Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas. ************ Folha de S. Paulo Segunda-feira, 12 de abril de 2010 CAMPANHA Petista diz que usará Twitter para trocar ideias e ouvir sugestões ‘A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, estreou ontem no Twitter (
TODA MÍDIA
Nelson de Sá
Hu Jintao vem aí
‘Às vésperas da chegada do presidente da China, a agência Xinhua noticiou mais um Instituto Confúcio no Brasil, para ‘introdução à cultura chinesa’.
E o ‘China Daily’, que já havia noticiado a defesa por Lula da ‘governança global equilibrada’, fechou a semana entrevistando Zhang Yuyan, da Academia de Ciências Sociais, sob o título ‘Emergentes precisam de mais representação’, por serem ‘indispensáveis’.
Sob o título ‘Crise testa coordenação dos Brics’, o embaixador chinês na Rússia acrescentou à Xinhua que eles devem estabelecer ‘um novo caminho para o desenvolvimento econômico na era pós-crise’.
MEDVEDEV VEM AÍ
Também Moscou já anuncia um centro da Fundação Mundo Russo (Russkiy Mir) para o Brasil.
Dmitri Medvedev chega ao país na quarta e, segundo o assessor presidencial Arkady Dvorkovich, na agência RIA Novosti, quer ‘postura comum’ dos Brics para a reunião do G20, no final do mês, e debater a adoção de ‘moedas nacionais’ para o comércio dos quatro. À agência PTI a chancelaria disse esperar que a cúpula ajude a estabelecer ‘uma nova ordem policêntrica’ no mundo.
SINGH VEM AÍ
O primeiro-ministro Manmohan Singh também está a caminho, anotam agências indianas, e o ‘Times of India’ informa em título que ‘Pela primeira vez as nações Bric e Ibsa vão dar ênfase a questões globais’. (A segunda, em cúpula paralela, deve reunir Índia, Brasil e África do Sul.) Segundo o jornal, posições hoje conflitantes dos cinco emergentes sobre temas de ‘paz e segurança’, como Irã e Israel, serão tratadas para maior coordenação.
‘O CARA’
No alto da página de opinião, o ‘Times of India’ publicou longo elogio a Lula, ‘herói em casa e estadista no palco global’, ‘o homem do momento’ -e cobrou por que ‘um líder indiano não pegou o papel’
‘El PAÍS’ & LULA
Com foto do diretor e Lula, o espanhol ‘El País’ destacou, da ‘conversa’, que o brasileiro leva hoje aos EUA uma crítica ao mundo dividido entre os armados ‘até os dentes’ e os sem armas nucleares
SEU PRÓPRIO CAMINHO
Kevin Casas-Zamora, da instituição Brookings, próxima a Obama, escreve no ‘Yale Global’ a longa análise ‘Garoto propaganda da globalização, Brasil mapeia seu próprio caminho’. Em suma, ‘deixando para trás sua história de Estado dependente da ajuda externa e do guarda-chuva de segurança dos EUA, surfou a onda da globalização para se tornar uma potência econômica e diplomática’. Destaca a recusa em seguir a ‘solicitação’ da secretária de Estado, Hillary Clinton, de apoio às sanções ao Irã.
RETALIAÇÃO LÁ
A nova ‘Time’ publica o artigo ‘Por que os EUA estão subsidiando também fazendeiros brasileiros’, criticando a proposta americana que adiou a retaliação comercial. Já o ‘Wall Street Journal’ deu editorial informando sobre as retaliações anunciadas, inclusive propriedade intelectual -e avisando em seguida que, ‘antes de gritar por ataque ao Brasil, saiba que adotou ações aprovadas pela OMC’. Revista e jornal miram o ‘protecionismo americano’.
DE HOLLYWOOD
Na capa do ‘New York Times’, com a foto, ‘Tribos da Amazônia acham aliado em Avatar’. O Gawker ironiza que, ‘Despachado por Hollywood para seduzir os nativos, James Cameron vira ambientalista’
EQUILÍBRIO
Nas escaladas tanto da Record como do SBT, sábado, ‘Serra lança pré-candidatura’ com ‘beijinho em Aécio’, enquanto ‘Lula leva Dilma a metalúrgicos’. No ‘Jornal Nacional’, ‘PSDB lança pré-candidatura de Serra’. O blog de Reinaldo Azevedo na ‘Veja’ postou que o telejornal da Globo dedicou 3min28s para Serra, agora, e 3min36s para o lançamento de Dilma, dia 20.’
SEM INTERNET
Ruy Castro
De volta ao passado
‘RIO DE JANEIRO – Foi nos anos 80, pouco depois que a implantação dos computadores na Redação de um jornal carioca aposentou as máquinas de escrever. Era o futuro chegando e, com ele, o fim da matraca das teclas, das laudas amassadas e atiradas na cesta, das correções com xxxxxx cobertos de tinta e das matérias que tinham de viajar de mesa em mesa, do repórter ao editor, ao copy, ao secretário, ao diagramador e à oficina. Os computadores eram frios, silenciosos e perfeitos.
Um dia, o desastre. Uma pane paralisou o sistema na hora do fechamento da edição e ninguém conseguia achar a causa do defeito. Corre-corre, angústia entre os técnicos, desespero entre os editores. O tempo passando e o impensável iria acontecer: pela primeira vez em quase 60 anos, o jornal não sairia no dia seguinte.
Até que alguém da direção teve a ideia: mandar buscar no depósito, onde estavam esquecidas, acumulando umidade e poeira, as velhas máquinas de escrever. O jornal daquele dia teria de ser feito ‘no braço’, como antigamente -como desde que existia jornal. Quando os contínuos entraram pela Redação trazendo as Remingtons nos ombros, houve um grito, um urro coletivo, como de gol. O jornal se fez e, no dia seguinte, o sistema se refez. O passado voltou para o seu lugar, mas foi bonito enquanto durou.
Pois, há mais de dez dias, também estou de volta ao passado. Uma instabilidade no Velox, serviço de internet da Oi, anterior à chuva no Rio, me deixou na mão. A visita de um técnico do Velox, solicitada, prometida e protocolada, não aconteceu. Em vez dela, o silêncio.
Com isso aqui estou, ilhado, sem internet, impossibilitado de receber e enviar mensagens e ditando palavras, vírgulas e aspas por telefone, inclusive esta coluna da Folha. Viva os anos 70.’
TECNOLOGIA
Julio Wiziack
No Brasil, Apple avança com computadores
‘A Apple nasceu como fabricante de computador, mas fez da telefonia seu principal negócio. Hoje, a venda do iPhone, seu celular que navega na internet, responde por 36% do faturamento mundial. No Brasil, suas vendas foram consideradas um fracasso pelas operadoras. Mas o aparelho, lançado quase simultaneamente com as lojas da Apple no país, acabou atraindo os brasileiros para algo que a americana vende como nunca: os computadores.
A companhia não atua diretamente no varejo no país. As vendas são feitas por lojas de parceiros comerciais, que vendem produtos da Apple com exclusividade -com exceção da Saraiva. Segundo eles, faz parte da estratégia da Apple ficar entre os cinco maiores em participação na comercialização de computadores, em cinco anos.
Mesmo vendendo equipamentos acima de R$ 3.000 (valor superior à média dos rivais), seu objetivo é ganhar ao menos 1% de mercado já em 2010, ainda segundo seus parceiros. A Apple não comenta.
‘Em algumas lojas, as vendas superaram em 20% as metas’, afirma Marcelo Sé, dono da rede MyStore. Ele tem quatro unidades e abrirá outras duas em São Paulo ainda neste ano.
‘Nos EUA, ela é a quarta maior do mercado de computadores’, diz Germano Grings, vice-presidente da rede Herval, uma das principais varejistas no Sul do país e parceira da Apple nas lojas iPlace. ‘Aqui, ela também pode ser a quarta.’
Na rede Saraiva, o avanço dos computadores Apple não é diferente. ‘A marca já responde por 20% do faturamento com artigos de informática da rede’, afirma Marcílio Pousada, superintendente da Saraiva, que vende Apple em 35 das 93 lojas, mantendo quiosques exclusivos da marca em oito delas.
Na Fast Shop, que possui cinco lojas A2You, as máquinas da Apple já desbancaram os desk- -tops da concorrência, segundo a Folha apurou.
Para conseguir mais mercado, a Apple terá necessariamente que expandir o número de lojas. A companhia não revela nem o total das novas unidades nem os locais. A marca também conta com uma loja própria na internet. Desde outubro de 2009, os itens são vendidos com pagamento facilitado, exclusividade do Brasil.
Otimismo exagerado
Analistas estimam que a fatia da Apple no mercado brasileiro de computadores não chega a 2%, o que daria uma média de 50 mil máquinas vendidas por ano. Para atingir 3% de participação em 2010, teria de chegar a 180 mil unidades.
A aposta desses especialistas na Apple é de longo prazo, porque no Brasil o preço ainda é decisivo na hora da compra. ‘Comparando com ela mesma, a Apple chama a atenção’, diz Luciano Crippa, analista do IDC (International Data Corporation). ‘Mas estamos projetando um mercado que chegará a 12,8 milhões de computadores neste ano, o que dá uma participação pequena comparada aos concorrentes.’
Os parceiros da Apple discordam. Para eles, a primeira fase de ‘propaganda’ ocorreu em torno do iPod, do iPhone e, agora, do iPad (‘tablet’ para leitura de livros digitais, por exemplo). Esses produtos, dizem, abriram portas para que os brasileiros conhecessem os computadores. ‘O objetivo é quebrar a imagem de que Apple é produto de elite’, diz Sé, da MyStore.
Num primeiro momento, a meta é aumentar a participação da Apple entre os consumidores das classes A e B ao trocar suas máquinas que rodam com o sistema Windows pelas da Apple. ‘Com o parcelamento, já estamos vendendo até para a classe C’, diz Sé. Os parceiros da Apple estimam que com 3% de mercado já seria possível nivelar os preços com os da concorrência. ‘É uma questão de escala’, diz Grings, da iPlace.’
Disputa por uso do nome atrasa chegada do iPad
‘A chegada do iPad, o ‘tablet’ (computador portátil) da Apple, corre risco de atraso no Brasil devido a uma disputa pelo uso da marca.
Desde janeiro, o nome ‘iPad’ está registrado pelo Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) para a empresa Transform Tecnologia de Ponta, que também atua com tecnologia.
Em março, a IP Application Development, companhia que estaria registrando a marca pela Apple em diversos países, protocolou o pedido de uso da marca iPad no Inpi. A Folha procurou os advogados da empresa, mas não obteve retorno.
Wilson Ferracini, advogado da Transform, informou que estuda entrar com pedido de cancelamento da solicitação da IP. O prazo vence no final de maio e, caso seja derrotada, a IP terá de negociar a compra da marca com a Transform para usá-la no Brasil. ‘A lei assegura que a marca permanece com quem obteve primeiro’, diz.
Outros países têm disputas similares. No Japão, o nome ‘iPad’ é da Fujitsu, que batizou de iPad um computador portátil. Na Europa, o direito de uso do nome é da STMicroelectronics.’
Motoko Rich, NYT
Menos capas para julgar
‘Bindu Wiles estava no metrô do Brooklyn, Nova York, em março, quando viu uma mulher lendo um livro cuja capa tinha uma instigante silhueta negra da cabeça de uma menina diante de um fundo laranja.
Wiles notou que a mulher tinha mais ou menos a sua idade, 45, e levava consigo um colchão de ioga, então imaginou que elas tinham afinidades e se inclinou para ler o título: ‘Little Bee’, romance de Chris Cleave. Wiles, pós-graduanda em escrita de não ficção na Faculdade Sarah Lawrence, em Bronxville, digitou uma anotação no seu iPhone e comprou o livro naquela mesma semana.
Tais encontros estão ficando mais raros. Como cada vez mais gente usa o Kindle e outros aparelhos eletrônicos de leitura, e com a chegada do iPad, nem sempre é possível observar o que os outros estão lendo, ou projetar os seus próprios gostos literários. Não dá para julgar um livro por sua capa, caso ele não a tenha.
‘Há algo [de especial] em ter um belo livro que parece intelectualmente pesado e apetitoso’, disse Wiles, que se lembra de ter gostado quando recentemente, ao reler ‘Anna Karenina’, as pessoas podiam ver a capa no metrô. ‘Você se sente meio orgulhosa de estar lendo isso.’ Com o Kindle ou o Nook, disse ela, ‘as pessoas jamais saberiam’.
Entre outras mudanças prenunciadas pela era do e-book, as edições digitais estão varrendo as capas de livros dos metrôs, das mesas de centro e das praias dos EUA.
Isso é uma perda para editores e autores, que costumam aproveitar a publicidade gratuita para os seus livros na forma impressa: se você observar as sobrecapas nos livros que as pessoas estão lendo num avião ou num parque, pode decidir também conhecer os títulos ‘Os Homens Que Não Amavam as Mulheres’ ou ‘The Help’.
‘Com frequência, quando você pensa num livro, lembra-se da sua capa’, disse Jeffrey Alexander, professor de sociologia cultural da Universidade Yale. ‘É uma forma de atrair as pessoas por meio do visual para a leitura.’
Nas livrarias, onde a maioria das vendas ainda acontece, as capas têm um papel crucial. ‘Se você já passou por esse obstáculo de fazer o consumidor ser atraído pela capa, e ele decide pegar o livro, uma enorme batalha foi vencida’, disse Patricia Bostelman, vice-presidente de marketing da rede de livrarias dos EUA Barnes & Noble.
Mas é uma vitória que será mais difícil de alcançar se ninguém for capaz de perceber se você está lendo ‘Guerra e Paz’ ou ‘Diamonds and Desire’. Talvez nenhum outro elemento do processo editorial receba tanta contribuição de tanta gente diferente quanto a sobrecapa. Primeiro, o diretor de criação chega com uma ideia.
(Que tal esta imagem de uma maçã?) Aí o editor do livro, o autor e o agente dão uma olhada. (Dá para aumentar a fonte no nome do autor? E já não foi usada uma maçã naquele livro sobre vampiros? Este livro não é sobre vampiros.) O editor do selo se envolve.
(Vampiros vendem. Eu gosto da maçã.) O pessoal de vendas faz comentários. (Não há um ângulo econômico? Que tal uma maçã com uma laranja dentro? Isso já funcionou antes.) Até os livreiros têm uma opinião. (O que eu realmente gosto numa capa é um par de saltos altos.)
Claro que uma boa sobrecapa dificilmente salva um mau livro. Mas, num mercado concorrido, uma capa chamativa é uma vantagem que todo autor e editor deseja. Para se ter uma ideia, numa análise aleatória de mil livros de negócios lançados no ano passado, a consultoria Codex Group descobriu que apenas 62 venderam mais de 5.000 exemplares.
Conforme as editoras exploram a publicidade dirigida no Google e em outros mecanismos de busca e redes sociais, elas percebem que uma capa digital continua sendo a melhor forma de representar um livro.
Alguns leitores esperam que os dispositivos eletrônicos de leitura acrescentem funções que permitam divulgar o que se lê. ‘As pessoas gostam de exibir o que estão fazendo e o que gostam’, disse a blogueira Maud Newton. ‘Então acabará havendo um jeito de as pessoas fazerem isso com os e-readers.’
Por enquanto, muitas editoras confiam no efeito Facebook. ‘Antes, você podia ver três pessoas lendo ‘Comer, Rezar, Amar’ no metrô’, disse Clare Ferraro, presidente dos selos editoriais Viking e Plume. ‘Agora, você vai entrar no Facebook e notar que três dos seus amigos estão lendo ‘Comer, Rezar, Amar’.’
Algumas editoras digitais suspeitam que uma das razões para a popularidade das edições digitais de obras românticas e eróticas seja a discrição dos e-readers. Mesmo assim, as capas ainda importam.
Holly Schmidt, presidente da editora de e-books Ravenous Romance, contou o caso de uma antologia de contos sobre mulheres mais velhas e homens mais jovens. A primeira versão tinha na capa digital a imagem de uma mulher cativante. Não vendeu quase nada. A editora disponibilizou uma nova capa on-line -desta vez mostrando os torsos nus e musculosos de três jovens-, e as vendas decolaram.
A nova capa, segundo Schmidt, ‘pegou um livro fracassado e o transformou em um produto de vendas bastante fortes’.’
TELEVISÃO
Andréa Michael
TVs brasileiras vão à França vender novelas e minisséries
‘Cada um com sua proposta, Globo, Record e produtores independentes desembarcam hoje em Cannes (França) para o MIPTV, um dos principais eventos da indústria de conteúdo para televisão do mundo. Neste ano, devem se reunir cerca de 13 mil profissionais de criação, produção e distribuição de mídias tradicionais e de novas plataformas digitais de mais de cem países.
A Globo oferecerá as novelas ‘El Clón’ (2010) – coprodução com a mexicana Televisa, já vendida a 13 países da América Latina-, ‘Viver a Vida’ (2009), ‘Caminho das Índias’ (2009) e ‘Paraíso’ (2009).
Na lista de séries estão temporadas de ‘Os Normais’ (2001-2003), ‘A Diarista’ (2004-2007), ‘Força Tarefa’ (2009), ‘Som & Fúria’ (2009) e uma adaptação de ‘A Lua Me Disse’ (2005).
A Record apostará nas versões em inglês e espanhol de ‘A História de Ester’ (2010); nas novelas ‘Poder Paralelo’ (2009) e ‘Bela, a Feia’ (2009);e também na série ‘A Lei e o Crime’ (2009).
Já a Band levará ‘Anjos do Sexo’, inédita no Brasil, e os programas ‘Papo de Boleiros’ e ‘Parintins’. O grande investimento dos independentes, segundo Kiko Mistrorigo, da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão, será a busca de parceiros. ‘É para vencer as barreiras que vários países impõem aos estrangeiros’, diz.
VIRADA
Depois de dez anos, Maurício Arruda deixa de dividir com Serginho Groisman a direção do ‘Altas Horas’ (Globo).Vai se dedicar a escrever.Tudo conversado.
PERDIDO
Alguns atores de ‘Lost’ já estão filmando o episódio final da série, que termina nos EUA em 23/5, mas, para garantir que nenhum segredo vaze, não receberam o ato final. ‘E você definitivamente precisa dessas páginas que estão faltando porque, até onde li, os mistérios ainda não foram resolvidos’, disse o ator Henry Ian Cusick, o Desmond, à ‘People’.
LEGENDÁRIOS
Grande aposta da Record, ‘Legendários’ terá 20% do conteúdo feito com a colaboração de internautas.
MEDALHA
Com 5,1 milhões de visitantes em março, o portal MTV bateu seu recorde, de 4,2 milhões de acessos (aumento de 21%). Recorde também em visitantes únicos, 2,6 milhões-o número anterior era de 2,2 milhões (crescimento de 18%). A fonte é o Google Analytics.
SPRAY
A série ‘Artes Visuais’ (Sesc TV) estreia, no dia 14, às 21h30, documentário sobre a obra dos irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, os grafiteiros que assinam como Osgemeos.
FÊNIX
O ator Guilherme Weber voltará a ‘Tempos Modernos’ (Globo). Viverá um padre, irmão gêmeo do vilão Albano, personagem que interpretava e havia morrido.’
Lúcia Valentim Rodrigues
Série enfoca crises familiares com reencontro de filha e pais
‘Uns começam, outros terminam. Nos EUA, ‘Life Unexpected’ exibe hoje seu último episódio. No Brasil, o primeiro capítulo da série inaugura a programação do canal Liv, que substitui o People+Arts. Criado por Liz Tigelaar, o seriado entrou no lugar de ‘Gossip Girl’ na TV americana e foi bem o suficiente para já ter em negociação uma segunda leva.
A trama gira em torno de Lux (Brittany Robertson). Ela não teve uma infância fácil. Ao nascer, foi abandonada pela mãe. Teve problemas no coração e acabou não sendo adotada.
Aos 16, entrou com um processo para se emancipar. Precisava da assinatura dos pais biológicos, então vai atrás deles. Baze (Kristoffer Polaha) parece ter parado na adolescência. Mora no andar de cima de seu bar. Cate (Shiri Appleby) é a voz na rádio que Lux escuta. Para a juíza do caso, tanto faz.
Manda os pais, mesmo separados, cuidarem da filha e ponto. Começa uma nova fase de adaptação. A mulher tem de contar ao noivo que já tem uma filha adolescente. O homem descobre que era pai havia anos. A jovem frustra os planos de ir morar com os amigos.
‘Fiz muita pesquisa com jovens na Califórnia. Quase sempre eles têm problemas em confiar nos outros, porque já tiveram muitas decepções’, conta, por telefone à Folha, a atriz Brittany Robertson, 19, que vive a atormentada Lux. A jovem é muito mais adulta que os pais e acaba ajudando a administrar as crises deles.
‘Lux é bem mais madura que a média. Como sou um pouco mais velha que ela, funciona. Mas entendo o quanto essa relação pode ser frustrante.’
Britt prefere não comentar séries também voltadas para teens como ‘Gossip Girl’ e ‘90210’, mais voltadas para um público consumista.
‘Há programas que focam mais em moda e música. Mas são gêneros diferentes. É como comparar um filme de terror com comédia romântica.’’
DIÁRIO DE MOGADÍCIO
Jeffrey Gettleman, NYT
Rádio tenta se manter erguida em meio às ruínas da Somália
‘MOGADÍCIO, Somália – Uma jornalista com a cabeça recoberta por um véu (mas que também traja uma saia justa de brim) está sentada em um estúdio à prova de som, com um microfone diante do rosto. ‘Salaam aleikum’, diz ela, cumprimentando um homem que telefonou para a rádio.
‘Sim, alô’, diz o homem em tom ansioso. ‘Quero falar sobre os piratas. Esses caras não estando sendo tratados com justiça.’
Em uma cabine ao lado, produtores de jornalismo prepararam a pauta diária de notícias de anarquia: três corpos encontrados no mercado Bakaro; o presidente Sheik Sharif prega a reconciliação em uma mesquita; estudiosos islâmicos opinam sobre o fato de o grupo insurgente Al Shabab decepar as mãos de pessoas; o mercado de animais domésticos está em alta, e, graças a Deus, os preços das cabras estão subindo.
É um dia como outro qualquer na rádio Mogadício, a única estação de rádio relativamente livre do centro-sul da Somália e onde jornalistas podem divulgar o que quiserem -sem medo de serem decapitados.
As antenas de 27 metros da estação, que se destacam em meio aos destroços que cobrem o bairro, se converteram literalmente em um farol de liberdade para repórteres livres de toda a Somália que foram expulsos de seus empregos por ordem de insurgentes islâmicos radicais.
Os cerca de cem funcionários da rádio são homens e mulheres marcados, porque os insurgentes os associam ao governo. Os jornalistas comem e dormem na sede da emissora, que integra um complexo controlado pelo governo de transição e situado em um bairro de relevo alto. A maioria recebe algumas centenas de dólares por mês.
Alguns, como o correspondente político sênior da rádio, Abdi Aziz Mahamoud Africa, percorrem o local trajando jeans e suéteres em estilo ocidental que os fariam ser mortos se os usassem em outras partes da cidade.
A Somália tornou-se um dos lugares mais perigosos do mundo para a prática do jornalismo; mais de 20 jornalistas foram assassinados no país nos últimos quatro anos. ‘A gente sente falta deles’, disse Africa, falando de seus colegas mortos.
Ele trabalhava em outra estação de rádio da capital somali (a cidade tem mais de dez), mas decidiu transferir-se à rádio Mogadício após combatentes do Al Shabab terem visitado a emissora e ameaçado matar os repórteres se não transmitissem notícias favoráveis ao grupo.
Em uma cidade onde as saraivadas implacáveis de armas de pequeno calibre já reduziram praticamente todos os monumentos, bibliotecas e pontos de destaque a pilhas de blocos de concreto, a rádio Mogadício talvez seja um dos últimos repositórios remanescentes de história somali.
Numa sala nos fundos da emissora, fitas de rolo estão empilhadas do chão até o teto. Estão cuidadosamente etiquetadas: discursos antigos, canções culturais, canções patrióticas, entrevistas e outras recordações de uma cultura em processo de desaparecimento.
Cada semana, a rádio tira o pó de algumas fitas e as coloca para serem ouvidas. ‘Este lugar é um tesouro cultural’, disse Mukhtar Ainashe, assessor presidencial.’
************