Jornalista e ex-deputado federal, José Gomes Talarico morreu de falência múltipla de órgãos, na segunda-feira (6/12), aos 94 anos. Seu corpo foi velado na Assembleia Legislativa – Rua Dom Manuel, s/nº, Centro. O enterro, marcado para 9h de terça-feira (7), no Cemitério São João Batista.
Talarico participou da luta pela regulamentação da profissão de jornalista e também ajudou a fundar o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro. Conselheiro da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), sempre esteve ligado à militância de esquerda. Amigo do ex-presidente João Goulart, acompanhou Leonel Brizola, ex-deputado e ex-governador do estado, durante toda a sua vida política.
Militância ativa
O jornalista nasceu no dia 11 de novembro de 1915 em São Paulo. Partidário do Governo Provisório chefiado por Getúlio Vargas, iniciou sua carreira jornalística em 1933 como repórter do Correio Paulistano, e trabalhou também na sucursal paulista do jornal carioca A Noite de 1937 a 1938. Neste último ano, ajudou a fundar a União Nacional dos Estudantes e tornou-se inspetor federal do ensino secundário.
Em 1941 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde fixou residência. Passou a trabalhar na redação de A Noite. Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, participou das manifestações em favor da entrada do Brasil no conflito contra a Alemanha e a Itália.
Tomou parte do Movimento Queremista, que defendia a continuidade do governo Vargas e a convocação de Assembléia Nacional Constituinte. Foi preso ao tentar organizar resistência quando da deposição do presidente pelos militares. Em 1950 participou da campanha de Vargas para presidente e, com a vitória de Getúlio, voltou ao Ministério do Trabalho, onde chefiou o serviço de imprensa de 1951 a 1953.
Subchefe do gabinete do ministro do Trabalho em 1960, foi assessor técnico do vice-presidente João Goulart até 1961. Eleito deputado estadual na Guanabara pelo PTB em 1962, durante o governo Goulart foi assessor sindical do presidente, tendo participado da comissão organizadora do comício de 13 de março de 1964, em favor das chamadas reformas de base.
Luta contra a ditadura
Líder do PTB na Assembléia Legislativa da Guanabara até 7 de abril de 1964, passou a ser perseguido por defender João Goulart, deposto pelos militares em 31 de março. No dia 14, teve o mandato cassado e os direitos políticos suspensos pelo Ato Institucional nº 1. Em 1966, colaborou na formação da Frente Ampla, movimento de oposição ao governo do marechal Humberto Castelo Branco, que reuniu correntes políticas ligadas a Carlos Lacerda, Goulart e ao ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Nos anos subseqüentes à instituição do regime militar, Talarico manteve-se em permanente contato com Goulart, exilado no Uruguai, e foi preso diversas vezes por causa de suas constantes viagens àquele país. Foi beneficiado pela Lei da Anistia de 28 de agosto de 1979. Com a extinção do bipartidarismo em novembro de 1979 e a conseqüente reformulação partidária, Talarico apoiou Leonel Brizola na disputa com Ivete Vargas pela sigla do PTB. Com a vitória de Ivete, foi um dos fundadores do Partido Democrático Trabalhista (PDT), em 1980.
Eleito deputado estadual no Rio de Janeiro pelo PDT em 1982, foi nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro em 1984. Antes de assumir o cargo participou do Colégio Eleitoral de 15 de janeiro de 1985, como delegado da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, tendo votado no ex-governador de Minas Gerais Tancredo Neves para presidente da República. Aposentado no Tribunal de Contas em 1986, em 1988, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro.
Afastado da política e da vida partidária, tornou-se membro da diretoria da Associação Brasileira de Imprensa. Casou-se com Alzira Almeida Santos, com quem teve duas filhas. Os amigos o reconheciam como um grande contador de casos, sempre muito bem humorado. [Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro]