Portal Imprensa, 18/03
NYT recebe prêmio de ética por cobertura do WikiLeaks
O jornal The New York Times foi declarado o ganhador do prêmio Payne Awards 2011 de Ética no Jornalismo, nesta sexta-feira (18), devido ao tratamento dado a cobertura dos documentos vazados do WikiLeaks . O evento ocorre na Universidade de Oregon, no dia 20 de abril.
Segundo o site journalism.co.uk, os juízes do prêmio levaram em consideração a qualidade de apuração do jornal e de seu editor Bill Keller por tratarem o editor chefe do WikiLeaks Julian Assange como fonte e não parceiro,por preocuparem-se em consultar fontes alternativas e oficiais, e por explicarem para o público o material vazado, que muitas vezes eram de difícil compreensão e muito ‘cru’.
O NYT, junto com o jornal inglês The Guadian e a revista alemã Der Spiegel, foram os primeiros parceiros do controverso site, para exposição dos documentos na mídia. O NYT esteve envolvido nos três maiores vazamentos do WikiLeaks- Os documentos da guerra do Afeganistão da Guerra do Iraque e os despachos diplomáticos americanos.
‘Nós não podemos superestimar as pressões políticas de todos os lados’ disseram os juízes, ‘Em alguns casos, vidas estavam em jogo. O Times gastou tempo e recursos para fazer um magnífico trabalho com sua investigação e reportagem.’
O tratamento dado aos documentos vazados naão agradaram ao site de Assange. O jornal também recusava-se a linkar suas matérias ao WikiLeaks por acreditar que o site não teve um rígido cuidado em preservar informações que prejudicariam vidas. O WikiLeaks rompeu a parceria com o NYT.
Keller sugeriu em janeiro que o Times também considerava criar um ‘WikiLeaks’ nos moldes do próprio jornal, para que os colaboradores pudessem vazar informações diretamente para a redação nova iorquina.
Portal Imprensa, 18/03
Ana Ignacio
Colaboradora do WikiLeaks anuncia agência de jornalismo investigativo, pioneira no Brasil
Na última terça-feira (15), durante a cerimônia de entrega do Troféu Mulher Imprensa, a jornalista Natalia Viana, uma das vencedoras do prêmio, anunciou oficialmente a criação de uma agência de jornalismo investigativo no Brasil. Em parceria com as jornalistas Marina Amaral e Tatiana Merlino, a Pública se prepara para iniciar as atividades em abril.
A agência é inspirada em centros independentes de jornalismo investigativo existentes no exterior e seu objetivo é realizar reportagens de fôlego em parceria com veículos e jornalistas do mundo todo. O grupo pretende dar espaço para matérias aprofundadas e projetos investigativos longos.
As três unem sua experiência em reportagem para colocar em prática a iniciativa, ainda nova, no país. Natalia iniciou a carreira na revista Caros Amigos e colaborou com veículos nacionais e internacionais como a BBC, Guardian, Sunday Times, Folha de S.Paulo, O Globo, Carta Capital e Opera Mundi, além de ser colaboradora do WikiLeaks. Marina iniciou no jornalismo como copydesk de política na Folha de S.Paulo e participou da fundação da revista Caros Amigos, que tem hoje Tatiana Merlino como editora-adjunta.
Tatiana conversou com IMPRENSA sobre a agência e explica melhor como surgiu a ideia, quais são os principais desafios e a importância do projeto para o jornalismo no Brasil. Veja a seguir:
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IMPRENSA – Como surgiu a ideia e qual o principal objetivo do projeto?
Tatiana Merlino – A ideia surgiu há muitos anos, quando a Natalia Viana e a Marina Amaral conheceram mais de perto os centro de jornalismo investigativo existentes na Europa e Estados Unidos. Recentemente, surgiram centros na América Latina, mais parecidos com a realidade brasileira. Quando a Natalia começou a trabalhar com o WikiLeaks, que trouxe de volta essa discussão sobre novas formas de jornalismo, ambas voltaram a discutir a proposta, e foi quando me juntei a elas para pensar uma agência de jornalismo investigativo. Nossa proposta é escolher grandes temas a serem investigados em longos períodos, em parceria com veículos, instituições e jornalistas independentes do Brasil e de todo o mundo. Entre nossos parceiros de conteúdo, já temos o WikiLeaks, o jornalista britânico Andrew Jennings e centros de investigação como o Center for Public Integrity Bureau of Investigative Journalism, entre outros. Nossa missão é fazer jornalismo de interesse público com o máximo de independência, seriedade e profundidade possível, porém, sem deixar de lado a sedução da boa reportagem.
Quais os maiores desafios que acreditam que vão encontrar com a iniciativa, ainda pouco difundida no Brasil?
Como este modelo de jornalismo ainda é pouco conhecido no Brasil, é possível que haja alguma resistência por parte dos veículos nacionais, que não estão acostumados a trabalhar em parceria com agências como a nossa. Porém, até o momento a proposta tem tido muita receptividade por parte de jornalistas e já estamos preparando projetos para serem feitos em parceria com veículos grandes e pequenos.
Qual a importância da prática de um modelo diferente de jornalismo no país?
Por um lado, nossos veículos da imprensa alternativa têm poucos recursos para investir em reportagens de longo prazo; por outro a grande mídia vem enxugando as equipes, que não tem tempo para se dedicar a pautas de fôlego. Assim, acho que esse modelo pode ajudar a fortalecer a grande reportagem investigativa no Brasil, que, em decorrência da crise do jornalismo mundial tem aparecido pouco nas páginas dos jornais e revistas da imprensa nacional. Por isso, vamos trabalhar com veículos grandes e pequenos, em nome da nossa paixão: a reportagem.
Agência Senado, 21/3
Helena Daltro Pontual
Federação internacional registrou 2.271 mortes de jornalistas de 1990 a 2010
Em 2010, foram contabilizadas 94 mortes de jornalistas por atos violentos em todo o mundo durante o exercício da profissão – 45 a menos do que em 2009 -, conforme relatório divulgado pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ). A entidade registrou a morte de um total de 2.271 profissionais de imprensa no exercício da atividade profissional a partir de 1990 – quando começou a fazer o relatório anual desses dados – até 2010.
Segundo informações dessa entidade, o Paquistão ficou com o pior índice de segurança para os trabalhadores de comunicação em 2010, com 16 mortes, seguido do México e de Honduras, que registraram, cada um, dez mortes de jornalistas. Apesar da redução da quantidade de mortes com relação a 2009, a direção da FIJ alega que esse número ainda é alto, denotando haver grandes riscos em determinadas regiões para o exercício do jornalismo.
A organização não governamental (ONG) internacional Repórteres Sem Fronteiras informa que o Paquistão continua sendo um dos países mais perigosos para o exercício da profissão. Segundo a entidade, além dos jornalistas naquele país serem muito mal pagos, estão expostos a todo o tipo de perigo – desde a tensão do país com a Índia até ameaças terroristas, violência policial, e conflitos tribais. De acordo com a FIJ, a maioria dos jornalistas foi vítima de atos violentos causados pelas guerras contra as milícias no Paquistão, os carteis das drogas no México e os conflitos políticos em Honduras.
Alista dos jornalistas assassinados em 2010 divulgada pela FIJ aponta duas mortes no Brasil, do jornalista da área esportiva Clóvis Silva Aguiar, da Rede TV, no dia 24 de junho; e do jornalista Francisco Gomes de Medeiros, da Rádio Caicó (AM), no dia 18 de outubro.