Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

News Corp fecha o News of the World

Desta vez o escândalo foi grande demais. Depois de anos de investigações sobre casos de escutas ilegais de mensagens telefônicas, o tabloide britânico News of the World, fundado em 1843, vai fechar as portas. O anúncio foi feito nesta quinta-feira [7/7] pelo empresário James Murdoch, filho do magnata de mídia Rupert Murdoch, dono da News Corporation. James é presidente da News International, braço britânico do grupo.

A investigação sobre grampos telefônicos de figuras públicas que levou à prisão de um jornalista em 2007 foi reaberta no fim do ano passado e, esta semana, culminou na revelação de que o jornal teria não apenas grampeado, mas apagado mensagens do celular de uma adolescente assassinada em 2002. A esta acusação se juntaram novas descobertas: entre elas a de que o News of the World teria pagado 100 mil libras em propina a pelo menos cinco policiais. A Scotland Yard, que investiga o caso, analisa 11 mil páginas de anotações de um detetive que trabalhava para o jornal; estes documentos contêm pelo menos quatro mil nomes – centenas de pessoas que acreditam ter sido vítimas dos grampos do jornal já entraram em contato com os investigadores.

Nos últimos dois dias, o News of the World foi duramente criticado pela imprensa e por políticos, que cobram respostas, foi alvo de uma campanha de boicote nas redes sociais e viu dezenas de empresas desistirem de publicar anúncios em suas páginas. Em declaração aos funcionários do jornal, na quinta-feira, 7, James Murdoch afirmou que, apesar de o News of the World estar no ramo de responsabilizar as pessoas por seus atos, não fez o mesmo quando se tratou de si próprio.

“Eu não preciso dizer para vocês que o News of the World tem 168 anos. Que é lido por mais gente do que qualquer outro jornal de língua inglesa. Que gozou do apoio dos maiores anunciantes do Reino Unido. E que tem uma história honrada de combate ao crime, de exposição de delitos e de definir a pauta para o país.

Quando eu digo para as pessoas por que tenho orgulho de ser parte da News Corporation, falo que nosso compromisso com o jornalismo e com a imprensa livre é uma das coisas que nos diferencia.

As coisas boas que o News of the World faz, no entanto, foram manchadas por um comportamento errado. De fato, se as recentes alegações forem verdadeiras, [o jornal] foi desumano e não tem lugar em nossa empresa.”

Ele continua:

“Em 2006, a polícia concentrou suas investigações em dois homens [o editor Clive Goodman e o detetive Glenn Mulcaire]. Ambos foram presos. Mas o News of the World e a News International falharam ao não chegar ao fundo de repetidos delitos que ocorriam sem consciência ou propósito legítimo.

Malfeitores transformaram uma boa redação em uma redação ruim, e isso não foi inteiramente compreendido ou avaliadode maneira adequada.

Como resultado, o News of the World e a News International mantiveram, erroneamente, que estas questões se resumiam a um jornalista. Agora, nós entregamos voluntariamente evidências para a polícia que, eu acredito, irão provar que isso não era verdadeiro e fará com que os que agiram de forma errada enfrentem as consequências.”

A edição do próximo domingo, 10, será a última do jornal. Ela não trará anúncios publicitários e o dinheiro já recebido será doado para caridade.

Com informações do Guardian [7/7/11].

 

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