Nem eles mesmos gostam do que escrevem? Levantamento feito de 8 a 15 de outubro entre 499 jornalistas e professores de Jornalismo filiados ao CCJ (Committee of Concerned Journalists, ou Comitê de Jornalistas Preocupados, www.journalism.org), grupo que discute a qualidade da imprensa americana, mostra que sim: apenas 3% deram nota A à cobertura das eleições presidenciais dos Estados Unidos; 27% deram nota B; 42% deram nota C; 22%, nota D; e 5%, nota F.
As notas mais baixas foram dadas à televisão, local, aberta ou a cabo (o episódio Dan Rather, da CBS News, sobre o passado do presidente Bush na Guarda Nacional, foi o mais criticado: vários entrevistados perderam as estribeiras ao reclamar da CBS); a cobertura dos jornais impressos e de internet ganhou as notas mais altas.
A grande maioria acha que a imprensa se desviou de seu propósito: prefere assuntos triviais, anda a reboque dos fatos e focaliza demais assuntos que não interessam aos eleitores. Apesar das preocupações, há impressões positivas: para os jornalistas entrevistados, a mídia está mais rica com a disseminação de veículos, especialmente online, e a melhor verificação dos fatos é um avanço.
Um grande grupo de entrevistados reclamou que a imprensa se tornou tendenciosa ou muito opinativa, idéia também detectada em levantamento feito com cidadãos este ano. ‘Lembra da imparcialidade?’, escreveu um entrevistado. ‘Experimente. Você pode gostar’.
A pesquisa não é amostra representativa de todos os jornalistas do país, mas de um grupo que escolheu fazer parte do CCJ. Ainda assim, o número de entrevistados é significativo: do total de 4.600 filiados, 2.377 receberam o questionário – os que têm e-mail nos EUA, com mensagens não devolvidas. Desses, 499 (21%) preencheram o questionário. O percentual é comparável às pesquisas políticas com o público.
Uma das respostas conclama a uma reflexão maior: ‘Todas as redações deveriam parar um ano para pensar e responder à questão: a forma como nós fazemos jornalismo está ajudando ou prejudicando a nossa democracia?’
Canais e redes de TV, aberta ou a cabo, foram de longe as piores. Os programas de redes de Tv, que incluem noticiários matutinos e vespertinos e revistas eletrônicas, parece para pelo menos alguns dos entrevistados terem sido influenciado pela experiência.
Notas à cobertura da campanha nas diferentes mídias (I) | ||||
Nota | Jornais | Online | Revistas | TV a Cabo |
A | 8% | 15% | 12% | 5% |
B | 50% | 31% | 33% | 17% |
C | 29% | 22% | 23% | 22% |
D | 10% | 10% | 9% | 26% |
F | 2% | 2% | 2% | 18% |
NOTA: Aos entrevistados foi dada a opção ‘Não sei’
Notas à cobertura da campanha nas diferentes mídias (II) | |||
Nota | Redes de TV | TV Local | Rádio |
A | 3% | 3% | 8% |
B | 13% | 8% | 22% |
C | 30% | 19% | 22% |
D | 31% | 27% | 19% |
F | 17% | 29% | 9% |
Notas aos diferentes tópicos da cobertura da campanha (I) | |||
Nota | Antecedentes dos Candidatos | Caráter dos Candidatos | Propostas dos Candidatos |
A | 3% | 4% | 4% |
B | 22% | 22% | 16% |
C | 34% | 32% | 36% |
D | 29% | 28% | 31% |
F | 12% | 14% | 13% |
Notas aos diferentes tópicos da cobertura da campanha (II) | ||
Nota | Disputa, Estratégia, Táticas | Inclinação do país |
A | 19% | 9% |
B | 31% | 25% |
C | 24% | 33% |
D | 19% | 22% |
F | 7% | 11% |
Quando o assunto foi a caracterização dos candidatos, apenas 26% dos jornalistas entrevistados deram notas A e B à imprensa. Sobre os antecedentes dos candidatos, só 26% deram A ou B. E, no mais baixo de todos os índices, apenas 20% deram notas A e B à cobertura da imprensa de propostas e idéias dos candidatos.