A coluna de domingo [13/6/10] foi a última que Clark Hoyt publicou no cargo de ombudsman do New York Times. ‘Nos últimos três anos, minha tarefa foi tentar ajudar este jornal a manter a promessa de seguir seus altos padrões jornalísticos, na medida em que cobriu uma eleição presidencial histórica, duas guerras, uma recessão, violência no Oriente Médio, dentre outros’, escreveu.
Neste período, ele lembra que condenou o uso excessivo de fontes anônimas, alertou contra o uso de opinião nas matérias informativas e atentou para a preservação da qualidade do NYTimes na internet. ‘É necessário muita coragem para uma instituição como o NYTimes convidar alguém de fora para o cargo de ombudsman. Era como se tivessem me dado uma arma carregada – espaço no jornal e em seu site para escrever sobre o que eu escolhesse sobre sua performance jornalística. Meu contrato estipulava que eu não deveria me reportar a ninguém e só poderia ser demitido por duas razões: não fazer algum trabalho ou violar as normas éticas escritas da empresa. O contrato, feito para garantir minha independência, vem com limites de mandato, e o meu termina esta semana, assim como qualquer relação formal com o NYTimes‘, contou. Um novo ombudsman será nomeado em breve.
Experiência
Os antecessores de Hoyt, Daniel Okrent e Byron Calame, enfrentaram algum nível de resistência da redação. Já sua recepção foi ‘acolhedora e profissional’, diz ele, por conta do trabalho dos ombudsmen anteriores. Um ombudsman recebe cerca de 300 mensagens em um dia normal e, caso algum blogueiro peça que seus seguidores protestem sobre algo que o jornal publicou, este número pode chegar a milhares.
Ao longo de seus três anos no posto, Hoyt ouviu acusações de que o NYTimes é liberal demais. Não há dúvidas de que as páginas editoriais tendam para esta posição, pois, embora seja um jornal nacional, compartilha as sensibilidades da cidade em que é publicado. Mas se o diário fosse exageradamente liberal, não teria sido publicada, por exemplo, a reportagem investigativa que tirou do poder o governador de Nova York, o democrata Eliot Spitzer. Hoyt conclui afirmando que erros foram cometidos. ‘Como uma instituição humana, os 1.150 funcionários da redação falham. Mas acertam muito mais que erram’, elogia.