Yevgeny Dzhugashvili, neto de Josef Stalin, perdeu esta semana uma ação por difamação contra o diário russo Novaya Gazeta. O jornal publicou em abril um artigo afirmando que o ditador soviético teria enviado milhares de pessoas à morte e definindo-o como um ‘canibal sedento por sangue’. O juiz rejeitou a acusação de que a matéria teria prejudicado a dignidade e a honra de Stalin.
O caso trouxe o ditador ao tribunal e de volta a lugar de destaque na mídia mais de 50 anos depois de sua morte. Uma vitória de Dzhugashvili seria vista como uma espécie de reabilitação da imagem de um dos autocratas mais conhecidos do século 20. Segundo o grupo de defesa dos direitos humanos Memorial, Stalin teria ordenado a morte de no mínimo 724 mil pessoas. Somente poucos jornalistas puderam comparecer ao julgamento.
Dzhugashvili havia exigido desculpas públicas, correção do artigo e indenização por danos morais. Ele tem cinco dias para apelar da decisão do tribunal. Segundo ele, o documento que incriminava a União Soviética e Stalin pelo massacre de 22 mil intelectuais, padres e policiais poloneses, em 1940, na floresta russa de Katyn, era falso. Depois de culpar os nazistas por décadas, a União Soviética reconheceu em 1990 que a polícia secreta de Stalin foi responsável pelos assassinatos. O neto do ditador questionou, ainda, a existência de um pacto nazista-soviético de 1939.
Muitos russos ainda reverenciam Stalin, alegando que ele conduziu a União Soviética à vitória na Segunda Guerra Mundial e transformou uma nação decadente em uma superpotência. Os críticos do Kremlin alegam que os líderes da Rússia na última década encorajaram uma visão mais positiva de Stalin que as administrações anteriores, para justificar seu próprio retrocesso da democracia. O primeiro-ministro Vladimir Putin e o presidente Dmitry Medvedev evitam criticar ou elogiar Stalin publicamente, mas refutam qualquer tentativa de compará-lo ao ditador da Alemanhã Adolf Hitler. Informações de David Nowak [Associated Press, 13/10/09].