Durante o julgamento de três acusados de participação no assassinato de Anna Politkovskaya , na semana passada, promotores russos reconstruíram os minutos finais da jornalista. Um painel de 19 juízes teve acesso a imagens de câmeras de segurança do prédio em que Anna morava, em Moscou, filmadas momentos antes do crime.
Nas cenas, um homem de boné que entra no edifício é considerado o suposto assassino. Ele deixa o local 24 segundos após a chegada da jornalista. A apresentação das imagens foi feita no segundo dia do julgamento. Crítica ferrenha do Kremlin, Anna, que trabalhava como repórter investigativa para o jornal Novaya Gazeta, empenhava-se para denunciar abusos na região da Chechênia. O crime ocorreu em outubro de 2006.
A promotoria reconheceu que o homem visto nas imagens não seria nenhum dos réus julgados – os irmãos chechenos Dzhabrail e Ibragim Makhmudov e o ex-policial Sergei Khadzhikurbanov. Eles são suspeitos de participar da logística do assassinato. Acredita-se que um terceiro irmão checheno, Rustam Makhmudov, tenha sido o responsável pelos disparos. Ele está foragido.
Investigação duvidosa
O julgamento é visto com um teste para o sistema judiciário russo. O assassinato de Anna gerou um intenso debate sobre o compromisso da Rússia com a liberdade de expressão. A jornalista costumava criticar intensamente o então presidente – e hoje primeiro-ministro – Vladimir Putin. Até hoje, ninguém foi acusado de ser o mandante do crime. Para piorar a situação, as audiências, que seriam, a princípio, abertas à imprensa, estão ocorrendo a portas fechadas. Informações de Aydar Buribaev [Thomson Reuters, 27/11/08].