele anunciou sua aposentadoria como colunista de opinião do Times para se dedicar à presidência do conselho da Dana Foundation, organização filantrópica de apoio a pesquisas neurocientíficas e educação artística.

A carreira de Safire teve início em 1949 no New York Herald Tribune, onde atuou como repórter. Ele também foi produtor de rádio e televisão e correspondente do Exército americano. Entre as décadas de 50 e 60, trabalhou em uma firma de relações públicas em Nova York, da qual acabou se tornando presidente. Juntou-se à campanha de Nixon em 1968 e, em 1973, chegou ao Times como colunista político – em trinta anos, assinou mais de três mil colunas.

Em seus artigos, Safire defendia agressivamente as liberdades civis e Israel e, vez por outra, criava polêmica com figuras políticas. Em um episódio famoso, o presidente Bill Clinton afirmou que tinha vontade de dar um soco no nariz do colunista depois que ele chamou Hillary de uma ‘mentirosa congênita’. Controvérsias à parte, Safire ajudou a cimentar o respeito ao conservadorismo político na década de 70. Em seu livro Sound and Fury: The Making of the Punditocracy, de 1999, o autor Eric Altman escreveu que, no meio político, ‘são poucos os que duvidam que William Safire seja o mais influente e respeitado comentarista conservador vivo’.

Em declaração, o presidente da New York Times Company, Arthur Sulzberger Jr., afirmou que ‘por décadas, as colunas de Bill em nossa página de opinião e na revista de domingo satisfizeram nossos leitores com seus profundos comentários políticos, análises pensadas de nosso discurso nacional e, é claro, seus maravilhosos sermões sobre o uso e abusos da linguagem. Bill fará falta’.

O editor da AP Michael Oreskes, que atuou como chefe da sucursal de Washington do Times durante os anos de Safire como colunista do jornalão, diz que ele foi um mentor e um amigo para toda uma geração de jornalistas políticos. ‘Ele acreditava nos valores do jornalismo – em descobrir a verdade e responsabilizar os líderes, republicanos ou democratas, por seus atos’, lembra.

Em 2004, Eric Boehlert afirmou em artigo no blog Salon que Safire foi um pioneiro dos blogueiros, pois ia juntando pedaços de informações que levavam a acusações políticas. Quando as acusações não iam para frente, ele simplesmente as ignorava e partia para outra. Fato é que o colunista tinha muitas e poderosas fontes em Washington e no Oriente Médio. Informações de Deepti Hajela [Associated Press, 28/9/09].