‘Roberto Requião, governador criticado há meses até pela Globo por fiscalizar em excesso as cargas de soja no porto de Paranaguá, ainda não cantou vitória -ao menos no que foi possível levantar.
Mas a fiscalização já venceu. A Jovem Pan noticiava ontem que o governo federal vai ‘punir’, na expressão usada pelo ministro Roberto Rodrigues (Agricultura) em entrevista por telefone, todos os responsáveis pela exportação de soja contaminada para a China.
O ‘constrangimento’ com o episódio foi destaque, uma vez m’ais, no ‘Valor’. Rodrigues disse ao jornal que a contaminação de cinco navios no porto gaúcho de Rio Grande foi efeito de ‘ganância e imediatismo’, num ‘ato de má-fé’ que está sendo investigado pela Polícia Federal. Explicação técnica do ‘Valor’ para o caso:
– Suspeita-se que a semente contaminada por fungicida não pudesse ser usada em plantio, devido a limitações para o uso de transgênicos, e que, para não perder o lote, o infrator decidiu misturá-las à carga.
Além da punição ao infrator, ‘a fiscalização no porto de Rio Grande será reforçada’.
Nem todos estão satisfeitos. Segundo ‘O Estado de S.Paulo’, para Blairo Maggi, governador de Mato Grosso e ‘maior produtor de soja do mundo’, a rejeição da carga foi manobra dos chineses para descumprir contratos. A chancelaria chinesa garante que não.
A IMAGEM DO BRASIL
Por longos segundos, para espanto de Galvão Bueno, a transmissão do jogo da seleção mostrou a torcedora com os seios de fora. Entre silêncios constrangidos, o locutor buscou deixar ‘claro que a geração é da TV espanhola’.
Na novela das oito, a geração foi da Globo mesmo, com uma cena de nudez da atriz Juliana Paes, capa de ‘Playboy’, para pico de audiência de 55 pontos.
Do site Nomínimo, há dias:
– Sugestão: banimento da expressão ‘nossa imagem lá fora’ de todas as conversas, pesquisas, artigos. A imagem do Brasil no exterior não passa de borrão, em que se fundem 90% de desinteresse com 10% de preconceitos e mitos.
Urânio
O UOL passou o dia com manchete (‘Brasil e China negociam acordo nuclear’) para reportagem de Guilherme Barros, da Folha, que abria dizendo:
– Os governos iniciaram conversações para um possível acordo de cooperação nuclear que contemple a venda de urânio não-enriquecido para abastecer as usinas chinesas.
Era para ser um dia ‘sem acordo a ser fechado’, no dizer da Globo On Line. Daí os destaques para coisas como ‘Xangai, a hora do shopping’ ou ‘Depois dos negócios, a cultura brasileira’. Até aparecer o urânio.
Avestruz
Escalada de manchetes do Jornal da Band, ontem:
– O presidente Lula quer ajuda dos chineses para diminuir as desigualdades sociais no Brasil. Aqui, 2,8 milhões estão desempregados nas grandes cidades, mas há oportunidades no interior. No cerrado do Mato Grosso, agricultores produzem vinho e criam avestruz.
Mais bilhete
Marta Suplicy fez um balanço à Jovem Pan sobre o bilhete único de ônibus em São Paulo, disse que foi bem recebido etc. E que só precisa esperar a licitação que o governo estadual está fazendo para a integração chegar também ao metrô e trem.
Crise de governo
O ‘El País’ deu artigo de Antonio Sáenz de Miera, que ‘dirige um observatório no Brasil sobre política social’, intitulado ‘O que se passa com Lula?’:
– Começam a aparecer sinais preocupantes que podem nos fazer pensar que o governo de Lula não vai por bom caminho. Estamos vendo, como se dizia recentemente no ‘El País’, o declínio de Lula? É muito cedo… Convém esperar e, prudentemente, falar por agora em crise de governo, que existe, sim.
Krugman fala
Mais ‘El País’. Dias atrás, o jornal entrevistou Paul Krugman, economista e colunista do ‘New York Times’, que falou dos EUA e um pouco de Brasil. Pergunta e resposta:
– É duradoura a recuperação econômica da América Latina?
– Minha impressão é que sim. Todavia, creio que o Brasil corre risco. Esteve à beira do precipício em várias ocasiões e precisa de mais investimentos.
Jornalistas
O ‘Washington Post’ noticiou uma pesquisa feita com 500 jornalistas da ‘mídia nacional’, apontando insatisfação:
– Metade diz que o jornalismo está negligente e cheio de erros. Quase metade diz que os jornalistas deixam sua visão ideológica afetar o trabalho.
ANTES E DEPOIS
O tombo de bicicleta não afetou a imagem de George W. Bush. O ‘Washington Post’ destacou fotos do presidente dos EUA antes e depois do pronunciamento de anteontem sobre o Iraque (acima), em cadeia nacional no país e pelos canais mundiais de notícia. Comentou que a maquiagem foi ‘um sonoro sucesso’, eliminando ‘quase todos os arranhões’. O tablóide ‘New York Daily News’ chegou a detalhar os tipos de maquiagem usados.’
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‘Várias frentes’, copyright Folha de S. Paulo, 27/05/04
‘O ‘New York Times’ publicou ontem e o UOL traduziu e destacou, em sua home, reportagem sobre o acordo entre Brasil e Estados Unidos, num conflito comercial de anos em torno da exportação de laranja.
Do destaque do UOL:
– Brasil favorece os EUA e impulsiona a Alca.
Do texto do ‘NYT’:
– O acordo remove um obstáculo importante para os esforços de criação da Área de Livre Comércio das Américas, na data almejada de janeiro próximo.
Em carta conjunta enviada à Organização Mundial do Comércio, os dois países dizem ter chegado a ‘solução mutuamente satisfatória’ no caso, com uma emenda à lei estadual da Flórida que vinha sendo questionada na OMC pelo Brasil.
A notícia estava ontem também no ‘Miami Herald’, da Flórida, e em agências econômicas como Dow Jones. Do porta-voz do representante comercial dos EUA, para a Bloomberg:
– Nós conseguimos um bom resultado.
Na frente comercial que não dá trégua, ‘Financial Times’ e ‘El País’ noticiaram que representantes do Mercosul e União Européia concordaram em fazer novas concessões -e que a previsão é um acordo para ‘logo’.
Entrevistado longamente pelo ‘El País’, o diretor-geral de Agricultura da Comissão Européia afirmou que a Europa vem fazendo concessões ‘como nunca porque tem a ambição de criar a maior zona de livre comércio jamais feita -e a agricultura não vai ser obstáculo’.
Mas as coisas não estão tão róseas, de acordo com o indiano ‘The Economic Times’, também na edição de ontem.
Segundo o jornal, o G20, ‘grupo de países em desenvolvimento que surgiu com força em setembro, nas negociações da Organização Mundial do Comércio, e é liderado por Brasil, Índia e África do Sul’, rejeitou anteontem a proposta dos EUA e União Européia para as barreiras tarifárias no âmbito da OMC.
A proposta teria sido descrita como ‘muito leve para para os países ricos e muito pesada para os países pobres’.
Duas análises sobre o G20.
O ‘India Express’ escreveu ontem sobre os desafios do novo chanceler indiano, colocando entre suas prioridades:
– (Ampliar) os poderes de negociação na OMC, o que ele terá que fazer em cooperação com países como China, África do Sul e Brasil. Ele terá que fortalecer a posição da Índia no G20.
E o sul-africano ‘Business Day’, anteontem, lamentou que as relações Brasil/África do Sul se tornaram mais fortes politicamente, mas não comercialmente, por enquanto.
CONSPIRAÇÃO
O site da CNN e outros destacaram durante a semana despachos das agências AP, Reuters e EFE, com as críticas feitas pelo Ministério da Agricultura, em nota, a reportagens publicadas no ‘New York Times’, ‘Guardian’ e ‘The Economist’. O ministério questionou os dados de que o desenvolvimento agrícola na Amazônia estaria destruindo a floresta. Da nota:
– É inevitável suspeitar que as reportagens refletem o desconforto que o crescimento do agronegócio brasileiro causa em seus concorrentes internacionais.
Se é para ver conspiração por toda parte, vale registrar que vários jornais, como ‘Financial Times’, noticiaram na semana que chegou a 22 o número de mortos por ‘morcegos vampiros’ em Belém. Na Amazônia.
MORTE, SEXO E COMIDA
Para quem busca conspiração, também corre o mundo um pequeno fenômeno chamado ‘A Death in Brazil’, uma morte no Brasil, de Peter Robb. Depois de uma resenha de elogios no ‘New York Times’, ontem foi o londrino ‘Guardian’ que incensou o livro, que não traz apenas uma morte (o título fala do assassinato de PC Farias), mas dezenas, em ‘massacres, genocídios, canibalismo’ etc.
De todo modo, não se trata só de morte, diz o ‘Guardian’, que descreve o livro como um dos melhores retratos do Brasil já escritos. ‘Ele capta o espírito e os paradoxos do país de um modo como poucos escritores conseguiram’, cobrindo da guerra de Canudos à ‘república de Zumbi’, sublinhando também sexo e comida -estes últimos, por sinal, descritos com ‘fantástica erudição’ e citações de Gilberto Freyre.
‘Infantilidade’
Do Jornal Nacional, inclusive com manchete, à CBN, ao jornal ‘O Globo’ e à revista ‘Época’: as Globos todas destacaram que um ‘ex-diretor de Programas Estratégicos do Ministério da Saúde na gestão do ex-ministro José Serra’ é agora o mais novo ‘suspeito de envolvimento com a máfia do sangue’.
A ‘Época’ traz frases dele, de telefonema gravado:
– Hoje tá tendo licitação, simplesmente eles montaram a licitação de insulina no Brasil… Que infantilidade um troço desses. Vai dar m…
Liberdade
Mas notícia mesmo, destaque desde anteontem nas Globos, é que um juiz de Brasília libertou 11 dos ‘suspeitos’ do caso.
Jobim
Nelson Jobim, presidente do Supremo, falou a Alexandre Garcia na Globo News. Pediu ‘uma grande discussão sobre a Justiça’ e defendeu o conselho do Judiciário, negando a expressão ‘controle externo’.
Falou de política. Sobre as pressões contra a carga tributária das empresas, por exemplo, disse com ironia que ‘querem reduzir a receita (da União), mas não a despesa’. E emendou:
– Uma curiosidade: quando se discute carga tributária nunca se discute o sistema S.
Ceticismo
O aviso de um possível ataque terrorista, feito espalhafatosamente pelo governo de George W. Bush, chegou perto de ser ridicularizado pela mídia americana.
Levantamento do ‘Washington Post’ mostrou que, da CNN à CBS, do ‘New York Times’ ao ‘Los Angeles Times’, foi geral o ‘ceticismo’ e a desconfiança de que era só para mudar de assunto.
BC dependente
O site ‘American Banker’ fez longa reportagem e o ‘Washington Post’ repercutiu, durante a semana, a informação de que o presidente do banco central americano, Alan Greenspan, ‘visita a Casa Branca e altos funcionários’ do governo Bush bem mais do que fazia no governo anterior.
Kenneth Thomas, da Universidade da Pensilvânia, que conseguiu os dados recorrendo à Lei de Liberdade de Informação, comentou em sua análise:
– Parece que Greenspan pode ser afetado não apenas pelos ventos econômicos, mas também pelos ventos políticos.
Espanha e a fome
No jornal ‘El País’, a submanchete dizia ontem que o primeiro-ministro espanhol, José Luis Zapatero, no encontro no México, expressou a Lula sua ‘disposição de enviar tropas ao Haiti’.
E aceitou o convite para tomar parte de um ‘encontro da fome’ a ser realizado no Brasil.’
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‘Crescimento’, copyright Folha de S. Paulo, 28/05/04
‘Do ‘Wall Street Journal’, sobre o crescimento da economia no primeiro trimestre, anunciado ontem:
– O Brasil registrou um crescimento econômico que ultrapassou as expectativas e mostrou maior produção graças aos cortes nas taxas de juros que o Banco Central começou a fazer em junho passado.
A taxa de 2,7% de crescimento foi superior à expectativa média levantada pelo jornal junto a 15 economistas (1,95%). Também a Bloomberg fez seu levantamento com economistas, que arriscavam em média 2%.
A avaliação da Bloomberg, sobre o que levou ao inesperado crescimento, foi semelhante à do ‘WSJ’:
– A economia do Brasil cresceu com a queda nas taxas de juros e o impulso nas exportações.
O resultado ‘deve ajudar o governo a responder à crítica crescente de que a recuperação econômica tem sido muito lenta’, no entender do ‘WSJ’.
Para a Bloomberg, na mesma linha, ‘a volta do crescimento na maior economia da América do Sul vai ajudar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a responder às promessas de campanha de criar empregos’.
Não é à toa, ao que parece, o ‘clima de otimismo’ que a Globo identificou em Lula e no ministro Antonio Palocci. Neles e também no ‘mercado’, que o site do ‘Valor’ descrevia assim, ontem à tarde:
– Otimismo é a palavra de ordem no mercado. O bom humor prevalece, após números animadores do PIB e análise positiva sobre a ata do Copom.
Sobre a ata, no entender do ‘mercado’, ela ‘mostrou que a diretoria do Banco Central continua tranqüila com o quadro econômico’.
Em emissoras e sites no Brasil, o crescimento foi creditado às exportações, não aos juros em queda desde junho passado. Foi o que fez, por sinal, o ministro Luiz Furlan.
Mas não faltam, segundo a Globo, sinais de que a demanda interna se recupera. Uma reportagem da emissora tratava ontem das vendas do comércio, dizendo que ‘o consumidor está gastando mais’.
E Míriam Leitão, no Bom Dia Brasil, contava:
– Os empresários Jorge Gerdau e Benjamin Steinbruch me disseram que recentemente o mercado interno também passou a comprar mais. Está havendo uma retomada.
REVOLUÇÃO NA BAHIA
Num programa de meia hora, a BBC retratou ontem à noite a quantas anda a reforma agrária no Brasil. Ouviu o ministro do Desenvolvimento Agrário e outros, mas o destaque foi mesmo para as entrevistas com os sem-terra no interior da Bahia -e não os líderes, mas militantes e assentados, como na imagem acima, à dir. Em geral favorável ao projeto de crédito fundiário do governo federal, apresentou críticas pontuais feitas pelo MST. Na abertura, a expressão em destaque foi ‘a revolução da terra no Brasil’
Kirchner não foi
Do argentino ‘La Nacion’:
– Eram cinco da tarde, o presidente Néstor Kirchner estava em sua residência em Olivos e se sentia cansado. Disse ao chefe de gabinete: ‘Alberto, não me sinto bem. A verdade é que não vou a Guadalajara’.
E assim ele derrubou os encontros que teria no México com o presidente da França, o primeiro-ministro da Alemanha, o presidente da Comissão Européia, o presidente do Chile, o presidente da Comissão do Mercosul, Eduardo Duhalde, além, é claro, de Lula.
Gripe forte
O porta-voz de Kirchner descrevia o quadro, ontem:
– Ele tem uma gripe forte e nada mais. O médico aconselhou não viajar. Trabalha igualmente, mas tem febre.
Segundo o ‘La Nacion’, ‘o governo insistiu que Kirchner está apenas gripado e negou com ênfase qualquer outro tipo de interpretação’.
Virtudes
O francês ‘Le Monde’ destacou ontem o encontro do México em uma longa reportagem intitulada ‘A Europa e a América Latina cantam as virtudes do multilateralismo’.
Concentrou-se na questão política, da relação de ambos com os Estados Unidos.
4 x 24.000
Em texto à parte, um pouco menor, o ‘Le Monde’ louvou a estrutura do Mercosul, com ‘seus quatro funcionários’ – em comparação carregada de ironia com os ‘24.000 da União Européia’.
E fez um breve relato das ainda lentas negociações comerciais entre os dois blocos.
Grande acordo
No ‘Wall Street Journal’, a reportagem sobre Guadalajara se concentrou nos esforços do Mercosul e da UE para ‘um grande acordo comercial’, na expressão do título.
Segundo o jornal americano, ‘os principais negociadores dos dois blocos econômicos expressaram otimismo em torno das conversas para diminuir tarifas de quase 10.000 produtos nos próximos dez anos’.
Desafios
Na internet em português, a cobertura mais extensiva do encontro do México tem sido da BBC Brasil, com reportagens aos montes e entrevistas com os protagonistas -concentrada, também ela, quase inteiramente nos ‘desafios’ para se atingir o acordo UE/Mercosul.
China, o rescaldo
Diversos jornais e sites fechavam ontem suas coberturas da visita de Lula à China.
O britânico ‘Financial Times’ destacou os reclamos de Lula e do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, que cobraram ‘um melhor acordo das nações ricas no comércio’.
A agência econômica européia AFX noticiou que a Huawei, ‘uma das maiores empresas de equipamentos de telecomunicações da China’, fechou negócio com a Intelig para montar a rede metropolitana do Rio.
A agência chinesa Xinhua e o ‘Diário do Povo’ se concentraram no anúncio oficial de que os dois primeiros jatos regionais ERJ-145, ‘um produto sino-brasileiro’, já estão prontos e logo serão entregues.
O argentino ‘La Nacion’ deu que ‘empresários argentinos e brasileiros’ propuseram à China a criação de um ‘mercado comum de soja’.’
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‘Geografia’, copyright Folha de S. Paulo, 27/05/04
‘Depois da China, o México. O encontro da América Latina com a Europa, em Guadalajara, é tema para uma série do ‘El País’ sobre ‘as grandes economias’, caso do Brasil, ontem.
O jornal espanhol disse que Lula viaja ao México direto da China, onde ‘os vários acordos fechados foram descritos pelos dois países como exemplo da nova geografia econômico-comercial’.
É a imagem da ‘nova geografia’ que o Brasil leva a Guadalajara -a partir de amanhã.
Por outro lado, nos sites do ‘New York Times’ e outros, a agência AP noticiou o encontro no México e sublinhou opinião da chancelaria brasileira -de que as ‘relações fortalecidas de América Latina e Europa não se traduzem necessariamente num contrapeso à influência dominante dos EUA, como sugerem alguns’.
A Globo On Line tratou da nova viagem já na cobertura da China, que ontem se voltou em grande parte às relações do Brasil com EUA e União Européia.
Uma entrevista coletiva de Lula alimentou emissoras e sites como BBC Brasil, que publicou trechos. Por exemplo, de Lula:
– Eu tenho a consciência da importância dos EUA na relação conosco. Nossa relação com o mundo desenvolvido, por já ser muito forte, vai ficando limitada do ponto de vista comercial. Parto do pressuposto de que, quanto mais o Brasil pulverizar, mais chances teremos de fazer com que os ricos se abram.
Manchete da Globo.com:
– Lula diz que Brasil trata EUA e UE com carinho que merecem.
A tal ‘nova geografia’ está por todo lado, até numa conversa de Danielle Mitterrand com Gilberto Gil relatada no ‘El País’. Falando a Lula num encontro sobre fome, Wen Jibao, o primeiro-ministro chinês, saiu dizendo:
– Os países desenvolvidos têm a obrigação e a responsabilidade de proporcionar mais ajuda aos países em desenvolvimento.
E Lula, na seqüência:
– Não é possível que as vacas em alguns países desenvolvidos tenham US$ 2 de subsídio diário enquanto metade da população mundial vive com menos.
O ‘NYT’ E A GUERRA
Do ‘Washington Post’ ao ‘Editor & Publisher’, colunas e sites dos EUA tripudiam a nota do ‘New York Times’ sobre sua própria cobertura das armas de destruição em massa (leia mais à pág. A13). A Slate fala que o ‘NYT’ só fez correções ‘depois de gastar o seu doce tempo’, quase dois anos após o primeiro texto. O Democracy Now diz que as reportagens ‘falsas’ de Judith Miller, que fez a maioria, ‘foram chaves para justificar a guerra’. Outro sublinhou que Miller nem foi citada na nota.
Bill Keller, editor do ‘NYT’, num e-mail à redação que foi reproduzido no site de mídia Poynter.org, se explicou:
– A nota não é uma tentativa de achar bode expiatório… Ela não vai satisfazer nossos críticos, mas não foi escrita para eles. É uma tentativa de acertar fatos, o que fazemos como ponto de honra. Para os que imaginam qual é o próximo capítulo, ele é: nós continuamos fazendo jornalismo.
O final se refere ao caso Jayson Blair e à queda de Howell Raines, editor anterior. A nota do ‘NYT’ insinuou que a culpa é dele. E Raines, no mesmo Poynter.org, respondeu:
– Não concordo que os problemas com as reportagens tenham ocorrido porque alguns se sentiram pressionados a obter furos… Da minha parte, em 25 anos no ‘Times’, eu nunca pus nada no jornal que não acreditasse estar pronto.
China na OEA
A agência Xinhua entrou ontem à noite com despacho destacando que ‘a Organização dos Estados Americanos aceitou formalmente a China como um observador permanente’.
Pressões
Em reportagem com o título ‘EUA questionam as táticas do Brasil nas conversas comerciais’, a ‘Forbes’ reproduz crítica de ‘um funcionário americano’:
– O Mercosul parece querer mais dos Estados Unidos do que da União Européia, mas parece estar oferecendo menos.
Um só dado
O ‘Financial Times’ noticiou que ‘temores com o mercado de trabalho enfraquecem reativação econômica do Brasil’.
Mas Lula, ao que parece, não quer nem ver o desemprego. Dele, ainda na China, aos sites:
– Eu só queria dar um dado. De janeiro a abril, foram criados 534 mil novos empregos. É o maior desde 1992. Estou falando do maior dos últimos 12 anos.
Abusos parecidos
A Folha On Line entrevistou o pesquisador do Brasil na Anistia Internacional -e o UOL deu em manchete a opinião dele de que ‘os abusos dos EUA e Brasil são parecidos: tortura, mortes ilegais, condições de detenção’.
Na Jovem Pan, o pesquisador ressaltou ‘a violência da polícia nas grandes cidades’.
Movimento
No despacho da agência AP com as críticas da Anistia aos EUA, reproduzido em jornais do mundo todo, a secretária-geral da entidade, Irene Khan, disse ter se emocionado com ‘os milhões que foram às ruas contra a guerra do Iraque’ e com ‘o Fórum Social Mundial no Brasil’:
– Esses são sinais reais de um movimento global por justiça.
Temores
A agência Knight Rider, da maior cadeia de jornais dos EUA, entrou à noite informando que ‘o Brasil tentou acalmar temores’ ontem, dizendo que ‘não tomou decisão’ quanto a vender urânio.’
FSP
CONTESTADAPainel do Leitor, Folha de S. Paulo
‘Um brinde’, copyright Folha de S. Paulo
’29/05/04
Amazonas
‘Foi com surpresa que li a reportagem ‘Vice do AM é acusado de coagir delegada’ (Cotidiano, pág. C5, 28/5), assinada pela jornalista Kátia Brasil. O texto diz que sou acusado de ter coagido a delegada do Menor Graça Silva por conta de um suposto processo criminal no qual seria citado por ter sido algoz sexual de uma menor -de 15 anos. Vamos à verdade: 1) Não coagi nem pressionei nenhuma autoridade policial quanto à entrega de qualquer documento relativo a processo de interesse da CPMI instaurada para apurar esse tipo de crime; 2) Não conheço a denunciante e desconheço qualquer processo criminal que me envolva no fato narrado na reportagem -e duvido que exista; 3) Estou certo de que, após ter divulgado em minha cidade que sou pré-candidato a prefeito de Manaus, estarei passível de ser vítima desse tipo de mentiras. Em respeito à minha família, estou requerendo à 4ª Vara Criminal de Manaus a cópia do suposto processo mencionado na reportagem a fim de tomar as medidas cabíveis.’ Omar José Abdel Aziz, vice-governador do Estado do Amazonas (Manaus, AM)
Resposta da jornalista Kátia Brasil – A acusação de coação partiu da delegada Graça Silva, da Delegacia do Menor, e de integrantes da CPI de Exploração Sexual. O missivista foi ouvido pela repórter, e o jornal divulgou sua versão. O texto não fala em processo criminal, e sim em inquérito, que está na 4ª Vara Criminal desde junho de 2003 e cuja cópia foi obtida por esta repórter.
Saúde
‘Em relação à carta ‘Saúde’ (‘Painel do Leitor’, 27/5), informo que a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) tem defendido que a assistência ao parto deve ser feita por uma equipe multiprofissional composta pelos médicos obstetra, pediatra e anestesista e pela enfermeira obstetra. Defende, pois, a participação de todos os profissionais de saúde envolvidos na assistência ao parto, independentemente do local. Na opinião da Febrasgo, a assistência ao parto deve ser feita em ambiente adequado, que possua os recursos indispensáveis à segurança da mãe e do recém-nato. As Casas de Parto (Centro de Parto Normal) não oferecem uma maternidade segura, pois não abrigam toda a equipe necessária para a adequada assistência ao parto e, em geral, não estão preparadas para intervir a tempo nas inesperadas e imprevisíveis intercorrências obstétricas que podem colocar em risco a vida da gestante e a do feto.’ Edmund C. Baracat, presidente da Febrasgo (São Paulo, SP)
Celso Daniel
‘Na reportagem ‘Promotoria é ‘eleitoreira’, dizem deputados petistas’ (Brasil, 25/5), foi-me atribuída erroneamente a seguinte frase: ‘Se o Ministério Público quer ser respeitado, não pode permitir que membros do órgão atuem em períodos eleitorais’. Não é o que penso nem foi o que eu disse. A frase correta, de sentido diferente, publicada até mesmo em outros jornais, é: ‘Se o MP quer ser respeitado, não pode permitir que seus membros ajam com motivação política em períodos eleitorais’.’ Professor Luizinho, deputado federal (PT-SP), líder do governo na Câmara (Brasília, DF)
Bolsa de Mercadorias
‘Na reportagem ‘Operação atípica intriga mercado’ (Dinheiro, pág. B12, 27/ 5), assinada por Érica Fraga, a Folha comenta fato ocorrido na Bolsa de Mercadorias e Futuros. A notícia insiste no boato divulgado no dia anterior em jornal carioca que mereceu meu imediato repúdio por carta em que afirmei que há 15 anos não opero em Bolsas brasileiras. Na carta eu disse que ‘sou conselheiro de investidores internacionais que tradicionalmente são compradores, já que apostam no desenvolvimento do país’. A Folha, ao repetir a divulgação da inverdade, mencionou várias hipóteses e afirmou que ‘corriam boatos de que a operação teria sido feita por Naji Nahas, investidor que ficou famoso por ter feito operações, em 1989, que provocaram prejuízos à Bolsa de Valores do Rio’. Há 15 anos, na crise das Bolsas, reagi com toda energia à campanha contra mim que foi orquestrada pelos manipuladores que, lastreados nos então dirigentes da Bovespa, desestabilizaram o mercado e puseram em mim a culpa. Sofri em silêncio, como vítima, por todo esse tempo e recebi, em inúmeros procedimentos administrativos e em diversos processos judiciais, sucessivas decisões que desmascararam os verdadeiros culpados, restabeleceram a verdade e vão, em tempo breve, pôr um ponto final em tudo isso.’ Naji Robert Nahas (Londres, Inglaterra)
28/05/04
Celso Daniel
‘Em relação ao texto ‘Laudo técnico contraria a versão de deputado do PT’ (Brasil, 26/5), quero ressaltar que o ato de solidariedade ao deputado Donisete Braga teve a participação de 71 deputados dos 94 que integram o Legislativo paulista. Todos os líderes dos 14 partidos representados na Assembléia manifestaram apoio ao deputado. Na coletiva que demos após o ato, entregamos à jornalista Lilian Christofoletti documento do MP que comprova a quebra do sigilo telefônico do deputado, o que os promotores tentaram desmentir. Ainda na ocasião foi entregue uma relação de ligações captadas por diferentes ERBs com intervalo de segundos, omitida na reportagem. O texto principal, em vez de reportar-se ao ato de solidariedade, requenta reportagem publicada em 21/5 sobre o laudo da operadora de telefonia Vivo. Na entrevista coletiva de 20/5, o deputado entregou à jornalista cópia de foto que registra sua presença no Palácio dos Bandeirantes no horário em que aparecem os registros das ligações. O ‘lide’ do texto afirma que o deputado é acusado de participação no assassinato e coloca entre aspas a declaração do promotor -’o parlamentar nunca foi investigado por nós’. Quem o acusou então? A Folha? Não é verdade que eu tenha sugerido a quebra do sigilo telefônico de outras pessoas. Coloco à disposição gravação da entrevista em que desafiei os jornalistas a ir ao Palácio dos Bandeirantes realizar dez ligações com celular da Vivo e pedir à empresa um relatório das chamadas.’ Cândido Vaccarezza, líder do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo (São Paulo, SP)
Resposta da jornalista Lilian Christofoletti – O deputado demonstra desconhecer o caso ao misturar dois laudos distintos emitidos pela Vivo. A reportagem de 26/5 foi baseada no laudo requisitado pelo próprio deputado Donisete Braga (PT), que, apesar de usá-lo virtualmente em sua defesa, se negou a apresentá-lo à imprensa. Em relação à ‘acusação’, o nome do deputado foi levantado pela Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo, que requisitou a abertura de inquérito criminal para apurar a eventual participação dele no assassinato do prefeito Celso Daniel. O documento entregue durante a coletiva confirma laudo da Vivo, segundo o qual o celular de Braga estava na região do crime. Além disso, a foto entregue pelo deputado não tem horário, ao contrário do que diz o missivista.
Defesa
‘Em relação à reportagem ‘Russos querem lançar satélites do Brasil’ (Ciência, 26/5), de Salvador Nogueira, sobre a possibilidade de cooperação na área espacial entre o Brasil e a Rússia, o Ministério da Defesa esclarece que não teve e não tem nenhum contato com a empresa Orion Space Ventures sobre proposta de cooperação na área espacial ou em qualquer outra área e que as conversações a respeito do projeto de cooperação espacial entre o Brasil e a Rússia são conduzidas de governo a governo, sem a participação de qualquer ente privado.’ Orlando Vieira de Almeida, assessor especial do ministro da Defesa (Brasília, DF)
Venezuela e EUA
‘Quanto cinismo contém o artigo de Roger Noriega (‘Preservando a democracia na Venezuela’, ‘Tendências/Debates’, 26/5), alto funcionário do governo dos EUA. Em nenhum momento o senhor Noriega informa que a) o governo dos Estados Unidos, violando o Acordo Interamericano pela Democracia, respaldou o golpe de Estado de abril de 2002 contra o legítimo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, eleito e reeleito em eleições limpas e democráticas; b) o governo norte-americano apoiou a greve empresarial de dezembro/janeiro de 2003 com base na sabotagem à Petróleos de Venezuela -o que causou prejuízo de mais de US$ 10 bilhões; c) o governo americano financiou com milhões de dólares entidades locais que se contrapõem por todos os meios, democráticos ou não, ao governo Chávez; d) estão abrigados nos Estados Unidos militares golpistas, prófugos da Justiça venezuelana, acusados de atentados terroristas; e) 130 paramilitares colombianos, apoiados em notórios golpistas internos, invadiram a Venezuela num plano sinistro de magnicídio e derrocada do governo; f) as 800 mil assinaturas que estão sendo levadas ao processo de ‘reparo’ mostraram fortes evidências de fraude; g) o governo dos Estados Unidos respeitará a decisão do Conselho Eleitoral, órgão constitucionalmente competente, seja qual for o resultado.’ Max Altman (São Paulo, SP)
26/05/04
Faz um desserviço ao país a Folha ao esquivar-se de informar ao leitor que sua proposta de que o Brasil passe a criticar outros países por violações de direitos humanos constitui ruptura com o direito internacional público e com a tradição diplomática brasileira (já centenária) de não-ingerência em assuntos internos de outros países. É conhecido no direito internacional o princípio ‘par in parem non habet judicium’ (entre iguais -dois Estados soberanos- não há como um julgar o outro’), que fundamenta o disposto sobre soberania nacional na Carta das Nações Unidas, entre outros documentos. Se deseja aproximar-nos da prática anglo-saxã e européia de emitir pareceres sobre outros países, compete à Folha formular a questão de forma clara, pois é ela, e não o governo Lula, que propõe a mudança da política externa brasileira. Ignorar a lei internacional e a tradição brasileira nas reportagens é escamotear o debate.’ André Bueno (São Paulo, SP)
Foto
‘O artigo de Josias de Souza sobre a biografia de Lula (‘Alcoolismo marca três gerações dos Silva’, Brasil, 16/5) certamente interessou a todos. A foto da capa do livro ‘Lula – O Filho do Brasil’, de Denise Paraná, foi clicada por mim em 1994 num encontro do PT. A foto foi feita no momento em que Lula beliscava um político que estava ao seu lado posando nervoso para retratos de campanha. Lula tentava, assim, relaxar o modelo. Lula nem sequer sabia que estava sendo fotografado. Anos depois, essa foto foi escolhida pela artista gráfica Eliana Kestenbaum, que fez a arte da capa do livro. Portanto o presidente não ‘posou’ para a foto da capa da sua biografia, como afirma o ótimo texto de Josias de Souza.’ Glória Flügel, fotógrafa (São Paulo, SP)
Resposta do jornalista Josias de Souza – A informação de que Lula posou para a foto da capa de sua biografia foi repassada ao repórter por um assessor do Palácio do Planalto, pessoa que priva da intimidade do presidente há anos.’