PRÊMIO
‘A série Dossiê Estado – Raio-X do Judiciário, de autoria dos repórteres Mariângela Gallucci, Felipe Recondo, Rodrigo Rangel e Vannildo Mendes, ficou entre os cinco finalistas do 6º Prêmio AMB de Jornalismo, na categoria Jornalismo Impresso. Após seleção final, os prêmios serão entregues no próximo dia 28.’
INTERNET
Caso Google preocupa governo dos EUA
‘O governo chinês afirmou ontem que o embate entre Pequim e o maior site de buscas da internet do mundo, o Google, não vai afetar as relações comerciais e econômicas do país com os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, autoridades de Washington voltaram a manifestar preocupação com o caso e a exigir respostas de Pequim.
‘Os Estados Unidos frequentemente deixaram claro para os chineses suas posições em relação ao uso irrestrito da internet, bem como à segurança cibernética e nós esperamos uma explicação do governo chinês’, disse Alec Ross, conselheira da secretária de Estado, Hillary Clinton, para questões relacionadas à inovação. ‘Não acho que nós olhamos para esse caso sob o prisma dos interesses comerciais americanos.’
O porta-voz do Ministério do Comércio da China, Yao Jian, adotou um tom ameno ao falar do caso. ‘Qualquer que seja a decisão do Google, não afetará as relações comerciais e econômicas entre a China e os Estados Unidos’, declarou. ‘Os dois países têm múltiplos canais de comunicação. Nós estamos confiantes no desenvolvimento saudável das relações econômicas e comerciais entre a China e os Estados Unidos.’
Na terça-feira, o Google divulgou ter sido alvo de ataques de hackers que operam em bases na China, que tiveram por consequência o ‘roubo’ de propriedade intelectual. Segundo a empresa, outras 20 companhias americanas teriam sido vítimas da mesma ação.
O site afirmou que deixará de censurar o resultado de suas buscas e poderá sair do país caso não chegue a um acordo com as autoridades. Anteontem, o governo de Pequim defendeu a censura e disse que as empresas têm de obedecer a lei.
Sem citar o Google, a direção da Câmara de Comércio Americana na China divulgou nota ontem na qual diz estar preocupada com a segurança da correspondência comercial, dos dados e das redes de computadores de seus associados.
A Microsoft informou na quinta-feira que não pretende sair da China, apesar do embate que envolve o Google. ‘Temos sido bastante claros de que vamos continuar a operar na China’, disse o CEO, Steve Ballmer, em entrevista à rede de televisão CNBC.’
COLUNA
‘O jornalista Antero Greco assina, a partir de amanhã, uma nova coluna no Caderno de Esportes. Antero deixa o seu espaço semanal na seção ‘Boleiros’ para ampliar seu diálogo com os leitores, passando a escrever três vezes por semana – além dos domingos, terá espaço às segundas-feiras e às sextas-feiras.
A proposta de Antero para a coluna é de manter o seu estilo de um ‘bate-papo’ com o leitor. ‘Gosto de usar linguagem coloquial e recorrer a personagens que conheci no futebol e na vida’, diz. ‘Esses personagens da vida ilustram o futebol e o leitor se sente mais próximo do colunista.’
O jornalista, no entanto, adverte que o bom humor dos textos e dos comentários manterão como linha mestra a imparcialidade, a transparência e o senso crítico. ‘Meu compromisso é com a verdade e com os leitores. A eles devo prestar contas.’
Editor do Caderno de Esportes nos últimos três anos, Antero dedicará a sua experiência à construção da nova coluna e ao planejamento e coordenação da cobertura do Estado na Copa deste ano na África do Sul.
Antero trabalhou para o Grupo Estado pela primeira vez em 1974. Entre idas e vindas, são quase três décadas de convivência com o leitor do Estado. No jornal, participou de coberturas de campeonatos estaduais, nacionais, Copa América, Taça Libertadores e Mundiais de 1982 (Espanha), 1986 (México), 1998 (França), 2002 (Coreia do Sul e Japão) e 2006 (Alemanha). Foi, ainda, chefe de reportagem, redator e editor de Esportes no Estado e na Agência Estado.
Antero integra também a equipe de comentaristas do canal ESPN Brasil desde 1994 e há quase dez anos divide com Paulo Soares a apresentação do Sportscenter, tradicional jornal de fim de noite da emissora.
‘A tendência do jornalismo impresso é ser cada vez mais analítico, e essa é uma tarefa que me agrada’, afirma. ‘O Estado sabe da importância de análises exclusivas e me sinto honrado pelo convite. Vou me divertir, e espero que os leitores aprovem.’
O Caderno de Esportes continuará com sua seleção de articulistas de futebol, além de Reginaldo Leme, especialista em esportes a motor.’
CENTENÁRIO
Memórias de um avô abolicionista
‘O Ano Joaquim Nabuco, que se inicia oficialmente amanhã, data do centenário de morte do líder abolicionista e escritor, com eventos no Rio de Janeiro e Recife (leia nesta página), já surpreende em especial seis pessoas: Sylvia Maria, a Vivi; José Thomaz; Joaquim Aurélio; João Maurício; Maria do Carmo, a Nininha; e Afrânio. Trata-se dos netos de Joaquim Nabuco (1849-1910), todos filhos de José Thomaz, o único dos cinco filhos de Nabuco que teve filhos. ‘Estou admirado com a repercussão da iniciativa’, diz João Maurício. ‘É muito bom saber que meu avô continua a ser lembrado.’
Como Nabuco se casou tarde, poucos meses antes de completar 40 anos, e José Thomaz era o caçula, os netos não conheceram o avô. ‘Nunca o vi como um homem da família, e sim como figura pública’, diz João Maurício. José Thomaz também conta que primeiro se familiarizou com a importância e a obra do avô graças ao que lhe foi ensinado na escola. ‘O pouco que sabemos dele na intimidade se deve a algumas lembranças do nosso pai, que tinha apenas 7 anos quando ele morreu.’ Uma lembrança recorrente entre os netos, que moram no Rio e foram entrevistados por telefone pelo Estado, é a do avô limpando os amplos bigodes do ovo que comia todas as manhãs, segundo o pai lhes contava.
Todos, porém, guardam alguns objetos pessoais e documentos deixados por Nabuco, muitos dos quais foram emprestados para a mostra Joaquim Nabuco, Cidadão do Mundo, já exposta no Rio e que deve correr capitais neste ano. Entre eles, estão os reproduzidos nesta página: o tinteiro, o relógio, a espada e o bilhete inédito em livro do presidente americano Theodore Roosevelt, enviado a Nabuco quando embaixador em Washington, em 1907. A maior parte do acervo dele, assim, está dispersa entre os netos e também na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), no Recife.
Vivi Nabuco é uma das mais ativas promotoras da obra do avô. Por sua editora Bem-Te-Vi, publicará neste ano dois volumes com os simpósios realizados nas universidades Yale e Wisconsin, nos Estados Unidos, com especialistas de várias disciplinas e procedências. ‘São textos de grande valor, que discutem o pensamento e a vida dele com muitas percepções novas’, diz Vivi.
Segundo sua irmã Nininha, o motivo para que ainda haja cartas e manuscritos de Nabuco não coligidas em livro é a vontade de manter o interesse avivado. ‘Não queremos dar tudo, mas aos poucos, para que ele seja sempre lembrado.’
Nininha é a que soa mais entusiasmada ao falar do avô, que todos dizem ser ‘cultuado’ pela família desde a geração anterior. ‘Sou louca por ele’, diz. ‘Ele pregou a revolução pela paz, sem luta de classes. Era muito moderno e com apenas 19 anos advogava para escravos. Ao mesmo tempo, era essa personalidade única, porque nunca se beneficiou de nada.’ Nininha exalta também a prosa do avô, ‘sem floreado’, e sua capacidade de escrever objetivamente sobre o próprio pai, o senador Nabuco de Araújo, em Um Estadista do Império.
Ela lembra que a avó, Evelina, tinha apenas 38 anos quando Nabuco morreu e que jamais tirou as roupas pretas, de luto, e uma folha de hera de ouro no pescoço, que simbolizava sua fidelidade. ‘Era religiosíssima, de uma religiosidade muito suave, delicada, e acho que influenciou meu avô nisso.’ Conta que o avô prezava muito vestir bem, inclusive em casa. ‘Ele nunca estava relaxado e nunca se deixava ver com roupas de baixo.’
CONVERSÃO
José Thomaz também diz que na família sempre se comentou muito a bondade de Nabuco. ‘Era um homem sem rancores, incapaz de fazer uma crítica impiedosa.’ E lembra o episódio em que ele, acompanhando Evelina a uma missa dominical numa igreja católica de Londres, viu um padre e decidiu se confessar. ‘Foi aí que ele teve a conversão, ou, como ele dizia, a reversão, pois reverteu à fé de infância.’ Nininha prefere lembrar sua ‘grande inteligência’ e ‘personalidade estruturada’. Entre os Nabucos, o mais importante acervo é intangível.’
TELEVISÃO
Foliões recrutados
‘Globo e Band já escalaram seus times de ‘foliões’ para a cobertura do carnaval deste ano.
Na Band está quase toda fechada a equipe do Band Folia 2010. No Recife, no Marco Zero, a festa será comandada por Renata Fan e Nivaldo Prieto. Em Olinda, estarão Lorena Calábria e Luiz Megale. Salvador ficará por conta de Patrícia Maldonado, Betinho e Nadja Haddad. O bloco Galo da Madrugada terá transmissão de Luciano do Valle e Flavia do Valle. No Rio, a folia terá Datena, Adriane Galisteu e Téo José. Em São Paulo, Silvia Poppovic e Fernando Vieira de Mello.
Na Globo, sai o estúdio de vidro – aquela bolha que ficava no alto dos sambódromos com os narradores – e entra a Esquina do Samba. Nela ficarão os comentaristas e os narradores dos desfiles das escolas de samba do Rio e de São Paulo. Quem comanda a tal ‘esquina’ é Chico Pinheiro, que deixa a narração da folia paulistana para ser o âncora do carnaval na Globo.
Seu posto de narrador foi passado para Cléber Machado, que fará a transmissão dos desfiles em São Paulo ao lado de Mariana Godoy. No Rio, Glenda Kozlowski e Luís Roberto narram tudo o que acontece na Sapucaí.’
Entre-linhas
‘Por que a Record não aproveita melhor o pacotão de séries americanas que tem? Há produções que, com certeza, dariam bem mais audiência que alguns programas atualmente no ar.
O que foi o merchandising ostensivo do carro novo de Jorge (Mateus Solano) em Viver a Vida, anteontem? Até os atores ficaram constrangidos em cena.
Uma Escolinha Muito Louca ganha exibição dupla na Band até dia 26: às sextas e aos domingos. A partir dessa data a atração ficará só aos domingos.
As gravações da Escolinha foram suspensas – há quem duvide da volta -, mas a Band afirma ter muitas edições inéditas da atração gravadas.
A indústria da morte é o tema da primeira reportagem que Goulart de Andrade fará para o SBT Repórter. ‘Quanto custa morrer? Sabia que existe velório virtual? São essas e outras curiosidades que vou mostrar’, explica o repórter veterano.
Chamado em novembro do ano passado pelo diretor de Jornalismo do SBT, Paulo Nicolau, Goulart não assinou contrato com a emissora e fará, a princípio, apenas duas reportagens.
Goulart contou ao Estado que a segunda reportagem falará sobre o Incrível, Fantástico e Extraordinário. ‘Pode pôr assim que o leitor vai entender’, disse Goulart, que em breve também apresentará um projeto de programa a Silvio Santos.’
PAULO COELHO
‘Facilito a pirataria de meus livros’
‘Paulo Coelho gosta de quebrar barreiras e ultrapassar fronteiras para divulgar sua escrita. No início da semana, ele confirmou um acordo com a Amazon, uma das maiores livrarias virtuais do mundo, para a venda de 17 de suas obras pelo formato e-book em português. Trata-se de um dos primeiros autores nacionais a disponibilizar um material tão vasto na nova ferramenta. E também um novo caminho para atingir seu leitor no momento em que é obrigado a dividir a primazia das listas dos mais vendidos em todo o mundo com Dan Brown e seus códigos misteriosos.
A rede mundial, na verdade, não representa um mistério para Coelho. Afinal, quando boa parte do planeta buscava formas de combater as cópias ilegais, ele passou a oferecer em seu blog oficial links para download de 20 obras em português e traduções para outros seis idiomas. É o já conhecido Pirate Coelho (http://paulocoelhoblog.com/pirate-coelho/). ‘Coloco as traduções que encontro na internet, facilitando o trabalho de piratear meus livros’, justificou. No site, o escritor lembra que não detém os direitos autorais sobre as traduções e incentiva o internauta tanto a adquirir uma cópia legalizada ou, se for baixar o livro, distribuí-la gratuitamente em bibliotecas de cidades pequenas, hospitais e presídios.
Paulo Coelho tem um faro especial para compartilhar os anseios de seu leitor. Quando estava para lançar A Bruxa de Portobello (Planeta), por exemplo, em 2007, percebeu a grande intimidade de boa parte de seu público com as ferramentas da internet e, em parceria com o site de relacionamentos My Space, lançou um concurso chamado A Bruxa Experimental, em que leitores eram convidados a fazer um filme baseado nos personagens do livro. Sobre sua relação com as novas ferramentas, o escritor respondeu, por e-mail, às seguintes questões.
No Brasil, o e-book ainda é visto como um produto distante. O que você pensa dessa nova ferramenta?
Não é apenas no Brasil. Penso que temos ainda uns 5 anos para o e-book se tornar uma realidade em diversos países. Mas os editores já perceberam o problema – quando o e-book se estabelecer, o escritor vai prescindir do editor e ir diretamente para a livraria virtual – e estão muito incomodados. Incomodados mas sem nenhuma resposta concreta, além das discussões bizantinas sobre como encarar esta nova realidade. Quando resolvi comprar as traduções de meus livros, já que nunca vendi os direitos digitais, notei um completo desconhecimento do que estava acontecendo. Não queriam vender, mas não tinham o direito para publicar – e quando pedíamos uma resposta concreta sobre o que desejariam fazer, não tinham nenhuma resposta. Terminei tendo que usar o meu prestígio para conseguir comprar as traduções, mas foi quando notei que estão desorientados.
É possível dimensionar o tempo de transição entre a geração acostumada ao papel e aquela que viverá com aparelhos eletrônicos?
Assim como o teatro sobreviveu a tudo (cinema, televisão, etc.), o livro em papel também vai sobreviver. Mas o que estamos vendo no momento em diversos países do mundo, inclusive no Brasil? As livrarias independentes estão desaparecendo. O grande problema reside aí – não há nada que substitua uma boa livraria – pelo convívio, pela atmosfera, pela beleza. Não sei quanto tempo esta transição levará, bem menos do que imaginamos, e creio que a adaptação de todo o mercado será muito difícil. Por outro lado, o e-book tal como conhecemos hoje será em breve substituído pelos smartphones. Quando digo em breve, estou falando antes do final deste ano. E escrever para o formato do smartphone é muito difícil. O que me facilita muito é que tenho experiência com um blog diário no Brasil, e com o meu blog – textos curtos e diretos.
Você mantém uma intensa interação com seus leitores, acompanhando a visitação de seus blogs, até propondo participação em sua criação artística. Quais as principais vantagens dessa relação tão próxima?
A internet permitiu isso. O que me surpreende é que outros escritores não estejam fazendo o mesmo, já que esta interação é muito enriquecedora. No fundo, a matéria-prima de qualquer livro é o ser humano – e o que tenho feito com meu blog e as duas comunidades sociais de que participo (Tweeter e Facebook) me deixa muito satisfeito.
Aliás, você nota alguma mudança no perfil de seu leitor?
Eu noto esta mudança, mas não através da internet. Vejo que os leitores de Onze Minutos, por exemplo, não são os mesmos que leram O Diário de Um Mago ou O Alquimista, publicados 15 anos antes. Então o que acontece? Os leitores se renovam, o que é bom para o escritor – que tem que se renovar também.
Você chegou a perguntar a Fernando Morais sobre quanto tempo demoraria para seus livros serem esquecidos. Acredita em uma vida longa (ou mesmo eterna) a partir do mundo digital?
A carta no final da biografia é mais retórica do que qualquer outra coisa. Mas acredito que o mundo digital oferece essa possibilidade. E tenho exemplos concretos a respeito: filmes. Vários filmes que eu gostaria de ter visto e desapareceram do mapa e das locadoras, podem ser encontrados em sites P2P. Então o cinema renasce, apesar de as pessoas chamarem isso de ‘pirataria’.
Você já pensou em utilizar as novas ferramentas, a internet e seus correlatos (Twitter, Facebook, etc.) como material para uma trama?
Sim, pensei em fazer um livro com as minhas frases no Twitter, mas apenas para a comunidade que ali está. Não será vendido em livrarias, será dado de graça em formato digital. O escritor escreve para ser lido. Podem dizer que eu me dou a esse luxo porque já vendi mais de 135 milhões de cópias, mas não é verdade. Qualquer escritor quer compartilhar suas emoções e suas experiências.
Uma das grandes preocupações atuais dos editores diz respeito aos direitos autorais digitais. Como os autores devem se posicionar em relação a isso?
Conhecer como funciona. Não creio que a preocupação dos editores esteja ligada aos direitos autorais. Mas qualquer autor hoje precisa saber como funciona.
E você teme a pirataria de e-books?
Eu não temo pirataria em nenhuma área. Veja a resposta que dei sobre o cinema – se não fossem os sites de compartilhar arquivos, não poderia ver muitos dos filmes que estavam na minha lista, mas tinham desaparecido do mercado. Por sinal, tenho meu site Pirate Coelho e, entre a primeira resposta e essa, vi que foram baixados 155 arquivos em diversos países do mundo.’
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