Monday, 04 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Ninguém admite, mas todo mundo lê. E gosta

Nos EUA, as notícias do momento são a corrida presidencial, o medo de ataques terroristas e os altos e baixos da economia americana. Mas ler notícias sérias o tempo inteiro pode ser muito cansativo. É aí que entra um dos prazeres escondidos da sociedade mais obcecada por celebridades e pela cultura de tablóides do planeta. A revista People, publicada pela unidade Time Inc. da Time Warner, faz qualquer notícia parecer glamourosa. E a circulação de 3,6 milhões de exemplares comprova que a população gosta – mesmo que diga que apenas viu a revista no consultório do dentista.

Segundo Martha Nelson, editora-chefe desde 2002, People sempre traz pessoas interessantes dentro das notícias. O que a revista deseja é que o público se identifique e pense: ‘essa poderia ser eu’. Os temas, entretanto, não são feitos somente de futilidades, fofocas e artistas de cinema. People costuma dar um toque mais humano aos fatos. Dias depois da tragédia da nave Columbia, em fevereiro do ano passado, por exemplo, a revista produziu uma matéria de capa com 12 páginas, com perfis dos astronautas mortos, fotos de suas famílias e relatos de testemunhas.

Mas como a sociedade americana é, segundo Jon Friedman [CBS MarketWatch, 12/3/04], obcecada por celebridades, estas também estampam em abundância as páginas da revista. Desde que surgiu, em 1974, a arma da People é justamente vender histórias sobre ascensão e queda de astros e estrelas.

A estratégia tem dado certo. Em 2003, a receita em publicidade da revista foi de US$ 744 milhões. Com tanto sucesso, People pretende expandir sua marca. Neste sentido, já publicou o título People Hollywood Daily, aproveitando-se do fascínio do público pela cerimônia do Oscar.

Martha Nelson, que hoje comanda a revista, é uma das criadoras da revista In Style, também publicada pela Time Inc. Nelson afirma que se preocupa com a competição entre as revistas, mas costuma pensar mais nos seus leitores.