Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

O limite entre jornalismo e ativismo

O jornalista filipino José Antonio Vargas, que revelou recentemente ser imigrante ilegal nos EUA, vem sofrendo retaliação de maneira desproporcional após ter impulsionado o debate sobre imigração no país, afirma o colunista Roy Greenslade no jornal britânico The Guardian [27/6/11].

Em um post no site Inquirer Global Nation, que se classifica como “nação dos filipinos em todo o mundo”, houve mais elogios do que críticas pelo fato de Vargas ter revelado seu segredo. No entanto, na comunidade jornalística, a reação foi bem diferente. O comentarista de mídia Howard Kurtz, por exemplo, postou um tweet no qual afirmava que Vargas violou a lei, mas que nem todos os jornalistas são assim – e, ao menos, ele teve coragem de admitir.

Já Steve Myers, colaborador do centro de estudos em jornalismo Poynter Institute, na Florida, escreveu uma matéria na qual abordou o fato de Vargas ainda se considerar jornalista, mesmo fazendo campanha pela reforma da lei de imigração. Isto porque existe uma noção de que jornalistas americanos não devem fazer campanha sobre nada abertamente, devem ser objetivos e “eunucos” políticos e sociais, diz Greenslade.

Objetividade jornalística

Myers escreveu seu artigo após uma entrevista concedida por Vargas à NPR, na qual a repórter Michelle Norris notou ser difícil conciliar jornalismo com ativismo. “Eu sou jornalista. Vou à igreja todos os dias; é jornalismo. É a minha igreja. É a minha religião. É tudo que soube e sei fazer. Nos próximos meses, com a campanha presidencial de 2012, espero garantir que o tema seja levado em consideração”, respondeu quando perguntado por Michelle se se considerava um “ex-jornalista”.

Michelle prosseguiu, lembrando a dualidade na vida de Vargas e a necessidade que ele teve de mentir diversas vezes, além de ele não ter, ainda, pedido desculpas. “Lamento ter violado as leis do país – do meu país. Não sou diferente de ninguém e quis sobreviver. Se não tivesse mentido, não poderia ter trabalhado”, desabafou. “Já escrevi mais de 650 matérias e o trabalho fala por si só”. Vargas já trabalhou para o Washington Post e escreveu para veículos como o Huffington Post e a New Yorker. Para Greenslade, quem leu o artigo de Vargas no New York Times, no qual admite ser ilegal, entende os motivos pelos quais ele não contou antes sobre o fato de não ter documentos legais para morar nos EUA.

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