Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Negociata e memória

O Sr. Dines, com hábil redação, inverte a moral dos acontecimentos. Neste momento, entendo que a origem desta fita de vídeo, bem como seus realizadores, pouco importa. A moral em questão é que o Sr. Waldomiro, legal ou ilegalmente, foi filmado sugerindo valores para terceiros como para si próprio. A negociata em questão se deu com um conhecido bicheiro, sendo assim, um fora da lei, contraventor. Ora, se o Sr. Waldomiro fosse ainda presidente da Loterj não estaríamos aqui falando sobre a legalidade das fitas de vídeo.

De tempos em tempos os telejornais mostram fiscais e outros agentes do governo sendo pegos em atos de corrupção. Não me lembro do Sr. Dines acusando arapongas ou políticos pela realização das fitas. Concordo que tal procedimento é repudiável. Lembra os 20 anos de ditadura. No entanto, cabe à Justiça e aos nossos parlamentares criar leis contra a ação dos arapongas. Agora, neste momento, a moral de tudo é: o que o Sr. Waldomiro estava fazendo dentro do Planalto Central sentado num confortável gabinete a poucos metros de nosso presidente?

Luis Neubern

Nota do OI: Já que o prezado leitor não lembra, cabe-nos reavivar-lhes a memória. Junto com a resposta de Alberto Dines, a extensa lista de artigos nos quais o criador da expressão ‘jornalismo fiteiro’ condena o irresponsável uso de fitas e grampos pelo segmento da sociedade que se propôs analisar, a mídia.



Gênese e memória

Existe a fita? Sim. Ela é verdadeira? Sim. O conteúdo é revelador de um crime? Sim. Podemos começar pelo óbvio. Ponha Waldomiro em cana e se abra uma CPI para apurar como um escroque pode despachar de uma sala ao lado da do presidente. Não me recordo de ter lido vocês pedirem a identificação dos autores no escândalo do grampo (era FHC) que derrubou ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros e outros. São três textos publicados querendo descobrir a ‘gênese’ da reportagem de Época, alguns quase chegando a incriminar a revista e reduzindo o furo dos seus repórteres. Sobre o conteúdo das gravações reveladas por Época, em que claramente um dos homens fortes do núcleo duro de Brasília se relaciona com o crime organizado, pouquíssimas referências. Quando os crimes são da esquerda é sempre assim que age o OI?

José Paulo C. Silva

Nota do OI: Prezado leitor, por gentileza, leia a resposta à carta do leitor acima, e consulte a extensa lista de artigos de Alberto Dines sobre o assunto.



Artifício antigo

Quem escreveu o artigo é do PT ou jornalista isento? O artifício utilizado é o mesmo que vem sendo praticado no Brasil há vários anos (a revista IstoÉ sempre foi a maior ‘beneficiária’ dos vazamentos), e aparentemente sempre por pessoas da oposição na época, membros ou simpatizantes do PT!

Roberto Barreto



Passem bem!

Fico perplexo com a forma com que são tratados os assuntos de interesse do povo neste país. A imprensa que se intitula independente mostra a cada dia que é cúmplice dos governos, sejam de que partido forem. Não sei qual o tipo de argumentação usado para defender a forma de cobertura: democracia só se constrói com apuração dos fatos. Todo mundo sabe que existe corrupção em qualquer campanha eleitoral, mas por interesse ou conivência nada é apurado. Nós somos a sociedade mais hipócrita do mundo, vivemos num país de faz-de-conta, todo mundo se dá bem e o povo paga conta. Fica a imprensa informando ao povo o que interessa ao governo, enchendo a cabeça de todos com informações inúteis, contribuindo para a alienação geral.

Este governo pensa que honestidade é privilégio só deles, detentores da moral e dos bons costumes. Este presidente é a figura mais ridícula que já tive a oportunidade de conhecer, cada vez que fala besteira fico mais envergonhado de ser brasileiro. Mas a imprensa o poupa de maneira venal. Tem que haver alguma mutreta, não é plausível tanta complacência por parte da mídia, isto é um descalabro. Cada governo consegue ser pior que o outro. Esta medida provisória contra os bingos é a prova cabal de que existe corrupção. Por que só proibir agora? Só depois do escândalo é que se tornou ilegal? Sem contar o caso do prefeito Celso Daniel, a imprensa ficou caladinha.

Assisto ao programa Observatório na TV, mas quando vocês entrevistam alguém do governo só fazem perguntas para agradar, parece até um teatro, o jogo de cena é perfeito. Sabem de uma coisa? A cada dia que passa vocês todos me dão nojo, todo mundo querendo ficar bem, enquanto o povão fica segurando a bucha. Não vai demorar muito e esta figura vai chorar, falar da mãe, que é nordestino, mas o povo continua a passar fome. Até quando vamos ser obrigados a assistir a dramaturgias? Sem falar nestes políticos que nos dão náuseas. Sabe, não sei por que escrevo, pois está tudo comprado. O vice tentou emplacar um amigo num concurso, e ficou todo mundo calado. Sabe, chega de escrever, estou gastando o meu tempo. Eu nunca mais vou ler é jornal nenhum. Passem bem! Se é que vocês conseguem!

Paulo Drummond

Leia também

Depois das fitas e grampos, o vídeo – Alberto Dines