No começo do ano, quando circulou a notícia de que o repórter do New York Times Dexter Filkins estaria andando armado no Iraque, o jornal prontamente declarou que aquilo era algo contrário à sua filosofia. Assim, a solução de segurança recomendada pela chefia do jornalão nova-iorquino aos seu repórteres passou a ser a seguinte: não andem armados; contratem alguém para fazê-lo por vocês. Foi assim que o item ‘pistoleiros’ (gunmen) entrou nos relatórios contábeis do diário – e também de seu irmão menor, o Boston Globe, que usa o mesmo sistema de contas. Felizmente, o recurso nunca foi utilizado e, agora, decidiu-se que não constará mais no sistema daqui em diante.
O repórter do New York Observer [16/8/04] Tom Scocca conta que, ao questionar como é que um termo insólito como ‘pistoleiros’ entrou na contabilidade do jornal, o Times recorreu a seu indefectível hermetismo. ‘Estabelecemos as categorias de gastos por diversos motivos, inclusive controle e análise de gastos, e o que nossas unidades internas de negócios ou clientes gostariam de ver numa base contábil, para nos ajudar a negociar contratos publicitários favoráveis e satisfazer requisitos contábeis regulamentares, principalmente na área tributária, já que alguns gastos não são totalmente dedutíveis’, teve como resposta.