Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Paulo Rogério

‘‘A tarefa de conquistar leitores, do ponto de vista dos jornais regionais, está calcada na interatividade com os leitores e na cobertura dos assuntos locais’. Nelson Homem de Mello, jornalista.’

O dia era de decisão para o Fortaleza. O time precisava vencer o Fast por três gols de vantagem para se classificar na Copa do Brasil. O POVO preferiu menosprezar a difícil missão tricolor e estampar na capa de Esportes uma foto de Ronaldinho Gaúcho, de língua de fora, com a manchete: Ele vem ou não vem? Internamente, o tom foi o mesmo: ‘Unidos pelo Gaúcho’. No dia seguinte, outra manchete preocupante: ‘Fortaleza vence e garante vinda de Gaúcho’. A reação dos torcedores diante da desvalorização do Leão foi rápida.

No Portal, os comentários mostraram indignação: ‘Nós, cearenses, com esse tipo de matéria, merecemos ser tratados como inferiores’ ou ‘Que coisa ridícula valorizarem mais a possível vinda do Gaúcho que a vaga’ disse outro internauta. Não há como negar que Ronaldinho é a grande atração do Fla. Porém, o jornal e seus profissionais não podem entrar nesse circo midiático de superstar . Jornalista não é tiete nem promotor de show. Naquele momento, o Fortaleza era o mais importante. Não esqueçamos que O POVO é um jornal regional e, como tal, trata com atenção fatos e personagens locais. A meu ver, não houve isso.

Overdose de Luizianne

Na mesma semana em que o Ombudsman abordou a questão do jornal abrir espaço fixo para a prefeita Luizianne Lins escrever artigos semanais, eis que o governador Cid Gomes, conforme havia antecipado estreia na mesma editoria – Opinião – porém, uma vez por mês. Ainda acredito que textos despertam interesse público e tem enorme abrangência, logo, é jornalisticamente importante. A leitora Edna Bessa discorda e acha que fere a ética. ‘Não acredito em almoço grátis. Isto afeta a credibilidade da imprensa’ afirmou ela, para quem gestores do executivo não podem ganhar tanto espaço na mídia.

A desconfiança do leitor é normal. O problema é que fica difícil explicar qualquer independência quando o jornal publica na mesma edição – dia 22 – quatro fotos de Luizianne, três delas em manchetes de página das editorias de Fortaleza, Política e Economia. Um passeio em setores chaves da administração, para regojizo dos assessores da prefeitura. ‘Continuo com o mesmo ponto de vista’ alegou o leitor João Ricardo Santos o mesmo que criticou, na semana passada, os excessos. Como dizer o contrário diante dessa ‘overdose’.

Indefinição

As análises e infográficos melhoraram a cobertura do jornal nos conflitos do Oriente Médio. Porém, os editores parecem perdidos com relação a um personagem: o líder líbio Muamar Kadhafi. A cada edição o nome do ditador é escrito de uma maneira. No domingo (20) era Moammar Khadaffy, na segunda-feira virou Muammar Khadafi e no dia seguinte ganhou quatro versões: Khadaffy, Gaddafi, Kadhaf e Kadhafi.

Mais de 100 formas diferentes já foram usadas pela imprensa mundial. O motivo é a dificuldade na tradução de nomes árabes. No Brasil, a Folha usa Muammar Gadaffi. O Globo, Kadafi. O POVO decidiu padronizar, segundo a editoria, na última quarta-feira, pelo critério da ‘simplicidade’. Fixou Muamar kadhafi. A regra não tem funcionado. Na quinta-feira apareceram Kadhafi e Gaddafi na mesma página. Na sexta, Kadhafi no texto e Khadafi na manchete.

Na latinha

O caderno Vida & Arte Cultura lançou domingo um bom debate sobre o uso do lixo como arte na dança, fotografia, cinema e pintura. Um erro histórico no tópico Artes Plásticas, porém, acabou comprometendo o trabalho. Para o leitor João Pessoa ‘um erro grosseiro e que uma pesquisa na internet resolveria’. Ele tem razão. A matéria erra ao afirmar que o francês Marcel Duchamp expôs fezes dentro de uma lata no Museu de Arte Moderna de Nova York. O italiano Piero Manzoni é o verdadeiro autor da obra intitulada ‘Merda d’artist’. Duchamp expôs outra obra: A fonte, um urinol invertido.

FOMOS BEM

LEI DO PAREDÃO

O POVO foi o primeiro a antecipar o debate sobre a responsabilidade da fiscalização.

FOMOS MAL

SEGURANÇA

O jornal minimizou rebeliões de presos em duas delegacias da Capital, uma delas no Centro.

ESQUECIDO PELA MÍDIA:

Caso do ambientalista Zé Maria do Tomé, assassinado com 25 tiros em abril de 2010′