Os quatro maiores jornais do Paquistão publicaram, na semana passada, matérias com detalhes de documentos vazados pelo WikiLeaks sobre líderes civis e militares da Índia. Segundo os relatórios, diplomatas americanos teriam descrito os generais indianos como presunçosos, egoístas e genocidas. Eles também disseram que o governo indiano está secretamente ligado aos fundamentalistas hindus e que os espiões indianos apóiam secretamente militantes islâmicos no Baluquistão, cinturão tribal do Paquistão.
Um dos jornais tinha como manchete: ‘Evidências suficientes do envolvimento indiano no Baluquistão’. Título parecido foi divulgado pelo jornal em língua urdu mais vendido no Paquistão. Se as informações fossem corretas, as revelações confirmariam os piores medos dos chantagistas nacionalistas paquistaneses e ameaçariam as relações entre Washington e Nova Déli. A questão é que tudo não passou de mentira.
Uma busca extensa por nome, palavras-chave e data no banco de dados sobre o WikiLeaks do jornal britânico Guardian não conseguiu localizar as acusações incendiárias. O caso parece ser o primeiro no qual os vazamentos do WikiLeaks estão sendo usados com propósito de propaganda. As alegações foram creditadas à agência online Agengy, com base em Islamabad e que costumava publicar matérias pró-Exército. Segundo Shaheen Sehbai, editor do News, as matérias foram copiadas da agência e ele investigará suas origens. Informações de Declan Walsh [The Guardian, 9/12/10].