A Press Complaints Commission (PCC), órgão de regulamentação da imprensa britânica, anunciou na quinta-feira (29/6) a criação de uma nova diretriz sobre a cobertura de casos de suicídio, que deve ser incluída em seu Código de Prática em agosto. O objetivo é evitar o ‘fenômeno internacional’ de cópias de suicídios alardeados amplamente pela mídia.
O comitê que redigiu o Código de Prática a ser respeitado pela indústria jornalística do Reino Unido consultou fontes internacionais e verificou que há casos de pessoas que imitam formas de suicídio logo após a divulgação de notícias sobre o assunto. Será incluída no Código uma nova cláusula sobre a cobertura de suicídios dentro do artigo sobre ‘intrusão em [casos de] luto ou choque’. Atualmente, o item afirma que, ‘em casos que envolvem luto pessoal ou choque, apurações e abordagens devem ser feitas com solidariedade e discrição e a publicação, feita de maneira sensível. Isso não deve restringir o direito de reportar procedimentos legais, como investigações’.
Les Hinton, presidente da News International e também presidente do comitê, afirmou que as novas regras apenas formalizam práticas já seguidas por muitos editores. ‘Nós temos tentado minimizar o risco [de suicídios copiados] – ao mesmo tempo em que mantemos o direito do público à informação – ao enfatizar a necessidade por cuidado para evitar detalhes excessivos, a não ser que seja de interesse público divulgá-los’, completou.
Flagrante
O debate sobre o tema foi ampliado após a controversa cobertura da morte da advogada americana Katherine Ward, fotografada pulando da janela de um hotel em Londres, em janeiro deste ano. As imagens foram publicadas pelo Sun, Evening Standard e Times, levando grupos de apoio emocional, como o Samaritans, a fazer lobby pela introdução de uma provisão específica sobre a cobertura de casos de suicídio.
Na ocasião, reclamações feitas por amigos de Katherine foram rejeitadas pela PCC, que considerou que a cobertura havia sido correta. Entretanto, a menção de um dos reclamantes de que havia a possibilidade de que as fotos encorajassem a imitação do suicídio levou o comitê a introduzir a nova cláusula. O executivo-chefe do Samaritans, David King, afirmou que considera a iniciativa da PCC um ‘grande passo’. Informações de Owen Gibson [The Guardian, 29/6/06] e BBC News [29/6/06].