Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Murdoch defende cobrança por conteúdo online

Para o magnata de mídia Rupert Murdoch, mais jornais devem passar a cobrar por conteúdo na internet para sobreviver, como faz o diário Wall Street Journal, do qual é dono. Segundo ele, a publicidade online não cobrirá os custos da mídia impressa, como esperam muitas editoras. ‘O fato das pessoas lerem notícias de graça na rede tem que mudar’, afirmou o empresário no Cable Show, evento anual da indústria de TV a cabo americana.

Um dos exemplos apontados por Murdoch foi o New York Times, que tem um dos sítios mais populares entre os jornais dos EUA, mas ainda não consegue cobrir seus custos com anúncios online. O império de jornais de Murdoch inclui o New York Post, Times of London e outros diários no Reino Unido e Austrália, disponíveis na rede gratuitamente. O WSJ já cobrava pelo acesso antes de ser comprado pela News Corporation, em 2007.

Os comentários do empresário foram feitos no momento em que o NYTimes promove um debate semi-público sobre se deve cobrar pelo conteúdo parcial ou integral na rede. Uma iniciativa anterior, que cobrava por artigos de colunistas e matérias de arquivo, foi cancelada porque o diário conseguia mais dinheiro por meio de anúncios. Murdoch diz que o sítio do WSJ não é ‘uma mina de ouro, mas não é ruim’. Logo após comprar o jornal, executivos da News Corporation e da Dow Jones chegaram a considerar tornar o sítio gratuito.

Com a crise financeira, veio a queda da receita de publicidade online e a necessidade de repensar se é possível cobrar pelo conteúdo ou se isso irá fazer com que os internautas simplesmente deixem de acessar os sítios. O tempo é escasso. Algumas editoras americanas, como a Tribune, já declararam falência. Outras, como Hearst e EW Scripps, estão fechando jornais de grandes cidades. Há ainda as empresas que apelam para demissões e programas de demissão voluntária.

Adaptação

Murdoch também anunciou no evento que a News Corp está investindo, com parceiros, em um aparato tecnológico que permite aos leitores lerem versões eletrônicas dos diários – similar ao Kindle, da Amazon, mas com uma tela maior. Já o Financial Times, da Pearson PLC, e o USA Today, da Gannett, trabalham em parceria com a empresa Plastic Logic para desenvolver um aparelho de leitura digital, a ser lançado no ano que vem.

O magnata disse ainda estar ‘levemente pessimista’ sobre a economia e confessou não acreditar que será possível voltar aos níveis financeiros anteriores dentro de dois ou três anos. A recessão, além de prejudicar a mídia impressa, também contribuiu para declínio nos lucros de emissoras de TV locais. Informações de Yinka Adegoke [Reuters, 3/4/09].