A partir de segunda-feira (10/4), ficou ainda mais complicado ser freelancer do New York Times. Há três anos, recuperando-se da ressaca do repórter-plagiador Jayson Blair, o jornalão nova-iorquino formou um comitê para estabelecer novas regras e cuidados que evitassem futuros casos semelhantes. O Comitê Siegal, como ficou conhecido por ter sido liderado pelo editor de padrões Alan M. Siegal – cargo também criado na época –, investigou o caso Blair e produziu um dossiê com as principais medidas a serem tomadas.
Uma destas medidas foi o aumento dos cuidados com jornalistas freelancers, sem ligações duradouras com o diário. A preocupação do comitê era garantir que os padrões éticos destes profissionais fossem equivalentes ao do resto da equipe regular do Times. A medida inicial foi criar um ‘contrato’, onde eles se comprometiam a respeitar certos princípios do jornal. Mas outra medida maior estava sendo desenvolvida, e foi anunciada aos funcionários do Times por Siegal e pelo editor assistente Craig Whitney em uma mensagem na segunda-feira [10/4/06].
Conflitos de interesses
Na carta à redação, é dito que, a partir desta mesma segunda-feira, jornalistas freelancers teriam que preencher um questionário para poderem trabalhar para o jornal. A demora na implantação do questionário se deu à necessidade de criação de um sistema eletrônico para armazenar os dados e facilitar o acesso dos editores a eles. As perguntas feitas aos jornalistas serão sobre sua vida e carreira, e visam descobrir se existe qualquer motivo para que aquele profissional tenha conflitos de interesses em determinada pauta. Eles deverão responder também sobre relações financeiras e pessoais e sobre qualquer caso passado em que seu trabalho tenha sido questionado.
Os questionários são submetidos a um sítio especial feito apenas para controlar a admissão e o pagamento de freelancers, e serão revisados por editores. Com base nas informações prestadas, eles irão determinar que pautas são, ou não, adequadas para cada profissional. Desta forma, toda vez que um freelancer for chamado para um trabalho, o editor responsável por aquela tarefa poderá checar seus ‘antecedentes’.