Para os europeus, as leis americanas que proíbem obscenidade na mídia sempre pareceram próprias de país com raízes puritanas. De fato, muito do que aparece normalmente nos meios de comunicação da Europa – violência, sexo, nudez – deixaria os americanos boquiabertos. No entanto, segundo matéria de Thomas Wagner [AP, 28/12/04], países europeus vêm tomando medidas para regulamentar o conteúdo considerado indecente na mídia.
A Alemanha, por exemplo, tem agências independentes para supervisionar os meios de comunicação em cada estado. Isso acaba deixando muito espaço para nudez e sexo na imprensa. Recentemente, o popular jornal Bild publicou na capa a foto de uma celebridade com seios à mostra. No ano passado, comissão nacional foi criada para supervisionar a mídia, porque os jovens envolvidos no massacre de uma escola em Erfurt teriam sido influenciados por um jogo violento. A comissão proibiu a exibição do reality show Extreme Makeover antes das 23h, porque passa às crianças uma idéia errada dos ‘valores humanos’.
Na Itália, continuam sendo exibidos programas escandalosos na TV. A última edição do Big Brother local, por exemplo, foi recheada de sexo, álcool e palavrões. Desde 2002, a autoridade nacional de comunicação determina que atrações classificadas para o público adulto só podem ir ao ar após as 22h30 e é informada a classificação etária dos filmes.
Para os espanhóis, decoro na TV é questão recente, pois, até 1989, a televisão era estatal e funcionava nos moldes da ditadura franquista. Em poucos anos a TV privada impôs a telebasura (telelixo) aos telespectadores. Uma campanha popular forçou as três maiores redes a assinarem um código de conduta com o governo.
A Rússia tem regras para programação indecorosa. Atrações impróprias para crianças não podem ser exibidas antes das 23h, por exemplo. Em novembro, o parlamento aprovou uma norma proibindo imagens de cadáveres, cenas de assassinatos e estupros. Não distingue, entretanto, um filme barato de pancadaria da versão cinematográfica de Guerra e paz, por exemplo, o que faz com que críticos a qualifiquem de draconiana.