Judith Miller retornou à redação do New York Times na segunda-feira (3/10), após passar três meses presa por se recusar a revelar sua fonte à justiça no caso da agente da CIA Valerie Plame. A repórter decidiu testemunhar no fim da semana passada após receber permissão da fonte, identificada por ela como Lewis Libby, chefe de gabinete do vice-presidente dos EUA, Dick Cheney.
Na terça-feira, em artigo no Times, o editor-executivo Bill Keller anunciou que o jornal irá publicar em breve o que chamou de uma ‘prestação de contas’ com os leitores sobre o caso. ‘Eu sei que vocês e os leitores ainda têm muitas perguntas sobre o desenrolar deste drama’, disse ele à equipe, reunida para receber Judith. Keller afirmou que o Times não revelou muitas informações sobre o caso enquanto a repórter ainda estava na prisão por medo de prejudicar sua situação legal. ‘Agora que ela está livre, pretendemos responder àquelas questões. Devemos isso aos leitores e a vocês, nossa equipe’.
Judith disse que iria cooperar com os repórteres responsáveis pela matéria. Ela afirmou ainda que não sabe se escreverá um depoimento assinado no jornal – como fez o repórter da Time Matthew Cooper, envolvido no mesmo caso, depois que testemunhou. A jornalista disse aos colegas que sabe que foi muito criticada por sua decisão de não cooperar com a justiça e contou que descobriu agora que recebeu mais de 100 mil mensagens de e-mail enquanto esteve presa.
Judith se recusou a revelar detalhes de seu testemunho ao grande júri. Ela afirmou que identificou Libby publicamente em parte porque o advogado dele, Joseph Tate, havia afirmado em entrevista à Newsweek que tinha dúvidas quanto à credibilidade de um dos advogados dela, Floyd Abrams. A repórter disse também que seus advogados reabriram o caso não porque ela queria sair da prisão, mas porque prolongá-lo poderia ser pior para todos.
Perguntada sobre se sua tardia cooperação com a investigação não comprometeu a futura habilidade de repórteres em proteger a confidencialidade de suas fontes, ela respondeu que não. ‘É exatamente o contrário. Eu estabeleci padrões claros para quando e como iria cooperar, e eles eram conhecidos por todos’, afirmou. Informações da Editor & Publisher [3/10/05] e de Katharine Q. Seelye [The New York Times, 4/10/05].