Há duas semanas, 14 ônibus fretados pelo grupo Ação Nacional do Povo e pelo sindicato internacional de trabalhadores dos EUA levaram 700 manifestantes para a frente da casa de Gregory Baer, vice-conselheiro geral do Bank of America. Usando megafones, eles protestaram contra as políticas do banco e seu papel no processo de confiscar imóveis com financiamento atrasado. Baer, que estava fora quando o protesto começou, foi vaiado quando chegou para encontrar seu filho adolescente, que estava sozinho em casa – e assustado com a gritaria. Vizinhos reclamaram do barulho. Policiais foram chamados e os manifestantes foram acompanhados por eles até outro protesto em frente à casa de um lobista do banco de investimentos J.P. Morgan Chase.
No dia seguinte, o Washington Post não publicou nada sobre os protestos, observou o ombudsman Andrew Alexander em sua coluna de domingo [30/5/10]. Por isso, os leitores, perplexos, enviaram e-mails comentando que o caso foi divulgado no site Huffington Post e outros veículos. O protestos ainda continuaram por mais um dia, e o Post divulgou informações resumidas sobre o caso apenas em seu site. As manifestações só ganharam atenção nacional quando Nina Easton, colunista da revista Fortune e do canal Fox News, escreveu um artigo para a CNNMoney.com. Nina é vizinha de Baer e presenciou os protestos. Logo depois, o Fox News colocou no ar matéria sobre o assunto, debatendo se a polícia agiu de maneira correta e se os manifestantes violaram a lei.
Falha nossa
Finalmente, nove dias após os protestos, o site do Post publicou um artigo em que explicava que a polícia ‘não acompanhou os manifestantes, mas monitorou o movimento deles’. Ainda assim, nada apareceu na edição impressa. ‘Claramente cometemos um erro. Não sabíamos da pauta inicial’, admitiu o editor Emilio Garcia-Ruiz. Segundo George Goehl, diretor-executivo do grupo Ação Nacional do Povo, a mídia não foi comunicada com antecedência sobre a manifestação. Mas o repórter Arthur Delaney, do HuffingtonPost, que estava no local, disse que soube do protesto por fontes do sindicato, o que, segundo o ombudsman, levanta questões sobre a falta de fontes do Post no principal sindicato de trabalhadores do país. Além disso, o jornal poderia ter coberto a manifestação posteriormente, questionando se os manifestantes violaram a lei de privacidade residencial, contando a reação dos vizinhos, apurando se o presidente Barack Obama, que teve apoio do sindicato em sua campanha, aprova este tipo de protesto, etc. Para sobreviver, o Post precisa conhecer sua audiência local, resume o ombudsman.