O jornal britânico The Guardian lançou uma campanha, em 13/10, contra o presidente Bush. Criada pelo editor Ian Katz, a ‘Operação Clark County’ tinha como objetivo estimular os leitores do jornal a escreverem cartas para os eleitores indecisos do condado de Clark, em Ohio, orientando-os a votar em Kerry. O local foi escolhido por ter sido identificado pelo Guardian como uma região crucial em um estado com votação indefinida.
Cerca de 14 mil leitores, incluindo o prestigiado escritor John Le Carre, seguiram a orientação do jornal e enviaram mensagens por e-mail. A campanha teria sido um sucesso, não fosse a revolta dos próprios americanos, que não gostaram nada de ver um órgão do outro lado do Atlântico tentando influenciar sua eleição presidencial.
O sítio da campanha foi invadido por hackers ‘politicamente inspirados’, segundo Katz. O editor contou que ele e outros 53 membros do jornal chegaram a receber 700 spams cada um em suas caixas de mensagens. A maioria dos e-mails indesejados promovia causas políticas conservadoras. O sítio do Guardian também recebeu centenas de mensagens indignadas, algumas delas com insultos anglofóbicos.
‘Vocês ainda não perceberam que os americanos não dão a mínima para o que os europeus pensam de nós? Vão escovar seus dentes, seus animais imundos’; ‘Verdadeiros americanos não estão interessados em suas opiniões afrescalhadas. Se vocês querem salvar o mundo, comecem com seu canto desprezível’ e ‘Se não fosse pelos EUA, vocês estariam falando alemão’ são algumas das pérolas recebidas pelo jornal nas últimas semanas.
Diante da reação de ódio dos americanos, o Guardian resolveu suspender a campanha. Katz afirmou, entretanto, que a ‘Operação Clark County’ surtiu o efeito desejado, que era provocar o debate sobre a eleição dos EUA. Informações Matt Hines [CNET News, 22/10/04] e Richard Johnson [New York Post, 23/10/04].