Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O jornalismo e sua triste transição

‘Estamos nós, jornalistas, preparados para enfrentar uma crise econômica e suas conseqüências?’, questiona Malén Aznárez, jornalista e vice-presidente da organização Repórteres Sem Fronteiras na Espanha, em artigo no El País [14/4/09]. Os meios de comunicação em todo o mundo, em especial os jornais impressos, estão imersos em uma crise particular que se arrasta há alguns anos, provocada pelo crescimento da internet, jornais online, diários gratuitos, queda de publicidade e novas plataformas tecnológicas. Tal situação ameaça não apenas os veículos e as redações, mas também alguns dos elementos básicos no exercício do jornalismo nos países democráticos.

As primeiras conseqüências deste período de transição dos veículos de comunicação de massa começaram a dar sinal, com o fechamento ou a reestruturação de organizações de mídia e ondas de demissão. Na Espanha, 1,8 mil jornalistas foram demitidos desde junho do ano passado e calcula-se que este número possa chegar, em breve, a cinco mil.

Para Malén, trata-se do triste fim de uma das melhores etapas da história do jornalismo espanhol, compreendida entre a morte do general Francisco Franco – a Transição, período histórico no qual o país muda do regime ditatorial para o regime constitucional – e o início da crise econômica atual. Este foi um período em que o despertar da liberdade, o adeus à censura, o florescimento dos novos meios e o entusiasmo dos profissionais abriram espaço ao nascimento de um jornalismo de qualidade antes desconhecido no país, cujos pressupostos essenciais eram a verdade, o rigor e a honestidade. ‘É possível manter os princípios éticos e o ânimo em meio a um panorama de incertezas?’, questiona ela. ‘Não temos que nos render; esta não é uma profissão de conformistas’, conclui.