Sob controle do Departamento de Propaganda do Partido Comunista, a imprensa doméstica da China sofre com a censura. Depois dos Jogos Olímpicos de Pequim, em que foram afrouxadas regras para a atuação da mídia estrangeira, há quem acredite que as coisas estejam mudando também para a imprensa local. ‘Talvez, em alguns temas, o Departamento ainda tenha as mesmas opiniões. Mas notamos que há algumas mudanças’, afirma Wang Liang, diretor de uma emissora de Pequim. A opinião é polêmica. ‘Não houve mudança nenhuma. O Departamento de Propaganda tem total controle [sobre a mídia]’, rebate Li Datong, ex-editor do China Youth Daily.
Segundo artigo de Ben Blanchard [Thomson Reuters, 27/11/08], pôde-se ver, de fato, algo novo nos últimos meses: alguns veículos de comunicação puderam reportar o impacto da crise financeira global na economia chinesa. Emissoras de TV e rádio e jornais divulgaram greves de taxistas e protestos de funcionários demitidos na província de Gansu. A divulgação de tais notícias seria algo impensável há alguns anos.
Ainda que pequeno, este indício de mudança pode representar um passo importante para a liberdade de imprensa no país, que só a partir de 2005 passou a permitir a divulgação da contagem de mortes em desastres naturais. Em geral, organizações de mídia chinesas, obrigadas – em nome da estabilidade social – a seguir normas do Partido Comunista, ficam atrás de blogueiros na divulgação de notícias. ‘Não recebemos instruções do Partido diariamente. Quando as temos, no entanto, entendemos que é para o bem social’, diz Gu Jianqing, subeditor do Guangzhou Daily. No mês passado, um álbum da banda Guns N’Roses, intitulado Chinese Democracy (Democracia Chinesa), foi entendido como um ataque ao país.