No mês passado, o site do New York Times lançou um novo serviço de notícias em vídeo chamado TimesCast. Por meio dele, o internauta pode acompanhar imagens da reunião de pauta da manhã, além de comentários de editores e repórteres, na medida em que as matérias vão se desenvolvendo. A seção logo conquistou fãs. ‘Parabéns a todos. Já estou viciado’, escreveu o leitor Stephen Beaumont.
Trata-se de mais um modo de o diário usar tecnologia para mostrar seu jornalismo e seus jornalistas, escreveu o ombudsman Clark Hoyt, em sua coluna de domingo [11/4/10]. Também estão sendo usados serviços como Twitter e outras redes sociais. No entanto, diversos episódios mostraram os riscos da mudança de uma cultura impressa, com base em reportagens apuradas, diversas etapas de edição e tempo para reflexão, para plataformas onde velocidade é fator crucial.
No segundo dia do TimesCast, o editor-executivo Bill Keller falou de maneira que soou desrepeitosa sobre uma matéria envolvendo Israel. Uma semana depois, uma jornalista de economia, no Japão, infeliz sobre algumas frustrações comuns de um correspondente – falta de sono, café ruim, entrevistado que não entendeu sua pergunta etc – perdeu a paciência e twittou ‘A Toyota é péssima’. No Dia da Mentira, dois blogueiros acreditaram em notícias falsas. ‘Todos estes exemplos aconteceram por conta da aceleração do ciclo de notícias. Estamos sempre online, o que aumenta o perigo de não se conferir as informações como deveríamos’, admitiu Keller. Segundo ele, as organizações de mídia sempre tiveram momentos nos quais tinham que trabalhar sob a pressão do deadline e há claramente mais riscos nestas ocasiões. ‘A diferença agora é que estamos sempre trabalhando sob a pressão do deadline‘.
Outra diferença importante é o fato de o NYTimes estar abrindo seu funcionamento ao público. Agora, com a transmissão da reunião de pauta, por exemplo, é preciso ter todas as informações logo pela manhã e já podem ser observadas mudanças sutis, como o fato de os editores estarem se vestindo melhor e falando de modo mais formal.
Ninguém edita os repórteres do NYTimes no Twitter, embora existam normas de conduta para as redes sociais. Eles não podem, por exemplo, pensar que o que escrevem no Facebook ou Twitter seja uma posição pessoal, pois – queiram ou não – são vistos como representantes do jornal.