O jornalista Henry A. Grunwald morreu no sábado (26/2), de ataque cardíaco, em sua casa em Manhattan, EUA. Grunwald tinha 82 anos e ficou conhecido por protagonizar uma das maiores mudanças na linha editorial da revista Time, da qual se tornou editor em 1968.
Judeu nascido na Áustria, ele viu seu pai ser preso pelos nazistas quando era menino. Ao chegar aos EUA, na década de 40, conseguiu um pequeno emprego na Time, e passava suas horas de folga no cinema, obcecado por aprender corretamente o inglês falado no país. Estudou na Universidade de Nova York e subiu lentamente de posto na revista, até virar editor, aos 45 anos.
Grunwald transformou a organizada e ácida Time idealizada pelo fundador, Henry R. Luce, em uma revista mais parecida com sua principal concorrente, Newsweek. O editor derrubou a inclinação política de direita, adotou uma posição de centro e criou novas seções – entre elas Comportamento, Economia, Meio Ambiente e Energia. Ficou para a história, conta Richard Severo em artigo no New York Times [27/2/05], o editorial assinado por ele no começo dos anos 70 sobre o caso Watergate, onde pedia a renúncia do presidente Richard Nixon.
Em 1979, o jornalista foi promovido a editor-chefe de todas as publicações da Time Inc., entre as quais estão as revistas People, Sports Illustrated e Fortune. Ele ocupou o cargo até sua aposentadoria, em 1987, quando foi então nomeado, pelo presidente Ronald Reagan, embaixador dos EUA na Áustria, onde serviu dois anos.
Na época, o presidente do país, Kurt Waldheim, estava sendo acusado de cometer crimes de guerra quando atuou como membro do exército alemão na Segunda Guerra Mundial. Waldheim, que havia sido secretário-geral da ONU na década de 80, negava as acusações. Ainda assim, passou a ser considerado persona non grata pelos EUA. Enquanto esteve em Viena, Grunwald aceitava ir aos compromissos de Estado, mas se negava a participar de eventos sociais com o presidente.
Em 2004, ele teve seu primeiro romance publicado. A Saint, More or Less (Santa, Mais ou Menos) era baseado na vida de Nicole Tavernier, que viveu na França no reino de Henrique IV e, acreditava-se, fazia milagres.
Grunwald deixa mulher, três filhos, um enteado e quatro netos.