À primeira vista, o tabloide britânico News of the World e o WikiLeaks parecem coisas completamente diferentes, avalia Michael Fullilove em artigo na The Atlantic [5/8/11]. Acessar a caixa postal de uma garota morta é bem diferente de publicar um registro de discussões diplomáticas importantes. Uma é atacar o fraco; outra, o forte.
Jornais têm uma cadeia de comando. Já o WikiLeaks, não – quem monitora as atividades de Julian Assange? Quem está no conselho do WikiLeaks? Tabloides britânicos focam em fofocas de baixo nível, enquanto o WikiLeaks, em política de alto nível. A maior parte das matérias dos tabloides não tem importância; já as informações do WikiLeaks são bem valiosas. Das duas, os tabloides são piores. Assange, o fundador do WikiLeaks, não invadiu a privacidade de vítimas de terrorismo ou publicou registros médicos de crianças.
No entanto, há semelhanças. Ambas compartilham do mesmo modus operandi. Em abril, Assange disse que o governo não tem direito a ter segredos. Mas o mundo ficaria mais seguro se governos não puderem manter dados confidenciais? Como acordos de paz ou de comércio seriam negociados?
Ambas as instituições são indiferentes em relação a obter informações que acreditam ter o direito de ver: uma em nome do lucro; outra, em nome de uma ideologia. Mas as duas querem, no fim, julgar e expor outros, raramente mostrando compaixão.