Mais de 40 organizações de mídia do México assinaram um documento com normas para a cobertura de temas violentos ligados ao narcotráfico – um dos grandes problemas do país. Os grupos englobam cerca de 700 emissoras de rádio, TV e jornais, que concordaram, entre outras coisas, em não exibir imagens repulsivas.
Além disso, emissoras e jornais comprometeram-se a não exaltar traficantes, e não apresentá-los como vítimas ou heróis. ‘O poder do crime organizado para corromper e intimidar tornou-se uma ameaça a instituições e práticas que sustentam nossa democracia. Hoje, a liberdade de expressão é um risco’, escreveram as instituições. O presidente do México, Felipe Calderón, elogiou o acordo das empresas de notícias. ‘A participação da mídia é crucial para a construção de políticas de segurança do Estado’, declarou.
Proteção aos profissionais
As organizações mexicanas prometerem, ainda, uma ação conjunta para proteger jornalistas. Desde 2006, 20 profissionais foram assassinados no país por conta de seu trabalho. O acordo defende o direito da mídia de criticar políticas governamentais. Alguns jornais e revistas importantes, como Reforma, La Jornada e Proceso, optaram por ficar de fora, por temer que as normas levem a restrições à liberdade de imprensa.
Dentre os 10 pontos do acordo voluntário, que defende que a mídia deve condenar e rejeitar o crime organizado, estão: proteger os direitos das vítimas e crianças envolvidas na violência e nunca divulgar informações que as coloquem em risco; tratar pessoas presas como suspeitas em vez de assumir que elas são culpadas; não publicar ou exibir informação que prejudique operações militares e policiais; encorajar cidadãos a reportar crimes e ajudar a reduzir a violência, sem que eles sejam colocados em risco. Informações de Roy Greenslade [The Guardian, 25/3/11].