Uma pesquisa feita pelo instituto ComRes e publicada esta semana no jornal britânico Independent traz resultados interessantes. Diante do escândalo dos grampos telefônicos no tabloide News of the World, dois em cada três entrevistados acreditam que a News Corp, dona do jornal, deveria ser obrigada a deixar totalmente a operadora de TV BSkyB; por outro lado, a maioria vê os jornalistas que trabalham nos tabloides como pessoas “decentes”.
Para 65% dos 1.002 adultos britânicos entrevistados entre 22 e 24 de julho, o caso do News of the World mostrou que a companhia do magnata Rupert Murdoch não é apropriada para comandar a maior operadora de TV paga do país. Antes do escândalo que levou ao fechamento do tabloide, Murdoch, que já possui 39% da BSkyB, tentava comprar a empresa inteira. Os planos acabaram indo por água abaixo diante da péssima publicidade gerada pelo caso.
O descontentamento do público com o empresário e seu grupo de comunicação não é, desta forma, uma surpresa. Também não é surpresa que o escândalo, sugere a pesquisa, tenha arranhado a reputação do primeiro-ministro britânico, David Cameron, já que o caso expôs a relação próxima de empresários de mídia como Murdoch com políticos do alto escalão do governo.
Sem culpa
O resultado interessante, no entanto, diz respeito aos jornalistas que trabalham nos tabloides. Ainda que pela pequena margem de 1%, a maioria dos entrevistados considera que estes profissionais são “pessoas decentes e honestas”. No site do Guardian [26/7], o colunista Roy Greenslade questionou o que se deve entender por “tabloide”. Os pesquisadores se referem a formato ou estilo de jornalismo?
“‘Tabloide’ é uma definição imprecisa hoje em dia”, diz ele. Ainda assim, pondera o colunista, “levando em consideração que a maioria das pessoas que respondeu à pergunta provavelmente pensou nos tabloides sensacionalistas, o resultado é surpreendente”. A questão era: “A maioria dos jornalistas de tabloides são basicamente pessoas decentes e honestas?”. Entre os entrevistados, 46% responderam que sim; 45%, que não; e 9% não souberam responder.