O diário britânico The Guardian ganhou cara nova no início desta semana, noticia Adam Pasick [Reuters, 12/9/05]. Depois de amargar um longo período de queda nas vendas e de migração dos leitores para jornais rivais, o Guardian finalmente entrou no jogo e modificou seu projeto gráfico.
Há dois anos, um movimento de diminuição do tamanho dos jornais tomou conta da Europa. No Reino Unido, títulos tradicionais como The Times e The Independent abandonaram o grandalhão formato broadsheet – usado pelos principais diários brasileiros – e aderiram à praticidade do tablóide, compacto e mais fácil de manejar. O objetivo era conquistar novos leitores, principalmente os jovens, e fidelizar os que têm o hábito de ler no transporte público. Quem apostou, viu sua circulação aumentar. Além disso, outro movimento também ameaçava a saúde financeira do Guardian: o aumento no número de jornais gratuitos, como o Metro, distribuídos nas estações de metrô londrinas.
Mesmo assim, a direção do jornal implicava com o formato tablóide, que achava pequeno demais, temia que pudesse ser prejudicial ao conteúdo jornalístico e causasse problemas práticos. Como domina o mercado de classificados de empregos, por exemplo, o Guardian precisaria de cerca de 250 páginas do tamanho tablóide, em certos dias, para acomodar todos os anúncios.
Eis que surgiu – o que se acredita ser – a salvação do Guardian: o formato berliner. Adotado por alguns jornais da Europa continental, como o francês Le Monde, ele possui tamanho intermediário entre o broadsheet e o tablóide e cor em todas as páginas. Foram investidas 80 milhões de libras na mudança.
‘O desafio para nós era continuarmos verdadeiros ao nosso jornalismo, e ao mesmo tempo encontrar um formato de impressão moderno para uma nova geração de leitores neste país’, afirmou o editor Alan Rusbridger. ‘Acreditamos que encontramos isso com o formato berliner, que combina a portabilidade do tablóide com o bom gosto do broadsheet‘.
Nota de Claire Cozens, do Guardian [14/9/05], noticia que as vendas do jornal aumentaram 40% no dia do lançamento do novo formato, de acordo com dados não-oficiais da controladora Guardian Newspapers. O resultado superou as expectativas, segundo a CEO Carolyn McCall, e ultrapassou o aumento nas vendas observado pelos jornais Independent e Times quando eles estrearam no formato tablóide. As vendas do Guardian caíram para 341.698 no mês passado, o menor desempenho desde 1978. Com informações de Torin Douglas [BBC, 12/9/05].