A organização Repórteres Sem Fronteiras [30/8/07] expressou revolta ao tomar conhecimento do assassinato de Anwar Abbas Lafta, tradutor iraquiano que trabalhava para a rede de TV americana CBS News. O corpo do intérprete foi encontrado no dia 25/8, cinco dias após ter sido seqüestrado em Bagdá por um grupo de 10 homens armados. O caso elevou o número de jornalistas e profissionais da mídia mortos no Iraque desde a invasão americana, em março de 2003, para 200, segundo dados da organização.
‘O número de jornalistas e profissionais da mídia assassinados desde 2007 chegou a 49. Para isto parar, as autoridades iraquianas devem ao menos tentar adotar medidas de combate à violência e à impunidade. Infelizmente, aqueles que matam jornalistas não temem nem a polícia nem as autoridades judiciais’, afirmou a RSF.
Iraquianos na mira
Nenhuma guerra foi tão letal para a imprensa. Jornalistas – sejam iraquianos ou correspondentes estrangeiros – deixaram de ser figuras neutras e são vistos como alvos; 75% dos assassinatos de jornalistas no Iraque foram planejados. Nos conflitos anteriores, os profissionais de imprensa mortos eram, em sua maioria, vítimas de balas perdidas ou de ataques não destinados a eles.
Os iraquianos são os mais afetados: do total de jornalistas e assistentes de mídia mortos na conflito, 85% eram locais. Pelos riscos existentes em uma guerra onde o jornalista se torna alvo, muitas companhias de mídia internacionais passaram a enviar menos correspondentes para o Iraque, confiando nos iraquianos para cuidar de apurações consideradas perigosas para um estrangeiro. Não é preciso dizer que estes repórteres iraquianos não recebem a mesma proteção que um jornalista estrangeiro receberia.
Bagdá concentra os casos
A maior parte dos assassinatos de profissionais de imprensa ocorreu em Bagdá (110 casos) ou próximo à capital (34 casos). Os outros 45 incidentes ocorreram no norte do país, principalmente nas cidades de Mosul e Kirkuk. A guerra do Iraque também quebra recordes quando o assunto é seqüestros de jornalistas – 84 profissionais (64% deles iraquianos) foram seqüestrados no país nos últimos quatro anos, sendo ¼ libertados. Pelo menos 27 foram vítimas de execução, e 14 continuam em cativeiro.