Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mulheres sofrem com preconceito, imprensa promete ajuda

A Anistia Internacional organizou uma conferência de três dias no Cairo para debater a relação da imprensa no Oriente Médio com o tratamento dado às mulheres na região. Os 30 jornalistas que participaram do evento chegaram à conclusão de que a cobertura feita sobre questões relacionadas aos direitos e abusos sofridos pelas mulheres é pobre e não colabora para a mudança da opinião pública sobre o assunto.

Os participantes terminaram a conferência na segunda-feira, 28/6, com a promessa de que irão se empenhar na luta contra a violência sofrida pelas mulheres, treinar outros jornalistas e fortalecer a cobertura dos assuntos relacionados a elas.

Alguns dos jornalistas presentes afirmaram que, nos seus países, as mulheres continuam a sofrer violações físicas e morais que passam impunes diante de legislações injustas que tornam a igualdade entre homens e mulheres algo impossível de ser concretizado.

Apesar da diversidade geográfica dos participantes da conferência, a maior parte deles concordou que os programas de televisão, jornais e estações de rádio são falhos ao deixar de abordar informações importantes que poderiam potencialmente mudar a opinião de suas audiências. Uma pesquisa realizada pelo Centro Egípcio para Questões Legais das Mulheres mostrou que reportagens publicadas nos veículos de comunicação do país normalmente deixam de incluir em seu conteúdo importantes aspectos legais e políticos diretamente ligados a desigualdade e violência.

Alguns jornalistas também ressaltaram que histórias envolvendo abusos contra mulheres costumam deixar de analisar o homem, parte principal envolvida na violação. Segundo eles, algumas empresas de mídia simplesmente não permitem que repórteres cubram grande parte das questões sobre as violações de mulheres – mesmo que, em certos casos, estas empresas sejam administradas por mulheres.

Durante uma das sessões da conferência, um jornalista egípcio contou que uma pesquisa feita recentemente em seu país, com entrevistados que haviam recebido uma boa educação, mostrou que a grande maioria apóia o espancamento de mulheres. Neste mesmo sentido, o especialista em direitos humanos e legais Abdullah Khalil afirmou que apenas 13 dos 22 países árabes ratificaram a Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Mulheres.

Egito, Argélia, Kuait, Líbano, Líbia, Marrocos, Tunísia e Jordânia se recusaram a assinar o documento por não concordarem com o artigo nove, que concede às mulheres o direito à cidadania. Jordânia e Tunísia também não concordam com o artigo 15, que concede igualdade legal para homens e mulheres. Informações de Nada Raad [The Daily Star (Líbano), 1/7/04].