Três jornalistas foram presos entre os dias sete e oito de setembro após o fechamento do sítio de notícias Rouydad, no Irã. Babak Ghafori Azar, Shahram Rafihzadeh e Hanif Mazroi foram detidos pela Edareh Amaken, unidade de polícia do Teerã responsável por casos de questões morais e ligada ao temido procurador Said Mortazavi. A organização Repórteres Sem Fronteiras [14/9/04] condenou a detenção dos jornalistas, que classificou como injusta e perigosa. Os três foram levados ao presídio de Evin, ao norte de Teerã.
Foi nesta mesma penitenciária, conhecida pelo uso de tortura contra prisioneiros, que morreu a fotojornalista iraniana-canadense Zahra Kazemi, em julho de 2003, depois de ter sido supostamente espancada em cinco interrogatórios – alguns deles comandados por Mortazavi. Os três jornalistas foram colocados em uma ala especial do presídio, que funciona sob ordens diretas do procurador e tem entrada restrita a funcionários do serviço de inteligência autorizados por ele. Recentemente, representantes da ONU em visita ao país tiveram sua entrada negada nesta ala.
Chantagem e crueldade
Outro caso que chocou os RSF foi a prisão do cineasta aposentado Said Motallebi, pai do jornalista exilado Sina Motallebi, em 8/9. Segundo a organização, a detenção do cineasta seria uma forma desprezível de chantagem contra seu filho.
Sina ficou confinado em uma solitária no Irã entre 2002 e 2003. Hoje, vive exilado na Holanda, de onde administra o sítio Rooznegar.com. Ele já publicou diversos artigos e falou abertamente em uma entrevista coletiva na sede dos RSF, em junho deste ano em Paris, sobre a tortura e o péssimo tratamento que recebeu enquanto esteve preso em seu país.
Na ocasião, as autoridades iranianas ameaçaram fazer de Said Motallebi ‘um outro Pourzand’ (em referência ao jornalista Siamak Pourzand, de 75 anos, que teve sua saúde profundamente debilitada depois de ser preso, em março de 2003) caso seu filho não parasse de falar publicamente sobre sua experiência na prisão. Said tem 62 anos e sofre de problemas cardíacos.